Atriz e produtora Josi Larger - Foto: Marilha Galla
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Atriz transforma doença autoimune em filme: ‘Conscientização’

Em entrevista à Contigo!, Josi Larger, atriz e produtora de O Que A Gente Não Vê, fala sobre sua condição crônica, carreira e revela futuros projetos

Tábata Santos, sob supervisão de Arthur Pazin Publicado em 18/09/2024, às 17h30

Josi Larger, atriz e produtora do curta-metragem O Que A Gente Não Vê, transformou sua doença autoimune em arte e conscientização. Junto à produtora Priscila Martz e sob direção de Camila Cohen, o curta aborda temas profundos e invisíveis nas interações cotidianas das pessoas, além de explorar dificuldades pessoais que afetam a vida de cada um.

Em entrevista à Contigo!, Josi fala sobre futuros projetos, carreira e explica a sua relação próxima com o enredo e a sua personagem em O Que A Gente Não Vê: “O meu envolvimento foi além da interpretação de um personagem; eu trouxe a minha própria experiência para a construção da narrativa, ajudando a moldar o roteiro e a produção com base em uma perspectiva íntima e autêntica. Essa contribuição foi essencial para dar profundidade ao enredo, que gira em torno das batalhas invisíveis dos personagens, refletindo as complexidades de viver com uma condição como a cistite intersticial. A inclusão da minha própria jornada no projeto torna o filme não apenas uma obra artística, mas também uma forma de conscientização sobre as dificuldades enfrentadas por quem vive com deficiências que não são visíveis aos olhos do mundo.”, disse à Contigo!.

Josi conta que é diagnosticada com uma doença autoimune chamada cistite intersticial, uma deficiência invisível que causa dor e desconforto na bexiga: “A minha convivência com essa condição ao longo dos anos, me fez entender, de forma muito íntima, as dificuldades enfrentadas por pessoas que vivem com deficiências que não são imediatamente visíveis aos outros.”, explica a atriz.

Foto: Divulgação

 

Sua personagem, Livia, vive com a mesma condição e se vê refém de assaltantes dentro de uma mercearia. A atriz conta que foi desafiador encarar uma personagem tão semelhante a ela, enquanto não podia misturar completamente as suas vivências: “Os maiores desafios que enfrentei para viver a personagem Lívia, foram relacionados à transposição de minhas próprias vivências para a tela, de uma forma que fosse emocionalmente autêntica e acessível ao público. Incorporar uma personagem que carrega tantas similaridades com a nossa própria vida, exige uma entrega emocional intensa. Eu precisei equilibrar a interpretação entre o realismo necessário para retratar a condição da personagem e a sensibilidade para não transformar isso em um estereótipo ou exagero dramático.”

Além disso, apesar de ter se sentido confortável para expor a sua doença publicamente, ainda foi um processo desafiador: “Outro desafio importante é lidar com a exposição da minha própria história ao interpretar uma personagem tão próxima da minha realidade. Ao trazer à tona as dificuldades e o impacto de uma deficiência invisível como a cistite intersticial, tive que confrontar as nuances da vulnerabilidade e da invisibilidade social que essa condição gera, tanto para a personagem quanto para mim mesma como atriz.”, afirma à Contigo!

Foto: Divulgação

 

Aos 44 anos, Josi já realizou trabalhos em diversos formatos, entre eles, protagonizou o filme A Quarentona e Desconstruindo Maria, sob direção de Camila Cohen. Foi destaque no Talk show Última Palavra, com a personagem de época Maria Leopoldina, pelo qual foi indicada a Melhor Atriz Revelação 2023, no site Notícias de Tv.

Sobre viver Maria Leopoldina, Josi destaca a complexidade e importância do papel: “O desafio de viver uma personagem histórica não é apenas sobre recriar a aparência e as roupas da época, mas também mergulhar na psicologia e nas nuances de um período histórico muito distinto. Além disso, o papel exigia que eu adotasse um sotaque específico, o que acrescentou uma camada adicional de dificuldade e autenticidade à performance.”, conta a atriz.

Outro assunto que ronda a vida da artista depois de viver A Quarentona, é sobre como ela encara questões de idade no mundo das artes: “No que diz respeito ao envelhecimento, é inegável que o mundo do entretenimento muitas vezes é marcado por uma mentalidade etarista, que valoriza a juventude e pode limitar as oportunidades para atores e atrizes mais velhos. No entanto, artistas que têm controle criativo sobre suas produções e que trabalham em projetos com mensagens profundas, podem encontrar maneiras de contornar esses obstáculos. Ao assumir também os papéis de produtora e cineasta, consigo ter mais liberdade para criar oportunidades para mim mesma e ainda proporcionar para outros, desafiando os padrões da indústria.”, explica.

E continua: “Eu vejo o envelhecimento como uma evolução natural, e não um impedimento. Amadurecemos como artista, aliando à experiência de vida, que nos dá uma perspectiva única, que pode enriquecer trabalhos e projetos futuros. Assim, continuo a me reinventar em um meio que, muitas vezes, é restritivo.”

Josi ainda revela futuros projetos, o Documentário em Abismo e o longa-metragem Devolva-me: “Estamos em fase de pós produção do Documentário em Abismo. A docuficção  é sobre a ideia de "narrativa em abismo", uma técnica ou conceito que envolve a criação de narrativas dentro de narrativas, oferecendo uma visão fascinante sobre a arte do cinema (...) E estamos iniciando a pré produção de um projeto muito especial, um filme sobre adoção. O longa metragem Devolva-me,  que é a nossa "menina dos olhos", com roteiro de Gustavo Calenzani, Direção de Camila Cohen e produção minha com a Priscila Martz.Será minha primeira protagonista no cinema, e vem com um elenco conhecido e de peso.”, finaliza.

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