Curada após um susto, atriz lança obra inspirada no afrofuturismo e reencontra sua força
Leandro Fernandes Publicado em 26/09/2021, às 12h07
Isabel Fillardis está pronta para se "re-apresentar" para o mundo através da música.
A multitalentosa artista acaba de lançar uma nova música, O Meu Lugar, já disponível nas plataformas de streaming e está prestes a lançar o EP Bel, Muito Prazer. Aos 48 anos, com uma carreira mais que sólida e após encarar um câncer na garganta, ela embarca em uma jornada diferente.
Com um clima de positividade, esperança e um olhar carinhoso para o futuro, o single é a visão da própria cantora e dialoga com o momento de 'renascimento' que ela vive.
"É exatamente aí que eu me vejo, olhando por uma estrada brilhante, cheia de cores e luzes e música e alegria. É dessa forma que eu vejo a vida, sou muito agradecida por tudo que tenho na vida. É desse jeito que eu olho pra frente", conta.
Com mil facetas, a estrela revela que seu coração guia as decisões na carreira. "O 'meu lugar' é onde o meu coração e a minha alma estão. Eu sou uma artista. Eu atuo, eu canto, eu danço, eu produzo, sou apresentadora. Onde eu achar que minha voz vai fazer efeito, dar eco e poder transformar através da minha arte, esse é o 'meu lugar'".
Questionada sobre o título do novo trabalho e essa nova introdução. "Você pegou a visão! A ideia é essa, me reapresentar. A cada ciclo, e eu vou botar aí, um ciclo de dez anos, uma década, a gente amadurece, passa por coisas, vivências, experiências e isso faz com que a gente vá adquirindo sensações, visões diferentes, mudanças de prisma. Então é uma re-apresentação dessa mulher, dessa artista, dessa cantora que as pessoas vão ouvir".
Mas, para soltar a voz, Isabel encarou uma super provação: lutou contra um câncer na língua em 2014, que poderia tê-la impedido de cantar pelo resto da vida. A experiência foi um marco: "Na verdade, isso mudou a minha vida. Mudou a forma de eu ver as coisas, mudou o que é prioridade. A prioridade sou eu, é o meu equilíbrio, o meu bem-estar, a minha realização enquanto pessoa, enquanto mulher, enquanto artista. À medida em que eu mudo, tudo que está à minha volta começa a mudar e se transformar e isso se replica no meu trabalho, com certeza".
Paralelamente, a artista participa de um movimento chamado Afrofuturistic, que une artistas negros em torno da ideia do afrofuturismo, uma junção de tradição e inovação, que já rendeu até um festival online, o Afrofuturistic Lab.
"Afrofuturismo é eu honrar os meus antepassados, honrar as minhas raízes, quem veio antes. Beber dessa fonte, pra transformar o futuro atuando no presente. Porque o futuro não existe, o que existe é o presente, então se eu quero ter um futuro melhor eu tenho que estar atuante, fazendo aquilo que eu gostaria que já existisse no presente", reflete.
Ela prossegue: "O afrofuturismo é enaltecer os meus antepassados. A África, quem veio antes de mim, a minha árvore e colocar isso em tudo que tá em volta. Não só a arte, mas o meio social. Transformar a realidade do povo preto sob essa perspectiva. Ir para o futuro sem esquecer do que veio antes".
E a mudança tem sido constante, com mais e mais vozes e olhares diversos ocupando a mídia e o entretenimento. "Já começamos a ter esse olhar, ainda que devagar, de uma década pra cá, eu acho. A tendência é que isso amplie mais conforme a nossa ocupação, conforme mais de nós ocuparmos lugares de mando, de gestão, de poder de decisão, esse olhar vai mudar e vai se intensificar, o mais rápido possível".
É na colaboração que os artistas do movimento encontram o caminho. "Não existe futuro melhor sem cooperação. Na verdade essa coisa de falar do futuro, isso já deveria existir. Olhando a sabedoria da vida a gente sabe que tudo que é feito em conjunto, quando se há o respeito, empatia, generosidade, a tendência é ser cada vez melhor".
Isabel finaliza: "O que falta em mim tem no outro. E é essa troca que faz a coisa acontecer da melhor forma possível: vários olhares. É essa junção, essa diversidade, que faz com que as coisas sejam melhores".
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