Emilio Dantas - Sergio Santoian

Emilio Dantas dispara "Sofrer com violência doméstica é pior do que o amor entre Bibi e Rubinho"

No ar em A Força do Querer, o ator mede o sucesso de seu personagem nas ruas, onde é acusado de prejudicar a mulher, vivida por Juliana Paes.

por Ligia Andrade Publicado em 30/09/2017, às 20h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

Olha o homem da novela...”, apontou uma mulher para a amiga no shopping center. “Não vou falar com ele porque é antipático”, respondeu a outra. O homem em questão era Emilio Dantas, 34 anos, intérprete de Rubinho, em  A Força do Querer (Globo). Na trama de Gloria Perez, 68, ele é um garçom que enveredou pelo mundo do crime, levando a mulher, Bibi (Juliana Paes, 38) junto. O ator chegou a ficar sem reação com a cena que se passava ao lado. “Elas estavam a um metro de mim. Fiquei quietinho (risos). No dia a dia, no Grajaú (onde mora, no Rio), ou andando pela Barra, escuto: ‘Para de fazer maldade com a menina...’”, conta o ator, ao visitar a exposição Samsung Rock Exhibition – Nirvana: Taking Punk To The Masses, que passou pelo Rio e está em cartaz no Pavilhão da Bienal, em São Paulo. A torcida está dividida, mas o sucesso, garantido. 


Descriminalização das drogas “Já tive amigos que acabaram no caminho das drogas, mas não trabalhando para o tráfico. É complicado falar de descriminalização, as pessoas não sabem o que querem. Precisamos de movimentos revolutivos, mas o país está em uma situação delicada para falar disso, gerar mais um debate. Quem fez, deu certo, no entanto, o Brasil é muito grande, não conseguimos nem nos comunicar...”

Na pele “Quando gravamos na comunidade, era uma festa. Não fazendo ligação com o crime, longe de tudo isso, mas eles têm mais sensibilidade de lidar com aquela realidade, seja enveredada por esse caminho ou não. Muita gente se identifica com a parte do sentimento, do desespero, vai para o lado do Rubinho. Alguns acham que a Bibi é a culpada; outros culpam os dois por causa do Dedé (João Bravo, 8, filho do casal na ficção)...”

Cenas de ação “A gente começa meio que reclamando, mas, depois que embarca, vai. A sequência da fuga e do tiroteio no morro foram feitas em quase duas semanas. Fui para o subterrâneo dos Estúdios Globo, fizemos a saída pela anilha do esgoto desativado, pulei muro... E a equipe abraça as nossas ideias. Foi uma maratona, para falar a verdade. Não é que não seja vaidoso, sou descuidado mesmo. Foi até bom para mim, acho que me exercitei um pouquinho.”

Casal grudento “Não troco só com a Juliana, mas com todo o nosso núcleo. O que conversamos é que este casal é grudento. Esse tipo de relacionamento é uma atitude um pouco infantil. Discutimos para onde vamos e é a história da Bibi. Escuto que estamos parecidos.”


Que amor é este? “É muito doido porque as pessoas que têm essa opinião, ‘Que amor é este que a leva para o crime?’, esquecem que o crime não é só tráfico. Sofrer violência doméstica e ficar calada é muito pior, na minha opinião – a pessoa calada está agindo da mesma forma. E, muitas vezes, para proteger o marido, no caso da esposa, porque acontece o contrário também... É um outro paradigma a ser quebrado. Amor é amor, cada relacionamento é um cadeado cheio de código. Cada um tem o seu. Existem muitos casos parecidos, sim.”

Vida boa... “Amor é equilíbrio. Se fica obsessivo, está esquisito. O amor é aquele que você vai vendo que a vida está muito boa e é isso (risos). Até a gente aprender a amar, leva um tempo.”

Sentimento demais “Nunca estive neste lugar, mas a gente vê muito filme (risos). Às vezes, quer fazer uma surpresa e perde a mão, exagera... Lembro que, aos 8 anos, me apaixonei por uma menina da minha sala de colégio, mas nunca falei. No Dia dos Namorados, comprei uma fitinha do New Kids On The Block e entreguei para ela no meio do recreio, que começou a me empurrar. Aí fui entendendo, primeiro tem de avisar (risos), ver se gosta... O amor está próximo da paz e do respeito.”
encontro de almas “Eu e Fabiula (Nascimento, atriz, 39) já nos conhecíamos. No final de novembro, nos encontramos, começamos a bater papo, a sair e estamos aí... Está legal.”

A vinda de chã “Compramos um cachorro de um paparazzo. Fomos ver uma exposição e paramos para tomar um café. Já estava procurando havia três dias um da raça American Staffordshire Terrier. Fabiula falou que seria legal acharmos um cinza e branco com olho azul. Quando subimos, vimos um filhote com ele. O cachorro é nosso. Tem tanto filho que mora em duas casas... Hoje em dia, isso não é mais problema.”
1.000 qualidades “O que me conquistou foi a autenticidade dela, o talento, a beleza... Fabiula é incrível em muitas coisas. Não gosto de competição.”

Lado pintor “Comecei a rabiscar de novo. É um momento de respiro, pausa. Coloco um som e fico viajando, relaxando. Estou precisando de um espaço, as coisas estão crescendo. Agora uso o Instagram como ferramenta – não só posto como sigo muita coisa.”

Tudo é energia “Tenho coisa de energia. Procuro sempre ir à praia para limpar e à cachoeira, para renovar.”


Alimentação rica em tempero “Moro no Grajaú (Zona Norte do Rio de Janeiro) e tenho muitos amigos donos de bar. Procuro equilibrar. Cada dia é um dia, senão você surta. Um dia como um risoto com rabada ou um baião de dois nos bares do meu bairro. No dia seguinte, arroz integral, franguinho... Se fizer dieta um dia sim, outro não, passo meio ano em dieta. Estava preocupado com o fígado...”

Depois do sucesso “Não mudou nada na minha vida. Sigo fazendo as mesmas coisas que eu fazia, indo aos mesmos lugares. Mas agora posso ajudar mais as pessoas que amo.”

Check-up “Tenho astigmatismo e hipermetropia. Já tinha a hipermetropia, mas relaxei, mandei fazer óculos e não usei. O olho esquerdo está embaçado. Agora, o resto está tudo certo.”

Revivendo Cazuza “Foi muito louco (Emilio interpretou o ícone de uma geração em musical). Tivemos três dias de ensaio para a apresentação no Rio, sem figurino, adereço, banda... Meio desesperador. Faltando um dia, deixei de tentar lembrar os detalhes, aí os blocos se juntaram. Foi muito legal, o som estava incrível. Só não tivemos Lucinha (Araújo, 80, mãe de Cazuza), porque ela estava viajando, no Alasca.”

Orgulho da família “Minha mãe sofre, manda mensagem dizendo que estava nervosa, agoniada, meu pai elogia as cenas, meus irmãos riem – hoje eles estão acostumados. Minha segunda irmã mais nova, que tem 12 anos, me manda mensagens na hora do recreio só para mostrar para as amigas. Brinquei que ia dar um ‘block’. Ela é muito fofa, demais.”

Formando banda “Gosto de tocar, pintar, passear, visitar os amigos que moram longe, ir para Itaipuaçu, no sítio de um amigo. Por esses dias, fui na casa do Lombardi (Rodrigo, 40, ator) jogar pingue­-pongue. Nos encontramos para tocar, fazer um som, junta uma galerinha. Eu, Fiuk (ator, 26), Rodrigo...” 
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