Juliana Schalch - Rogério Pallatta

"Sinto que o mundo está mais propício para uma mulher crescer", afirma Juliana Schalch

Estrela de O Negócio comenta sobre como a série a fez amadurecer como mulher

Daniel Lopes Publicado em 30/04/2016, às 11h33 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h44

Com voz serena e fala mansa, Juliana Schalch, 30 anos, vai viajando quando o assunto é a personagem Luna, uma das protagonistas da série O Negócio, em sua terceira temporada na HBO. A atriz conversou com a CONTIGO! sobre o impacto da personagem em sua vida e como o trabalho também pode mexer com a vida de tantas mulheres anônimas. “As mulheres estão conquistando o próprio espaço e conseguem dar conta de tudo. Há um tempo, isso era impensado. O feminismo é a nossa bandeira. A série retrata exatamente isso: mulheres que pegaram as rédeas de uma profissão em que é muito fácil ser subjugada e tomaram conta do próprio corpo. Elas são autônomas e não dependem de ninguém. Elas estão dando um samba nos homens!”, comemora. Assim como sua personagem, a atriz também sempre tomou as rédeas da própria vida. Escolheu sua profissão por conta própria e encontrou seu caminho sem depender de ninguém. “Seja casada com um homem, uma mulher ou mesmo não casada, hoje eu sinto que o mundo está mais propício para uma mulher crescer. Na minha vida, sempre procurei dar conta de tudo sozinha”, opina. 
Além da série na HBO, Juliana também vai ganhar as telas da TV aberta. Ela estreia em Sem Volta, minissérie de ação da Record, em setembro. Na trama, um grupo de montanhistas acaba se perdendo durante uma expedição, bem ao estilo Lost. “Fui do glamour ao meio do mato”, brinca.


ELE MORRE DE CIÚMES
Juliana, que se casou no fim de 2014 com o também ator Henrique Guimarães, 32, conseguiu enxergar uma mudança pessoal graças ao trabalho. “Nos últimos anos, eu passei a não ter pressa de me afirmar. Observo o que gosto de fazer e como gosto de fazer. Tive uma mudança sobre como enxergo minha própria sexualidade. Comecei a prestar mais atenção no que me faz sentir tesão, o que me atrai no parceiro, me conhecer melhor. Minha cabeça se abriu para novas sensações”, revela. 
Engana-se quem pensa que ter um marido também ator é garantia para que ele não ligue para cenas mais ousadas na série. “Ele morre de ciúmes (risos)! Ele respeita muito, mas não assiste. Prefere não ter de ver”, revela Juliana. Dentro da série, a personagem da atriz também vai passar por confusões com o parceiro. “O relacionamento com o Oscar (Gabriel Godoy) vai mudar, dando espaço para outras histórias”, conta. 
Na terceira temporada, Luna está mais madura e segura, porém se deixa afetar mais por seus relacionamentos afetivos. “Nesta nova fase, ela vai se abalar mais com a vida sentimental. Eu e a Luna temos esse romantismo parecido, um envolvimento emocional. Ela mergulha de verdade, nada é passageiro. Eu aprendi muito com ela a ter mais confiança, uma certeza que as coisas vão se acertar e coragem de se deixar levar pela vida”, conta. O sucesso da série, dentro e fora do país, ainda impressiona a atriz. “Acho surpreendente termos chegado até aqui. Tem poucas séries no Brasil assim. Quando viajamos ao exterior para divulgação, as pessoas vinham falar comigo e eu sentia como se não tivesse saído do país porque todo mundo me conhecia. ‘Es la chica de O Negócio?’”, relembra, arriscando o espanhol. 


PROSTITUIÇÃO
Fazer um trabalho que trata diretamente de um assunto que ainda é considerado tabu, como a prostituição, não é tarefa fácil, mas Juliana acredita que a série acaba desconstruindo vários preconceitos que o público possa ter com o tema. “Não são todas as mulheres que são vítimas dessa profissão para sair de uma situação desfavorecida. Existem mulheres que decidiram e optaram por isso porque gostam e querem lidar com isso. É importante lidar com o diferente. Cada um é autônomo para lidar com sua própria vida. Essas mulheres não são melhores nem piores do que ninguém”, explica. “O público se vê ali porque existe uma humanidade, mesmo estando num universo tão diferente. A gente optou por lidar com a prostituição como uma profissão como outra qualquer”, sugere Juliana. 
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