Recado do Jorge Brasil: O show de Natália do Vale em 'Orgulho e Paixão'

Quando Tarcísio Meira, lamentavelmente, precisou se afastar de ‘Orgulho e Paixão’ para cuidar da saúde, o autor Marcos Bernstein ficou com um tremendo pepino nas mãos. O que fazer para compensar a ausência do pedante e preconceituoso Lorde Williamson? E pior: a falta que um mito como Tarcísio pode fazer numa trama? A saída dele foi criar uma personagem ainda mais esnobe, preconceituosa do que o original. E a colocou nas mãos de outro ícone de nossas novelas. E assim surgiu Lady Margareth, a megera que mexe com os nervos do público, brilhantemente interpretada por Natália do Vale. Todo mundo está amando odiar a inglesa das trevas.

Natália é aquele tipo de atriz que se dá bem em qualquer papel.  Nos brindou com mocinhas memoráveis, como a Lúcia, de ‘Baila Comigo’ (1981), em reprise atualmente no Canal Viva; a Débora, de ‘Final Feliz’ (1982), e a Marília, de ‘Transas e Caretas’ (1984). Mas são com os personagens amargos e com um pé na vilania que ela mais brilha. A peste da Andreia Souza e Silva, de ‘Cambalacho’ (1986) está no meu Top 10 das melhores vilãs de todos os tempos. Natália arrasou também como a ambígua Suzanne, de ‘Que Rei Sou Eu?’ (1989), na pele da temperamental Ingrid, de ‘Viver a Vida’ (2010) e como a possessiva Wanda, de ‘Insensato Coração’ (2011). Agora, com a fria, implacável e preconceituosa Lady Margareth, ela coloca mais uma megera em sua galeria de criações antológicas.

Não há muitos traços humanos na nobre, nem mesmo quando a filha se jogou de um navio e sumiu no oceano. Por ambição, ela desprezou o amor e a admiração do sobrinho e afilhado, Darcy (Thiago Lacerda) e jogou nas costas de Elisabeta (Nathalia Dill) todas as suas frustrações e rancores. Em outra produção, mais pé no chão, esse maniqueísmo poderia ser um problema, mas no universo mais lúdico e romântico de ‘Orgulho e Paixão’ serviu perfeitamente. Na reta final da novela, que acaba na segunda 24 de setembro, a derrocada de Lady Margareth promete vai satisfazer o público, ávido para ver a megera castigada. Para Natália do Vale toda nossa reverência e aplausos. Viva ela!