Amanda e parte do elenco de De Volta Aos 15, série protagonizada por Maisa - Reprodução/Instagram
De Volta Aos 15

Amanda Linhares defende abordagem da gordofobia no audiovisual: 'Destrutiva'

Em entrevista à Contigo!, a atriz Amanda Linhares, de De Volta Aos 15, reflete sobre a representação de corpos diversos e comenta sobre papel na série

Bárbara Aguiar, sob a supervisão de Arthur Pazin Publicado em 25/09/2024, às 11h30

A terceira e última temporada de De Volta Aos 15 marca a estreia de Amanda Linhares no audiovisual e coloca a atriz paranaense em evidência pelo trabalho desenvolvido como Rafa, personagem que chega na produção da Netflix como a "chefona" das imperatrizes na república da história. Em entrevista à Contigo!, a artista compartilha opiniões sobre a representação de corpos diversos e defende abordagem da gordofobia no audiovisual: "Destrutiva", declara.

Amanda, que estava habituada aos palcos do teatro, define a mudança de meio como interessante: "Foi além do que eu esperava. Acredito que os maiores desafios estavam em entender a cronologia das coisas, em vivenciar o texto 'fora de ordem' no set", fala.

Além disso, a artista destaca que precisou se adaptar à interpretação de projetos audiovisuais, mais contida que a de peças teatrais. "Meu autojulgamento em me movimentar muito, falar muito alto. Também foi um desafio. Mas com a direção, fui entendendo o que era ajuste, o que era assinatura, o que eu poderia usar para ser da personagem", compartilha.

 

Nas telas, Amanda ficou marcada como Rafa, e enxerga a oportunidade de estrelar uma produção como De Volta Aos 15 como um avanço não só para sua carreira, mas para a representação de corpos grandes no audiovisual. A intérprete reflete, ainda, sobre a importância da personagem não ser apenas o esteriótipo de uma pessoa considerada gorda:

"É muito importante os corpos grandes viverem personagens fora de um estereótipo. Mas acredito que também seja importante levarmos para o audiovisual a pauta da gordofobia, porque é uma coisa que existe e está cada vez mais destrutiva", relata.

Para Amanda, o corpo não deve ser visto como um delimitador do que o artista pode viver, mas um indicativo de lugares que podem ser ocupados. "Eu me vejo hoje nesse corpo sendo atriz, mas também não quero ficar me justificando se engordei ou emagreci. Nossos corpos são versáteis! Mudam a todo momento e ainda bem. Hoje consigo entender a minha identidade como artista para além do meu corpo, e esse é meu mote disparador, isso é o que acredito", reflete.

"Não acho que estar gorda ou magra me limita, mas me mostra os lugares pelos quais posso entrar e fazer acontecer", explica a atriz, que entende a exibição de corpos fora do padrão em uma representação artística e cultural como uma forma de tornar a arte mais acessível e próxima da realidade. "É mais passível de identificação. Isso é precioso na relação com o espectador", conclui.

Enquanto curte os feedbacks do trabalho em De Volta aos 15, Amanda também se prepara para a estreia de um curta e uma peça. No curta, chamado Brutalista, a atriz vive uma mulher com depressão, e na peça Cadê a outra? Cantos Cênicos de Um Corpo Duplo, dirigida e protagonizada por Amanda, a artista mergulha na história de sua irmã gêmea que não nasceu.

"Tô bem animada para gravar o curta, principalmente porque tenho depressão e sei que os momentos de baixa parecem irreversíveis, mas não são. É a primeira vez que vou desenvolver isso com uma personagem, estou bem ansiosa", conta. Sobre a produção teatral, ela define como "uma das melhores coisas que já criou na vida".

Abaixo, Amanda conta mais sobre os bastidores de De Volta Aos 15, sua personagem na série da Netflix, e sua relação com a produção. Leia trechos editados da conversa.


De Volta Aos 15 foi um sucesso literário e as primeiras temporadas foram super bem recebidas. Você acompanhava a série ou já tinha lido algo da história?

Não li o livro, mas acompanho a série desde a primeira temporada e era muito fã! Sou apaixonada por teoria do caos, conversei sobre isso com a Bruna Vieira no set, inclusive. A série me lembrava muito os filmes de que eu gostava adolescente. A trilha sonora nostálgica e também a mensagem sobre não conseguirmos mudar o passado, mesmo que revisitando literalmente nesse caso; aceitar que algumas coisas realmente fogem do nosso controle. 

Por entrar na história depois, a Rafa foi uma personagem com uma energia diferente dos demais. Como você trabalhou para entender e compor a personagem sob essa perspectiva?

Na preparação de elenco, sempre tínhamos um momento de conversa sobre o que estávamos descobrindo com as experimentações, então, de cara, conversar com as imperatrizes para entender a dinâmica da república, entender cada uma, me ajudou a compor a Rafa. No início, eu achava a Rafa “too much” em algumas situações, mas depois fui fazendo as pazes com isso. Entendi que ela estava ali numa posição diferente, levantando liderança, maturidade, solitude, muitas vezes… Então, todo o comportamento dela perpassa por isso. 

O quinto episódio é um dos mais marcantes da sua personagem, mas como foi para você, como atriz, viver a complexidade de sentimentos dessa parte da história?

Foi um marco. Estávamos todos conectados ali no loop de alguma forma, então unindo os arcos das personagens, os sentimentos ficaram mais evidentes. Me lembro que, depois de expulsar a Anita da república, ainda estava um poço de estresse, fiquei um tempo calada depois para me reconectar. Nesse episódio, acredito que todos os personagens mostram uma redenção, uma indignação, e mesmo que a trama tenha um desenvolvimento central, naquele momento tudo era importante. Vivenciar esse momento como atriz foi um sentimento intenso e coletivo de estar presente: sentir aquilo como deveria ser naquele momento.

Você disse que atuar é a única coisa que não te enjoa e que te mantém fora da monotonia. Que momento da sua carreira você destacaria como o que te deu essa certeza?

Com toda certeza, o De Volta aos 15! Por ser meu primeiro projeto grande no audiovisual, consegui entender na dinâmica do trabalho, horários, compromissos, que eu estava disposta a fazer isso para sempre, diferente das outras coisas. Na sala de aula, eu sempre tive a inquietação de “preciso voltar para cena” e a melhor coisa que fiz foi seguir esse incômodo. Me sinto completa vivendo personagens, entendendo profundamente textos, ensaiando, criando. Meu sonho é envelhecer atuando.

Netflix série De Volta aos 15 Amanda Linhares

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