Ela fala sobre a carreira na música e explica como o câncer a ajudou a transformar a sua vida pessoal e profissional, da parceria no palco com Roberto Menescal e que gravará um disco em 2018
Sabrina Parlatore, 42 anos, estava tranquila em seu apartamento, localizado na Zona Oeste de São Paulo, quando seu telefone tocou. Do outro lado, uma voz lhe faria um convite totalmente inesperado, para competir em um reality show musical. “Pensei se eles estavam ficando loucos, pois eu comecei a cantar faz pouco tempo, não sabia que a produção do programa tinha noção disso. Quando me perguntaram se queria participar do PopStar, eu disse: ‘Claro, lógico, agora!’”, relembra ela, rindo. “Mal sabia eu que o chamado iria mudar a minha vida para sempre.” Março foi o mês em que a apresentadora, até em então conhecida pelos seus anos como VJ da MTV, de 1995 a 2000, deu o sim para a nova aventura e, agora, em outubro, a agenda de shows está lotada, com apresentações na capital paulista, Rio de Janeiro e Brasília. “Depois de cantar ao vivo na TV Globo para milhões de pessoas e um corpo de jurados ‘monstros’ da música brasileira, estou pronta para fazer qualquer show, até aquele que a Lady Gaga fez este ano, no Super Bowl (risos)! Desde 2014, eu realizo alguns shows, mas pingados, um ali, outro aqui. A minha gratidão é eterna, só tenho que comemorar. O programa me devolveu o brilho nos olhos”, conta ela, que ficou em sexto lugar na competição, vencida por André Frateschi, 42. “Estou colhendo os frutos da minha participação, mas acho que mudaria algumas coisas do que eu fiz. Depois da experiência, trocaria umas três ou quatro músicas das 12 que eu cantei. É difícil escolher canções para se apresentar, ainda mais para um público sem noção do meu lado cantora.”
Ela ficou em sexto lugar na competição.“A visibilidade foi imensa e, em qualquer lugar que vou, as pessoas se aproximam para conversar comigo. É muito legal!”
NO PALCO COM O MESTRE
Seu brilho, aliás, chamou atenção de Roberto Menescal, 79, um dos grandes compositores da bossa-nova. Para comemorar seu aniversário de 80 anos, o músico preparou uma série de shows pelo país com vários cantores o acompanhando no palco e Sabrina foi uma das escolhidas. “Imagina cantar O Barquinho do lado de quem escreveu, pensou na harmonia, com ele te olhando? Roberto é uma pessoa cujo ouvido é muito apurado e aprendi demais com ele, uma pessoa extremamente generosa. Sem palavras pra expressar minha emoção em cantar com o mestre, que me disse já estar interessado em fazer outras parcerias!”, comemorou. A bossa-nova, o jazz e o pop desenvolveram o lado musical da apresentadora na adolescência, quando formou algumas bandas que não saíram da garagem. “Depois dessa fase, aos 20 anos, eu entrei na MTV, e me dediquei 100% àquilo. Esqueci meu lado cantora e fui para a frente da TV. As pessoas ficaram com essa imagem de menina e não acompanharam o meu amadurecimento pessoal e profissional. Sou uma mulher que teve câncer de mama e sobreviveu. O câncer trouxe esse florescer da minha alma, que é o cantar”, afirma ela, sobre a doença descoberta em maio de 2015. Ficar dividida entre cantar e apresentar poderia ter sido uma das dúvidas na cabeça de Sabrina, porém, após o
PopStar, cuja final aconteceu no começo de setembro, não há indecisão. “Não estou com convites para voltar a comandar um programa, mas, mesmo se recebesse, a música estaria em primeiro lugar. Quero poder cantar até o fim da minha vida, tanto nos palcos brasileiros, como em outros países. Não me mudaria daqui, entretanto, faria várias turnês internacionais, tem público para mim lá fora. A Bebel Gilberto faz isso e ela é um exemplo”, conta.
Sabrina Parlatore está com a agenda lotada de shows em outubro, tudo graças ao PopStar. “Mal sabia eu que o chamado iria mudar a minha vida para sempre”, diz a apresentadora, que ficou conhecida como VJ na MTV
A VOLTA POR CIMA
Além da transformação profissional, o lado pessoal evoluiu da mesma forma. Aprender a falar mais ‘não’, sair de um casamento e fazer o que bem entende são alguns dos decretos aderidos por ela nos últimos anos. “Fiquei muito mais empoderada depois do câncer e resolvi colocar em prática tudo que quero fazer da vida. É a volta por cima no melhor estilo possível. Terminei meu casamento durante o tratamento e aprendi o valor de estar sozinha. Quero, sim, daqui uns cinco anos, estar acompanhada e ter minha família formada, mas será com uma outra cabeça. Graças a Deus!”