Após meses de paralisação, Globo enfrentou diversos desafios para concluir trama em meio à pandemia e novela ficou marcada pela crise mundial
Bárbara Aguiar, sob a supervisão de Arthur Pazin Publicado em 25/11/2024, às 15h08
Em 25 de novembro de 2019, há cinco anos, a Globo estreava Amor de Mãe, primeira novela solo de Manuela Dias que acabou marcada pela pandemia de Covid-19. Uma das principais apostas da Globo na faixa das 21h, a trama teve sua produção interrompida pela crise sanitária em 16 de março, e a exibição uma semana depois, após o capítulo 102. A obra só retornou à grade quase um ano depois, enfrentando a difícil missão de encerrar sua história sob protocolos rígidos e em um cenário completamente diferente daquele em que começou.
Como resgata o jornalista Nilson Xavier, do site Teledramaturgia, com a paralisação das gravações, a emissora preencheu o horário com reprises de Fina Estampa e A Força do Querer. Enquanto isso, a equipe de Amor de Mãe trabalhava na adaptação do roteiro para um desfecho condensado em 23 capítulos.
A retomada das gravações, em agosto de 2020, ocorreu sob protocolos inéditos: uso de separadores de acrílico em cenas de proximidade, testes semanais para Covid-19 e a redução no ritmo de produção — de seis capítulos semanais para apenas dois, de acordo com Xavier.
Em março de 2021, Amor de Mãe retornou com um resumo de sua primeira fase antes de exibir os capítulos finais inéditos, que estenderam a novela até abril. Apesar do esforço, a trama perdeu parte do impacto inicial, com críticas ao desenrolar apressado e à abordagem da própria pandemia, que se tornou tema dentro da história.
Uma das marcas de Manuela Dias presentes em Amor de Mãe era a proposta realista, mas abordar a pandemia em sua fase final teve efeitos negativos com o público. Para Xavier, especialista no mundo do entretenimento televisivo, a exibição da pandemia acabou desmotivando a audiência já desgastada pela realidade fora das telas. Além disso, algumas cenas apresentaram informações desatualizadas sobre o vírus, exigindo que a emissora incluísse avisos ao final de cada capítulo para esclarecer o contexto da gravação.
O impacto negativo se refletiu em críticas ao roteiro, que precisou ser ajustado às pressas. A personagem Vitória (Taís Araújo), uma das protagonistas, foi alvo de questionamentos por decisões incoerentes, enquanto outros núcleos enfrentaram cortes abruptos ou desfechos pouco satisfatórios.
Mesmo com os problemas, a trama fechou com uma boa média de Ibope: final de 31 pontos na Grande São Paulo, audiência que também refletiu as críticas positivas conquistadas pela autora e intérpretes em meio às adversidades.
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