Em entrevista para a CONTIGO! Novelas, Thiago Lacerda dá detalhes de seu personagem e revela o que fez longe das telinhas
CONTIGO! Novelas Publicado em 20/04/2023, às 12h37
Thiago Lacerda retorna aos folhetins após cinco anos para dar vida ao vilão Gaspar, de Amor Perfeito, trama das 6 da Globo. Ele contou um pouco sobre seu trabalho e revelou o que fez no tempo que ficou longe da televisão.
Foi meio que no susto. O convite foi abrupto, já pra começar gravando. Eu estava no finalzinho das férias com as crianças. Mas é uma alegria voltar, né? Numa história do início ao fim, depois dessa pandemia maluca, desse horror que a gente viu acontecer no Brasil, poder reencontrar os colegas e estar de volta à TV, falando com as pessoas, contando história... É uma alegria.
Não consegui falar com o Rafa, mas é uma situação que aconteceu. Vi o Rafa chegando na TV. Ele é um querido colega, amigo e tudo certo. O personagem é uma delícia. Ele certamente estava feliz com o Gaspar, como eu estou.
Tem! Acho que ele é um personagem muito humano, é um cara ambicioso, que toma decisões a partir da relação com a Gilda (Mariana Ximenes), que é uma relação perversa, uma relação estranha. Mas ele não é exatamente um arquétipo, um cara mau. É um cara que pode ser interessante também.
Gosto de bons personagens, independentemente de serem antagonistas, vilões, heróis ou mocinhos. Bons personagens sempre me agradam. As pessoas adoram os meus heróis, né? Eu fiz muitos e também adoro. Mas é divertido, também, fazer outras coisas, brincar... O vilão tem uma licença para passar por lugares que, normalmente, a gente prefere não ir.
Não. Fiquei bem nesse período distante do trabalho, lidando com a vida de uma outra forma, de um outro lugar. Tive privilégios que muitos de nós não tivemos. Então, acho que foi um exercício entrar em contato com isso. Mas tudo tem o seu tempo, as coisas caminham de um jeito, como devem ser. Então, mais cedo ou mais tarde, eu ia estar de volta.
A partir do momento em que você faz o trabalho, já é das pessoas. E como em todo lugar, na rede social tem gente que vai gostar e gente que não vai gostar. Estranho é lidar com violência, agressividade, falta de educação, falta de respeito, que é inerente à educação difícil que temos no Brasil há muito tempo.
Sim, é uma nova realidade. Acompanho porque é inevitável, faz parte do que a gente atravessa como processo. Mas desconfio que não é muito pra mim, não sou um cara da tecnologia. Não lido muito bem. Mas é uma adaptação também, conseguir falar com as pessoas de maneira mais rápida, mais prática, mais direta. Hoje, as pessoas não precisam de intermediário para desfilarem os seus talentos, para chegar nas pessoas. É uma época muito curiosa.
Acho que toda transformação tem um aspecto de crueldade, mas é um processo natural. As coisas se renovam e a gente caminha adiante. A invenção da rede, da internet, de fato impactou a vida da humanidade. A gente está em um processo de adaptação mesmo. No Brasil, temos uma dificuldade maior, na minha opinião, por causa das nossas questões sobre educação. São 500 anos de uma educação negligenciada, tolhida. As pessoas têm difícil acesso à educação. Um povo com a educação deficiente, como nós somos, é um povo muito refém dessas novas mudanças. É preciso cuidado para lidar com a internet, pois tentamos entender como tudo isso funciona. É preciso criar regulação, parâmetros de referência de comportamento, de uso da ferramenta. Nesse momento em que tudo está ainda muito solto, muitas coisas estranhas acontecem, absurdos acontecem. E eu desconfio que essa geração, o povo, precisa estar preparado para uma ferramenta tão potente. Às vezes, acho que a dificuldade que a gente tem com a internet passa um pouco pelo despreparo da gente. É uma ferramenta poderosa, mas perigosa. Acho que, aos poucos, a humanidade vai se adaptar. Hoje, certamente, a gente lida melhor com a tecnologia do que lidava há dez anos.
Sim. Algumas pessoas públicas não sabem fazer, algumas pessoas preferem não fazer... E cada um tem as próprias razões, não existe exatamente uma cartilha para isso. Mas, acredito, uma pessoa pública, quando se sente convocada a participar de algum processo, talvez isso seja importante. E nunca encarei essa ferramenta como algo para me trazer benefícios. Acho que é muito mais uma ferramenta de comunicação, de acesso ao público, para você tratar de assuntos que julga relevantes, seja um tema, seja o trabalho, seja uma beleza, uma reflexão.
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