Ele explica que guardar esse tipo de sentimento pode gerar efeitos psicológicos e depreciação da autoestima
Gustavo Assumpção Publicado em 06/04/2021, às 11h48
Polêmica da semana na casa do Big Brother Brasil 21, o comentário de Rodolffo sobre o cabelo de João Luiz não é apenas uma oportunidade para o público discutir a complexidade do debate racial, mas também para entender que por trás de uma brincadeira aparentemente despretensiosa está uma vivência marcada por questões étnicas.
Na noite desta segunda-feira (5) durante o Jogo da Discórdia, o professor conseguiu expor o que sentiu. Nas redes sociais, o público se dividiu: houve acolhida ao brother, mas também muitas críticas ao participante do reality da TV Globo.
A reação de João, que não conseguiu questionar o sertanejo no momento em que tudo aconteceu, mostra um comportamento que é comum em situações de preconceito. "Muitas vezes psiquiatricamente falando, o nosso trato mental não espera “certas situações” especialmente quando essas podem ir de encontro a nossa pessoa", diz o psicólogo Alexander Bez, especialista em Relacionamentos pela Universidade de Miami (UM) e Especialista em Ansiedade e Síndrome do Pânico pela Universidade da Califórnia (UCLA).
Segundo ele, muitos travam quando ouvem algo que acessa experiências pessoais muito profundas e recorrentes. "Esse estado de espanto emocional cria um estado psiquiátrico que a gente chama de “obnubilação", uma espécie de paralisia mental. Há uma interrupção no trato psiquiátrico da pessoa e ela, naquele momento, não consegue reagir. Por isso que João não teve condições em responder a Rodolffo naquele momento do comentário. Algumas pessoas têm essa condição psiquiátrica em ficar paralisado e outras não, mas não é um Transtorno Mental, apenas é uma resposta mental", explica.
Segundo Bez, a aparente banalidade de comentários que estão ligados a questões raciais pode guardar uma armadilha. É que a recorrência dessas considerações afetam a autoestima e podem trazer conflitos internos.
"A longo prazo pode gerar muitos conflitos e transtornos típicos do Stress Pós-Traumático. Os efeitos imediatos são basicamente uma revolta instantânea, podendo haver mágoa se a pessoa que fez o comentário tem alguma proximidade ou não. Pode haver também efeitos psicológicos, como a depreciação da autoestima", afirma.
Para ele, a atitude do professor de colocar para fora durante o programa é importante, porque evita o acúmulo. "O falar é essencialmente produtivo para as esferas mentais, não permitindo assim que haja acúmulo neurótico e consequentemente evitando mais conflitos" explica.
Para o público que acredita que houve exagero de João Luiz, ele é taxativo: é necessário validar o que ele sentiu. "É um momento dele! O que verdadeiramente iria deixar claro a intenção da frase é principalmente a qualidade e a intensidade da fala, se houve ou não agressividade no comentário. Saber o que ele sentiu ao ouvir só ele mesmo tem as condições em saber. O nível de amizade também é levado em conta, mas qualquer comentário tem mesmo que ser bem pensado antes de ser emitido, especialmente pelas condições emotivas reais as quais o racismo provoca", afirma.
Na madrugada desta terça-feira (6), após o desabafo ao vivo de João Luiz devido ao comentário preconceituoso de Rodolffo sobre seu cabelo, a irmã do sertanejo foi às redes sociais e tentou reverter a situação. Izabella Rios compartilhou fotos do pai, que também é negro e tem cabelo crespo, para tentar justificar as falas do cantor.
"Este é meu pai, aos 30 anos de idade! Tenho orgulho das minhas origens e tenho certeza que o Rodolffo também!", começou ela no Instagram.
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