Agora disponível no Globoplay, novela desvelou a hipocrisia dos conservadores
Gustavo Assumpção Publicado em 05/06/2020, às 14h44 - Atualizado em 25/06/2020, às 23h14
Em 1989 o Brasil voltava a acreditar. A primeira eleição direta para a presidência da república após anos de repressão do regime militar fazia soprar os ventos de uma liberdade sonhada - e conquistada com mobilização popular.
Foi naquele ano, há mais de três décadas, que uma novela estreou justamente para dialogar com o momento político brasileiro: Tieta. Escrita por Aguinaldo Silva a partir de Tieta do Agreste, de Jorge Amado e publicado em 1977, a novela funcionava como uma metáfora de um país que buscava se reencontrar e, finalmente livre, construir uma nova história para além dos domínios conservadores.
Esta ideia fica evidente logo no início da trama. Na primeira fase da novela, Tieta (Claudia Ohana) é expulsa de casa pelo pai, Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos). Na sequência, ele arranca o dia do calendário exposto na parede. “Faz de conta que esse dia nunca aconteceu”. O dia marcado na folhinha é 13 de dezembro de 1968, exatamente a data em que foi promulgado o Ato Institucional de Número 5, o tão falado AI-5.
Na segunda fase, é hora de enfrentar o período pregresso - que aqui é tanto o da personagem, vivida então por Betty Faria em sua melhor forma - como o passado conservador do país. É contra este inimizado que Tieta vai travar sua guerra, simbolizado ora pela visão fundamentalista da beata Perpétua (Joana Fomm) ora no romance tórrido e proibido com o seminarista Ricardo (Cássio Gabus Mendes).
Com um texto impecável que transitava perfeitamente das situações cômicas ao drama mais profundo, a novela foi conquistando o público. Com um autor em grande forma, não foi difícil estender as tramas e o criar novos personagens para que a obra original suportasse os 200 capítulos sem se arrastar. Discutindo do incesto ao abuso sexual, da homossexualidade ao fanatismo religioso, do alcoolismo à prostituição, o texto colocava para fora as vísceras de uma sociedade de aparências.
Tieta, a filha pródiga que retorna após o exílio pronta para se vingar daqueles que a humilharam, chega disposta a mudar os costumes, reinventar Santana do Agreste. Com calças de couro justíssimas, lenços esvoaçantes e muita maquiagem, ela fincava a presença da mulher - e mais do que isso, sua liberdade de escolha - em praça pública.
“Não foi uma personagem difícil de fazer, porque era uma pessoa com muita esperança, muita força. E gente com esperança e força é bem-sucedida. Tem felicidade”, disse a própria Betty Faria em depoimento colhido pelo Memória Globo.
Como dizia a letra de Coração do Agreste, parte da trilha sonora e com letra impecável de Aldir Blanc, "a velha mágoa é moça temporã, seu belo noivo é o amanhã". Em Santana do Agreste, muito à frente do Brasil de 2020, as mágoas são superadas em busca de um futuro comum - sem que se esqueça o poder dos tipos marginalizados, as ondas que movem verdadeiramente o curso da história.
Tieta estará disponível no Globoplay a partir desta segunda-feira, 8 de junho
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