Globo confundiu o público com novela com cara de série há 34 anos

Em 15 de outubro de 1990, há 34 anos, a rede Globo estreava Araponga , novela que contava com três autores para tentar bater de frente com o sucesso da Manchete, Pantanal, em um novo horário, após a exibição da trama do horário nobre da emissora. Mesmo com os esforços, o enredo não foi bem recebido e a Globo confundiu o público com uma novela com cara de série.

Escrita pelos grandes nomes da teledramaturgia Dias Gomes, Lauro César Muniz e Ferreira Gullar, Araponga tinha o objetivo de ser uma novela repaginada, um refresco ao modelo de capítulos feitos até então.

Em Memória da Telenovela Brasileira, Ismael Fernandes resgata o slogan escolhido pelos autores, “Um jeito novo de fazer novela”, e destaca que a sequência de capítulos com estrutura de novela, mas ritmo era de seriado, acabou gerando uma confusão na cabeça do telespectador.

Como explica o jornalista Nilson Xavier, do site Teledramaturgia, a escrita de Araponga era dividida entre o trio de autores e funcionava de um jeito único. O roteiro geral era estruturado em conjunto, mas cada um escrevia um capítulo individualmente e, depois, eles se uniam para decidir o caminho que a história seguiria.

Mesmo com os esforços dos autores, que chegaram a se aprofundar na abordagem de temas até então pouco desenvolvidos em outros folhetins, o sucesso de Pantanal se manteve e Araponga teve dificuldades para conquistar o público.

A novela, na verdade, deveria ir ao ar no horário das oito, substituindo a trama Rainha da Sucata, mas acabou sendo adaptada para às 21h30 em uma tentativa de bater de frente com a Manchete e segurar a audiência. No lugar de Rainha da Sucata, a emissora estreou Meu Bem Meu Mal.

O fato de Pantanal estar em sua fase de maior repercussão e o roteiro de Araponga ser quase experimental, também contribuiu para que a novela não atingisse as expectativas dos chefões da Globo, destaca Xavier.