Com Allehop, o sexto disco da carreira, O Teatro Mágico traz uma estética bem anos 1980 para o som da banda, comandada por Fernando Anitelli
A relação do O Teatro Mágico com os fãs sempre foi muito próxima. Nas redes sociais, o grupo – atualmente formado pelos vocalistas Fernando Anitelli e Nô Estopa, Zeca Loureiro, na guitarra e no violão, o contrabaixista Sérgio Carvalho, o baterista Rafael dos Santos, Ricardo Braga, na percussão, o tecladista Guilherme Ribeiro e as artistas performáticas Andrea Barbour e Manoella Galdeano – vive postando o dia a dia, entre shows e ensaios, inclusive todo o processo de criação e gravação do sexto álbum da carreira, Allehop – antiga expressão circense usada para animar antes de entrar em cena. “Praticamente, estamos em todas as plataformas online, então, quando lançamos o Allehop, não foi surpresa para quem gosta de verdade e nos acompanha. Mostramos pedaços de músicas, da escolha de figurino, então eles estavam por dentro de tudo. Mas ainda tem gente que se surpreende muito com o nosso novo disco. Queríamos um álbum com outras texturas e paletas de cores, com letras mais fluidas... Mas, claro, sem deixar de ter a essência do grupo, como os assuntos que a gente sempre costuma abordar. É a primeira vez que o Teatro Mágico sai do universo orgânico, natural, para ir para um lado mais eletrônico, dos sintetizadores”, revela Anitelli. E, nesta nova fase, os laços ficaram ainda mais estreitos com o público, pois foram os fãs do grupo que ajudaram a financiar os gastos para que Allehop passasse a existir. “Fizemos um financiamento coletivo e conseguimos arrecadar muito mais do que pedimos. A ideia inicial era ter 100 mil reais, mas o valor ultrapassou 392 mil, então ficamos muito felizes. Em troca, os fãs pediram saraus, conversas, shows só com músicas do nosso primeiro CD, o Entrada para Raros, de 2003. Ou seja, ficamos ainda mais perto deles do que nunca.”
BRILHO, PAETÊS E CORES
E a transformação não aconteceu somente na sonoridade, mas também no estilo. Como uma das grandes referências do grupo vem dos anos 1980, as cores vibrantes e o glitter passaram a fazer parte de cenários e figurinos dos shows. “Deixa eu ser a Madonna ou a Lady Gaga (risos)! Eu cresci nos anos 1980 ouvindo muito rádio, gravando muita fita cassete. Era um ‘magrelão’, com óculos coloridos e gel no cabelo e, quando saía para os bailinhos, usava muitas roupas fluorescentes, bem vibrantes. Como estávamos em busca de uma sonoridade bem viva, essa imagem colorida me veio na cabeça e vimos que isso se encaixava bastante nessa estética nova que procurávamos”, comentou o líder da banda, que adotou um casaco listrado vermelho para as apresentações. “O grupo é muito aberto e sugere bastante coisa de roupas e maquiagens. Na verdade, esta é a parte mais tranquila de todo o processo. O groove oitentista foi parar nos tecidos brilhosos, nas luzes mais marcadas no show, no cabelo com glitter e na boca neon.” No clipe de uma das canções de trabalho, Deixa Ser, a banda aparece praticamente coberta de brilho, por exemplo, e, no show de estreia, que aconteceu em maio, com abertura do cantor Nando Reis, 53, o palco parecia uma danceteria, com direito até a globo espelhado.
VERSÃO NOS CINEMAS?
Todas essas ideias e sugestões são organizadas com mestria por Anitelli, que é o único membro da formação original. Para ele, a banda, assim como a própria música que faz, é viva e mutante. “Se comparar cada álbum nosso, você vai ver como mudamos em tudo. E é assim com os músicos, que vão saindo para tocar seus projetos e outros vão entrando. Eu tento organizar essas ideias da melhor maneira possível, com muito diálogo com todo mundo, para fazer essa vida fluir. E as coisas não param, pois já temos ideias para os próximos discos e até quero começar a pensar em um musical e um filme do Teatro Mágico. Quem sabe eu não coloque um ator como o Johnny Depp pra fazer o Anitelli nas telonas?”, brinca.