Em bate-papo com a Contigo! Novelas, Cauã Reymond falou sobre seu personagem e o casal protagonista de Terra e Paixão
Fernanda Chaves Publicado em 16/11/2023, às 14h00
Cauã Reymond é o intérprete de Caio em Terra e Paixão. Em bate-papo com a Contigo! Novelas, o protagonista revelou como construiu o famoso sotaque de seu personagem, Caio, e celebrou o sucesso do folhetim. Há mais de duas décadas dedicado às novelas da TV Globo, o ator faz balanço de sua trajetória artística e conta que não se assiste mais.
Terra e Paixão já está se encaminhando para a reta final. Como tem sido fazer esse trabalho?
"Fico feliz, a gente está com números bons no ibope, a história também não para, o Walcyr [Carrasco], junto com a Thelma Guedes, oferecem uma velocidade na trama, mistérios, vilões. Adoro fazer o Caio, me divirto muito, a Barbara [Reis] é uma parceirona, o Johnny [Massaro] também era um parceirão, o Paulo Lessa um parceirão... Tenho grandes parceiros de cena."
No início as pessoas estranharam o sotaque do Caio, mas agora adoram. Como lidou com isso?
"Não gosto de me assistir há uns 11, dez anos e também tenho a tendência de não ler sobre mim. Gosto de falar com as pessoas que gerenciam a minha carreira, que me ajudam, minha equipe, eles vão me dando um termômetro das coisas. Mas eu lembro que, logo no começo, eu falava com sotaque. Eu odeio me sentir inseguro em cena, de falar assim ‘ah, errei o R!’, não gosto disso. Então, lá em Dourados [Região do Mato Grosso do Sul onde se iniciaram as gravações da novela], do momento que eu saía do meu quarto até a hora de retornar eu falava com sotaque. O Paulo Lessa entrou nessa, o Amaury [Lorenzo] entrou. Se você for perceber, acho que nós três, junto com a Barbara, que começamos um pouquinho com sotaque, acho que depois o pessoal foi entrando no ritmo. Até porque tem uma coisa que seria muito deselegante da minha parte, porque só uma parte do elenco foi para Dourados, então muitas pessoas não tiveram possibilidade de vivenciar o sotaque."
Antes da Agatha (Eliane Giardini) entrar na novela, especulavam quem seria a atriz que interpretaria a sua mãe. Acompanhou essas coisas?
"Não, é engraçado. Fui me construindo, faço uma preparação grande, às vezes por conta própria quando o projeto, a novela ou o filme não proporciona, faço dois meses intensos. Quando o barco zarpa, sou instrumento. Isso me trouxe mais felicidade e não tenho mais curiosidades. É um trabalho intenso e me entrego de tal maneira, que quando saio da Globo, tento realmente... Depois de ter filho é mais fácil. Você fecha a portinha, vai pra casa, quer fazer o melhor, né?"
O casal Caio e Aline caiu no gosto do público. Se surpreendeu com essa aceitação ou já esperava?
"Eu identifiquei isso logo no começo, na primeira leitura. Eu falei ‘acho que tem um pouco de Petruchio
e Catarina, né?’ E aí o Luís [Henrique Rios], nosso diretor-geral, falou ‘tem.’ E aí eu fui identificando as
cenas que eram mais dramáticas que tinham principalmente ali no começo, cenas muito dele querendo o amor dela e ela delicadamente o rejeitando. Mas também as cenas que tinham humor. Essa coisa de Aline da Terra Vermelha surgiu numa cena de brincadeira, que numa discussão entre os dois eu falei e aí entrou, agora está até no texto. E eu fico feliz, porque não é uma característica do Walcyr deixar a
gente criar, mas, de vez em quando, a gente coloca uma coisinha ali e vai identificando as possibilidades
que a trama vai trazendo. Tem momentos que, volto a dizer, são muito dramáticos, sérios, quando fala
de morte, o Antônio [personagem de Tony Ramos] tentando matar Aline. Claro que, na novela, a gente
conta isso de um jeito mais suave."
São mais de 20 anos atuando. Como você vê essa trajetória de sucesso?
"Amadureci ao longo dos anos. Sou um muito dedicado, apaixonado pelo que faço, sou comprometido. Fui desenvolvendo, cada vez mais, possibilidades de personagens, fui buscando isso ao longo da minha
carreira, fazendo muito cinema nos últimos anos, fiz muitas séries. Eu estou desenvolvendo uma série agora, chamada Mata-Mata, aqui dentro da TV Globo, para o Globoplay, eu já produzi alguns filmes também. Então é uma carreira que eu amo e não fico parado só como ator. Com o passar dos anos fui também podendo, principalmente nos últimos, escolher os personagens que eu quero fazer, que é um presente imenso. Espero poder continuar a crescer. Quando olho para o Tony [Ramos], que é um parceirão de cena... Eu lembro de um sábado, 8h30 da manhã, a gente tinha feito uma noturna no dia anterior e eu cheguei no set, estava a 65 por hora. Quando eu ensaiei, falei ‘nossa, o Tony já está assim a essa hora, gente? Meu Deus, me dá um café, um tererê’ [risos]. Ele é um baita de um exemplo. Às vezes, está todo mundo cansado, é uma novela muito longa, são 11 horas de trabalho, mas a gente é apaixonado pelo que faz e o Tony pra mim é um grande exemplo."
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