Os atores foram censurados pelos conteúdos apresentados em cena - Reprodução/Instagram
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Atores sofrem censura em peça de teatro após simulação de sexo gay em cena: "Provocação"

Em cartaz com o espetáculo Sádico, atores sofrem censura. Os protagonistas da obra foram prejudicados após simulação de sexo em cena ao vivo

Gabriel Perline Publicado em 31/07/2024, às 14h44

Prestes a estrear a quarta temporada da peça Sádico em São Paulo, no Teatro Maria Della Costa, os atores da obra foram surpreendidos com uma grande represália por parte dos estabelecimentos que abrigavam o espetáculo pelos conteúdos que protagonizaram ao vivo. À coluna, o ator Rafael Braga admitiu que as cenas de nudismo e simulação de sexo prejudicaram a divulgação do espetáculo.

Sádico estreia sua quarta temporada em São Paulo nos meses de agosto e setembro, mas antes foi exibido no teatro do Shopping na Gávea, no Rio de Janeiro. A produção contou com um investimento na divulgação, incluindo banners espalhados pelo estabelecimento. O problema é que a direção do shopping center censurou a obra e impôs que todos os cartazes fossem retirados, incluindo até mesmo publicidades externas. Ou seja, os atores puderam continuar com a turnê, mas foram impedidos de anunciar até mesmo as sessões.

O espetáculo foi escrito por Gabriel Spelta e conta com a participação de diversos artistas, como Adriano Xavier, Aline Francis, Rafael Braga, Sanrley Lima e Yasmin Sampaio, que contam a história de uma dona de casa que tem interesse em buscar sua essência e descobrir seu verdadeiro "eu". Ao todo, já contou com nove sessões e mais de mil e trezentas pessoas na plateia. Ainda assim, o estabelecimento provocou um grande desconforto nos bastidores de Sádico.

"De certa forma, a gente já esperava por pela censura como um todo. A censura no Brasil acontece de uma forma velada, principalmente se a gente for falar de temas tão delicados e temas tabus, como sexo, sexualidade e libido, que são tratados por nossa sociedade, até historicamente, como algo que é feito em quatro paredes. Após a gente entender que alguns estabelecimentos não estavam preparados ainda para o tipo de mensagem que a gente estava querendo mandar, ao invés de recuar a gente achou mais interessante continuar com a arte da peça e com a divulgação feita da maneira com que estava sendo feita para conseguir mandar o recado que a gente queria", esclareceu à coluna.

"Entre os atores, a gente procurou entender por que a mensagem ainda estava sendo entendida errada.  Por que as pessoas, ao invés de se sentirem provocadas a ir ao teatro e entender do que aquilo ali se tratava, recuavam? Nós tivemos episódios de pessoas que levantaram do espetáculo e foram embora no momento de uma das sessões. Um casal se levantou e foi embora (...) Acho que tem mais a ver com quem está assistindo do que com quem está apresentando."

"Então, quando a gente percebeu o movimento de pessoas e lugares que não se mostraram tão abertos à nossa mensagem, a gente ficou receoso de continuar, mas depois entendeu que a nossa provocação era necessária (...) O que a gente queria é provocar, para que as pessoas se sentissem convidadas a ir a assistir e saíssem de lá com um pensamento e com insights. E é normalmente isso que acontece", admitiu.

O ator ainda explicou que as cenas de nudismo e simulação de sexo ao vivo ainda eram consideradas "erradas" por muitas pessoas no Brasil: "Acho que falar da nudez humana ainda é um tabu. Falar do nu ou mostrar o nu feminino talvez seja mais instigante porque cai num lugar fetichioso ou então você também falar do nu em determinados corpos padrão também se torna mais interessante. Agora, quando o nu está em outro corpo que não é te vendido como aceito, isso ainda incomoda um pouco. E isso também o nosso espetáculo traz como uma questão, como entender como determinados conceitos são vendidos para a gente ao longo de toda a nossa trajetória e a gente compra esses conceitos".

"Realmente o nu ainda é um tabu. Aceito talvez pelo no feminino, mas não masculino (...) Então, eu acho que é por isso que esse espetáculo tem gerado tanto burburinho e tem gerado tanto ao mesmo tempo um incômodo positivo. Por mais que nós tenhamos sofrido uma censura aqui ou ali, a aceitação das pessoas é muito maior. A gente entende que parece que é um assunto muito necessário (...) Colocando também personagens que não necessariamente são homossexuais, mas tratam ou tentam entender onde também mora o desejo homossexual que pode estar presente aí em qualquer pessoa, é um outro assunto tabu (...) Por que as pessoas ainda se incomodam em ver um bumbum, por exemplo? Por que pode gerar tanta coisa?", questionou.

"Então é muito interessante ver como ainda a gente precisa talvez falar sobre isso para que justamente a gente consiga normalizar ou então levar de uma maneira mais tranquila assuntos como esse, que ainda geram tanto preconceito, dor e problemas psicológicos quando você não se aceita ou não entende os seus instintos humanos. Sádico vai realmente provocar você a tentar sair da sua zona de conforto para que você possa entender também outros parâmetros, principalmente por uma visão psicanalítica", apontou.

Rafael Braga ainda esclareceu que a censura sofrida por eles não impediu que continuassem com as sessões e que ainda planejam expandir para outros locais. "A gente tem pretensões para Belo Horizonte, Espírito Santo, Curitiba e Portugal. Então, tem várias cidades pedindo o espetáculo e a gente está em negociação para justamente fazer com que a gente entre em turnê e possa fazer as apresentações em outros lugares. E vamos disponibilizando as datas do nosso Instagram conforme essas apresentações forem sendo fechadas", concluiu.

 

Sádico Rafael Braga

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