Sérgio Guizé - Ramon Vasconcelos/TV Globo

Sobre ser galã, Sergio Guizé dispara: "Nunca entendi direito o que isso significa"

Músico, cantor, artista plástico e ator, ele rejeita o título 
de galã e fala das dificuldades de viver terceiro protagonista 
em novelas

Por Tatiana Ferreira Publicado em 27/05/2016, às 10h24 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h44

Em poucos minutos de conversa, Sergio Guizé, 35 anos, logo evidencia os traços reservados de sua personalidade. De fala mansa e contido, o paulista de Santo André confessa que dar entrevistas ainda é uma dificuldade. “Prefiro ouvir mais do que falar e, em uma entrevista, não tenho opção”, brinca. Artista completo, Sergio, além de atuar, pinta quadros, canta, compõe e toca guitarra na banda Tio Che, da qual faz parte há 15 anos. “Nunca tive um plano B. Sabia que teria de fazer muita coisa para viver da arte e estou à mercê disso. Caso não role de trabalhar em novela, vou fazer teatro, música ou artes plásticas”, garante ele, no ar como o Candinho da trama das 6, Êta Mundo Bom! (Globo), sucesso de audiência. E, apesar de estar em seu terceiro protagonista − ele estreou como João Gibão, em Saramandaia (2013), e logo emendou o mocinho médium Caíque, de Alto Astral (2014) −, diz que seu receio é o de um estreante. “Realmente, fico muito preocupado em dar certo. Minha prioridade é tocar e rolar o jogo com meus companheiros todos os dias”, afirma ele, atualmente namorando a atriz Nathalia Dill, 29, com quem está há pouco mais de um ano.

ASSÉDIO “Tenho de estar sempre neste espírito de otimismo para começar a gravar. Todo dia é um exercício de passar a mensagem e fazê-la chegar ao público. E, para isso, preciso estar muito bem-humorado, querendo. Não dá só para chegar lá, colocar a roupa e decorar o texto. Candinho é um aprendizado, um treinamento de positividade. A regra é estar bem.” 

PESO DE PROTAGONISTA “A responsabilidade é muito maior. A dedicação é dobrada e você não tem muito tempo para fazer outras coisas. Quando se está interpretando personagens que demandam uma entrega, um aprofundamento de tudo, não tem como fazer outra coisa, é difícil. O trabalho exige muito, mas vale a pena.”

DIVISÃO DE MÉRITOS “Acho injusto que os holofotes venham para mim. Tudo é uma construção, sempre. Não fiz nada sozinho. Estamos sempre precisando da ajuda das pessoas que estão em volta. Seja dentro do trabalho ou fora, como é o caso da minha família e de amigos que estão comigo nesta caminhada da vida.” 


Brincadeira em referência à peça Hamlet, de William Shakespeare. Apesar de estar em seu terceiro protagonista, o ator diz ter receio de principiante 

ASSÉDIO “Em Saramandaia e Alto Astral, já tinha um pouco disso, e continua. 
O trabalho entra no ar e as pessoas que gostam vêm falar comigo. Escuto coisas maravilhosas, que me motivam a continuar. Assim como das outras vezes, estou tão envolvido com esse projeto que não presto atenção em situações que não tenham a ver com meu trabalho.”

SEM TEMPO PARA VAIDADES “Pode ser que eu me sinta envaidecido por esses papéis importantes depois. Deve mesmo mexer com o ego de alguma forma, mas agora não tenho como perceber. A responsabilidade vem em primeiro lugar e esses sentimentos acabam ficando para trás.”

GALÃ, EU?! “Nunca entendi direito o que isso significa. Ficava na dúvida se era uma coisa recorrente em protagonistas. Para mim, é uma linguagem nova, no teatro não tem muito disso. A primeira coisa que a imprensa e o público falam é sobre o fato de ser o galã, e não do personagem que está sendo construído. Achava estranho, mas não ruim. Hoje estou um pouco mais acostumado, mas não me acho galã.”

DOCE LEMBRANÇA “Fui criado pela minha avó materna, Maria Aparecida, falecida em 2001. Ela vivia neste mundo de folclore e era muito engraçada. Analfabeta, era de uma pureza e muito sábia... Ela falava com o coração, e isso eu levei para o Candinho. Gostava muito de ver TV, além da média, a ponto de se comunicar com os personagens. Queria muito que ela pudesse ter visto alguma novela que fiz. Ela chegou a me assistir no teatro, mas, na maioria das vezes, eu era o vilão e ela odiava! Sempre ficava encantada pelos mocinhos. Então, acho que iria gostar de mim. Se ela estivesse aqui, ficaria orgulhosa e não iria brigar comigo (risos).”

AMOR PELOS ANIMAIS “Sempre tive meus bichos desde pequeno: pombo, rã e até escorpião. Lembro muito do Ramon, que era um porquinho-da-índia. Ficava solto e me acompanhava em todas as cidades aonde eu ia. Pegava os bichos na rua e levava para casa, em Santo André. Quando não podia, cuidava deles na rua. Teve uma época em que meu pai não deixou mais, porque via o meu sofrimento quando acontecia alguma coisa com eles. Hoje tenho o Gustavo, que é um griffon de Bruxelas. E ele é um presentão na minha vida.” 


Guizé sente-se honrado, mas não envaidecido com papéis principais

UNIDOS PELO ROCK “Esta paixão pela música é total herança do meu pai (o músico Salvador Parra, 61). Aprendi com ele a tocar violão aos 5 anos. Nossa relação é hoje o que é graças à música também. A gente passa uma coisa estranha na adolescência, de não saber que caminho tomar, e ele foi muito importante neste sentido. Meu pai e os amigos dele foram os maiores incentivadores para eu investir na arte.”

CASAMENTO E FILHOS “Idealizo formar uma família com a Nathalia, só que ainda não me vejo fazendo isso. É um dos meus sonhos, mas tem de estar tudo certinho para poder viver isso da melhor forma possível. Se eu puser um filho mal-educado no mundo, vai afetar as outras gerações e eu não quero ser o culpado. Sobre casamento, nunca parei para pensar em como seria, mas no momento que for acontecer, que eu estiver preparado, tudo é possível.”

COMPANHEIRISMO E AMOR “Eu e Nathalia temos afinidade, um laço grandioso de muito companheirismo! Esse sentimento é tão forte, tão presente, que o amor, a paixão, o respeito e a lealdade ficam ainda mais poderosos. Nos respeitamos e admiramos as qualidades existentes um do outro. Com ela, tudo é mais fácil e interessante.
Exclusivas Sergio Guizé; Nathalia Dill

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