Trama da Globo sofreu com baixa audiência e produção usou morte de político para explicar preferência do público por programas policias
Bárbara Aguiar, sob a supervisão de Arthur Pazin Publicado em 21/01/2025, às 10h39
Em 21 de janeiro de 2002, há 23 anos, a Globo estreava Desejos de Mulher como sua nova novela das sete. Escrita por Euclydes Marinho, a trama precisou entrar no ar antes do previsto e sofreu com um baixo ibope desde a sua estreia. A equipe tentou justificar o desempenho: o folhetim teria sido prejudicado por assassinato de prefeito do PT há 23 anos.
Desejos de Mulher, como destaca o jornalista Nilson Xavier, do Teledramaturgia, chegou à grade da Globo dois meses antes do planejado, assumindo o lugar de As Filhas da Mãe, cuja exibição foi encerrada precocemente devido à baixa audiência de 28 pontos na Grande São Paulo. No entanto, a estreia da nova produção também não alcançou os números desejados.
O primeiro capítulo registrou apenas 29 pontos no Ibope, enquanto a meta estabelecida, segundo Xavier, era de 35. Entre os fatores atribuídos ao desempenho abaixo do esperado estavam a comoção nacional causada pelo assassinato de Celso Daniel, político do PT e prefeito de Santo André (SP), que gerou maior interesse por programas jornalísticos, e um apagão em algumas regiões do país, que comprometeu a transmissão inicial.
Em resposta, a emissora optou por reprisar o capítulo inaugural no dia seguinte, mas os problemas se estenderam pelas próximas seguintes. Diante da baixa repercussão, a Globo solicitou mudanças significativas na narrativa, incluindo a introdução de elementos mais leves e cenas de ação, com o objetivo de atrair novamente a atenção dos telespectadores.
Apesar das alterações feitas para revitalizar a história, Desejos de Mulher continuou sem empolgar o público. Mesmo com um elenco renomado, que incluía nomes como Regina Duarte, Glória Pires e Eduardo Moscovis, a trama não conseguiu conquistar a audiência esperada. O Teledramaturgia destaca que a constante reestruturação do roteiro acabou dificultando o desenvolvimento dos personagens e prejudicando a conexão com os espectadores.
O próprio Euclydes Marinho admitiu os desafios enfrentados durante o projeto. Em entrevista ao livro Autores, Histórias da Teledramaturgia, do Projeto Memória Globo, ele desabafou:
“Eu não estava em condições de entrar em campo. Minha vida pessoal estava um caos — eu estava me separando e morando em um hotel. Tudo estava uma bagunça!”
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