Alice Wegman no Rio de Janeiro - Fotos: Elvis Moreira

Alice Wegman é uma mocinha em desconstrução

Depois de enfrentar a compulsão alimentar, a atriz, que vive papel duplo em A Lei do Amor, se encontrou na terapia. Solteira, aos 21 anos, afirma não curtir relacionamentos rasos

Por Ligia Andrade / Fotos: Elvis Moreira Publicado em 23/02/2017, às 10h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

Com uma fala doce e jeitinho de menina, Alice Wegmann acaba mostrando um pouco mais de sua personalidade à medida que o papo avança: é pé no chão, feminista... uma verdadeira princesa em desconstrução. A atriz carioca está se transformando em uma mulher em busca do autoconhecimento. Depois de uma fase de questionamentos, que teve como consequência uma compulsão alimentar, ela precisou parar e olhar para si mesma. A terapia foi fundamental nesse processo de amadurecimento. “Precisava mudar. Consegui tratar, não foi nada grave. Isso está acontecendo com os jovens de hoje, não sei o porquê. É uma urgência que acaba afetando nesse ponto”, explica Alice, em visita ao Forte de Copacabana. Vivendo uma ótima fase profissional, com Isabela e Marina em A Lei do Amor (Globo), vem aguçando a curiosidade do público: será que as duas são a mesma pessoa? Nem a intérprete sabe! “Fico pedindo spoilers para os autores, que não me contam nada.” Leia mais a seguir.

Rumo das personagens “Sabia que seriam duas personagens, só não imaginava como. A repercussão foi além do que esperava. Quando o capítulo chega, paro tudo para ler. Sou público também.”

“Desprincesamento” “Fui com sete amigas para a Chapada Diamantina e estávamos desapegadas, com o pé no chão, uma ajudando a outra. O feminismo traz isso. É ter empatia, identificação. Não é impor, dizer que tem de ter pelo no sovaco. Pode ou não ter, tudo bem. Ainda é pouco compreendido. Não é o contrário do machismo, é a luta pelos diretos iguais.”

Alice Wegmann aprovou a sua versão morena: “Ressaltou os meus olhos” 

Inspiração em casa “Tenho uma avó escritora, que dá curso de memória e organiza encontro com amigas. É a minha inspiração, como quero ser. A minha família é cheia de mulheres incríveis.”

Esportes como aliados “Sou ansiosa. Viajei ano passado para Nova York e acabei me descuidando por causa do frio. Voltei à rotina e fui atrás do prejuízo. Corro três vezes na semana, faço muay thai, escada, spinning, funcional – musculação só para fortalecer o joelho. Gosto de variar para não ficar entediada. Desde a infância, faço várias coisas que, na verdade, controlam o meu sono.”

Reeducação alimentar “Comecei a entender o que me faz bem e o que não faz. Nunca fui de comer glúten nem lactose, sou formiga. Porém, quando como, é chocolate 70% de cacau e sem açúcar. Tenho conseguido manter. Quando estava na fase da compulsão, fazia dieta a semana inteira e comia tudo o que via pela frente no fim de semana.”

Compulsão alimentar “Aconteceu no início de 2016. Acredito que tenha sido por causa dessa ansiedade. Foi um período de questionamentos. Precisamos parar, olhar para dentro e ver o que precisa mudar. Fiz análise, continuo até hoje e funciona. Se não fizesse Comunicação, estudaria Psicologia. É um exercício de autoconhecimento que todo mundo deveria fazer um dia. Me trouxe amadurecimento.”

O clima de mistério ronda A Lei do Amor: Marina e Isabela (foto) são a mesma pessoa?

Dicas de beleza “Passo protetor solar, uso água termal e tomo água com limão em jejum – uma dica da Gisele Bündchen!”

Trabalho é diversão “Comecei como atriz em 2007 e estreei em novela em 2011. Fazia ginástica olímpica desde os 3 anos, sempre tive a rotina puxada, abdiquei de muitas coisas. Não tinha sexta-feira à noite, mas estava feliz. E é a mesma coisa como atriz. Agora consigo conciliar, ir para casa de amigos, sair para dançar. Trabalho, mas tento me divertir.”

Frio na barriga “Encaro todo o personagem do momento como o mais difícil. Sempre rola um frio na barriga e dessa vez não poderia ser diferente. Realmente é uma responsabilidade, um desafio maior. Eu, Alice, não posso em nenhum momento fingir que estou sendo outra pessoa, porque ninguém sabe. Nem eu. Ela tem de ter uma identidade.”

Versão morena “Já pintei e não tinha gostado tanto quanto dessa vez. É impressionante o sucesso do cabelo da Isabela. Nunca havia chamado tanto a atenção com um corte.”

Lado a lado “Eu e Isabela temos coisas parecidas, no sentido de sermos engajadas e na questão do empoderamento, de sermos decididas, independentes, livres. Bateu com o meu momento.”

Transporte público “Penso em ter o meu espaço (a atriz ainda mora com os pais). Dias atrás, peguei um ônibus para ir a uma consulta médica, me reconheceram, tiraram fotos. Transporte público é para ser usado, não me incomoda o olhar curioso. Tenho carro, dirijo, mas temos de quebrar essa barreira de que ator não pode andar de ônibus.”

Ônus da fama “Nunca quis ser famosa. A fama caminha junto, temos de aprender a lidar, vejo como um reconhecimento do trabalho e me move como atriz.”

Nas redes “Me sinto à vontade de contar o que acontece, falar sobre os meus sentimentos, sou transparente. Nunca fui inacessível e nem pretendo ser.”

“Não é que eu seja durona. não sou de sair à noite e ficar com alguém, nunca fui disso”

Acidente “Poderia ter sido comigo ou qualquer outra pessoa próxima (ela socorreu uma vítima de atropelamento). Graças a Deus, ele saiu vivo, a vida é um sopro. Assim que ele entrou na ambulância, comecei a chorar, a repensar em várias coisas, em como é bom estar viva.”

Solteira “Não sou durona. Não sou de sair à noite e ficar com alguém, nunca fui disso. Gosto de conhecer, saber se essa pessoa tem a ver comigo, para depois ver se rola algo a mais. Não gosto de coisa rasa. Não que vá me apaixonar por todos, mas tem de bater um interesse mútuo e ser uma pessoa interessante e interessada.”

Momento de vida “Estou em um período de autoconhecimento, de me entender, fazer uma análise do que já aconteceu. Temos de estar sempre abertos.”

Religião “Estudei em colégio católico, mas gosto de ler muita coisa do candomblé, budismo... Sou uma mistura e o Brasil tem disso. Estamos passando por um momento de quebra de preconceito, apesar de sermos um país conservador.”

Apresentadora “Estou no sétimo período da faculdade de Publicidade. Está sendo importante pela troca, pelo contato, em saber com quem estou me comunicando. E vou ter um diploma – isso é fundamental! Pretendo explorar áreas como apresentadora, voltadas para o Jornalismo.”

O que vem por aí “O filme O Rastro estreia no fim de março. Meu objetivo é me formar, sem deixar de trabalhar. Pretendo fazer alguns filmes durante o ano.” 

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