Em 2011, a novela de Aguinaldo Silva conquistou o público com o caricato Crô, mas as opiniões mudaram bastante desde a primeira exibição
Matheus Aguiar Publicado em 22/08/2021, às 11h00
Há exatamente 10 anos, em 22 de agosto de 2011, estreava Fina Estampa na grade da TV Globo. De lá, para cá, muita coisa mudou em relação à sociedade e no que o público reconhece como certo ou errado.
Em 2020, após a pausa nas gravações de novelas inéditas durante a pandemia da Covid-19, a novela de Aguinaldo Silva foi reprisada no horário nobre. O choque de pensamentos da década passada que refletiram no roteiro gerou inúmeras críticas à trama – não só dos telespectadores, mas principalmente do elenco.
Marco Pigossi, que viveu Rafael, foi um dos que não aprovaram a reprise. Durante uma live com João Vicente de Castro nas redes sociais, o ator desceu a lenha não apenas na própria atuação, mas também na história.
“Essa novela devia ser proibida de reprisar! É tanta barbaridade... É uma loucura. [...] Tenho vergonha de algumas coisas que são faladas, de como são tratadas na novela. Tenho vergonha também da minha atuação, das minhas mechas loiras”.
Outra que não escondeu a autocrítica foi Luciana Paes, que deu vida à transexual Fabrícia. Hoje, a atriz acredita na importância de contratar pessoas trans para esses papéis, já que a letra T, de LGBTQIA+, é a mais marginalizada no âmbito profissional em relação às pessoas cisgênero – aquelas que se identificam com o gênero que lhe foi imposto ao nascer.
“Essa argumentação é muito válida. Acho que a TV se modificou muito. Por essa razão, eu não aceitaria esse papel hoje. Ao mesmo tempo, a própria TV não chamaria um ator ou atriz 'não trans' para fazer o papel de uma pessoa trans. Os tempos mudaram”, disse ela ao jornal Extra.
E a opinião deles reflete bem o que foi Fina Estampa. Um dos grandes destaques da trama foi o carismático Crô, interpretado por Marcelo Serrado. O mordomo gay de Teresa Cristina (Christiane Torloni) conquistou o público menos crítico com sua história rasa e alívio cômico, rendendo frutos até fora da novela. Na época, o personagem era reduzido à própria sexualidade e reagia passivamente às constantes ofensas da patroa, que não economizava em apelidos preconceituosos.
Se aquilo ainda era tratado com normalidade pelos telespectadores, dois anos depois as coisas já começaram a mudar. Em 2013, o personagem ganhou um filme próprio, Crô – O Filme, que alcançou o primeiro lugar nas bilheterias brasileiras – em cinco semanas, já havia arrecadado mais de R$ 14,1 milhões. No entanto, apesar do alto faturamento, a crítica especializada não pegou leve e apontou diretamente o humor preconceituoso.
“O roteiro, escrito por Aguinaldo Silva é um festival de grosseria e preconceito em que o humor brilha pela ausência [...] Obtusa, desrespeitosa e sem graça, a comédia é uma agressão ao bom senso e à inteligência do espectador”, disparou Alexandre Agabiti Fernandez, da Folha de S. Paulo.
Mesmo detonado pela crítica, o roteirista não cedeu e deu sequência à produção cinco anos depois, com Crô em Família, mas o longa não teve tanta repercussão.
Por outro lado, Marcelo Serrado se recusa a definir Crô apenas como alívio cômico e ainda acredita que na essência de seu papel. “Não é um personagem só de alegoria, uma caricatura over, um palhaço sem alma. Se assim o fosse, não teria chegado no coração das pessoas como ele chegou”, afirmou ao Notícias da TV.
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