Imagens fortes: cena exibida em novela da Globo gerou protestos das autoridades

O mundo era bem diferente em 1995 quando A Próxima Vítima foi ao ar na Globo. Na época, um dos núcleos da novela foi responsável por um retrato tão problemático que as cenas geraram a revolta das autoridades e quase renderam problemas grave para a Globo.

Isso porque a relação entre os personagens Isabela (Claudia Ohana), Diego (Marcos Frota) e Marcelo (José Wilker) foi retratada de uma forma preconceituosa, machista e exagerada pelo autor, Silvio de Abreu.

Em uma das cenas, exibidas em um capítulo de grande audiência, Isabela é jogada da escada pelo noivo Diego e esfaqueada no rosto pelo amante, Marcelo. A cena brutal foi duramente criticada e rendeu uma ação de membros do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.

Em uma reportagem publicada pela Folha de S. Paulo em 22 de outubro de 1995, uma das autoras da ação faz duras críticas contra a Globo. "Os meios de comunicação têm o dever de lutar contra todo tipo de violência. 'A Próxima Vítima' fez o oposto. Estimulou um comportamento bastante arraigado na cultura brasileira: o de que o macho só limpa sua honra com sangue", argumentou na época Rosiska Darcy de Oliveira, então presidente do conselho.

Na mesma reportagem, Denise Dourado Dora, coordenadora do Themis [grupo de apoio à mulheres], em Porto Alegre, também detonou a cena. "A novela exibiu um ato de violência desmedido e absolutamente desnecessário. Marcelo tinha todo o direito de se irritar com Isabela. Poderia gritar, chorar, se separar da mulher, mas nunca machucá-la", disse a intelectual.

Escrita por Silvio de Abreu, a novela foi exibida em 1995 e até hoje é muito lembrada pelo público. Recentemente, a atriz Claudia Ohana relembrou as cenas que foram ao ar. ""A Isabela era a vilã, então todo mundo torcia para que ela fosse maltratada. Agora, refletindo hoje, por que ela era a vilã? Porque ela mentia e porque ela traía? É uma coisa muito questionável e superficial", afirmou ela ao UOL.

Relembre a cena: