Em entrevista à CONTIGO Digital, Marcos Palmeira comentou sobre convite para estrelar o remake de Renascer aos 60 anos e relembra críticas da carreira
Fernanda Chaves Publicado em 24/02/2024, às 06h30 - Atualizado em 25/02/2024, às 14h30
João Pedro na primeira versão de Renascer (Globo), Marcos Palmeira conta como é reviver a história, agora, sob um novo ponto de vista. O ator, que foi José Inocêncio na novela de Bruno Luperi, baseada na obra de Benedito Ruy Barbosa, diz que o remake se aprofunda mais nas relaçõs humanas.
Como é fazer Renascer, agora, como Zé Inocêncio?
- Estou amando, muito feliz. Se tivesse pensado lá atrás para programar o que seria bonito fazer aos 60 anos, não poderia ser melhor.
Aceitou o convite de cara ou pensou que seria mais um remake do Benedito, que ficaria repetitivo?
- Você recusaria esse personagem? Não tem como! Nunca fui apegado. Quando comecei, eu era o playboy carioca. Aí falavam: ‘Cuidado para não ficar estigmatizado como o playboy carioca’. Depois, virei o galã rural e falaram de novo para ter cuidado para não ficar estigmatizado. Depois, foi para ter cuidado para não fazer tanto delegado. As pessoas estão sempre querendo falar, mas não tenho nenhuma preocupação com isso, a preocupação é se o personagem é legal, se acho que vou colaborar de alguma forma com ele. Se sim, farei. Posso até fazer um outro remake lá na frente de novo, quem sabe Vale Tudo? Estou brincando [risos]. Se me chamarem para fazer outro coronel ou uma outra situação, posso fazer, sendo do Benedito também ou não, isso não é uma preocupação que eu tenha, nunca tive. Sempre tive essa cobrança, no início fui muito cobrado com essa coisa do playboy carioca, que eu só iria fazer isso, depois que só iria fazer o galã rural e eu sigo aí, né? Já fiz a série Mandrake, acabei de fazer Cidade de Deus.
E qual dos personagens é o seu preferido?
- Acho que o preferido é o que eu estou fazendo hoje, a oportunidade que estou tendo hoje de realizar alguma coisa que eu ainda não fiz, que é o José Inocêncio.
Como é estar do outro lado da história agora? O Juan Paiva vive o personagem que foi seu na primeira versão da novela. Vocês trocam sobre isso?
- Acho que estou mais velho, é um clássico [risos]. Brinco que só Freud pode explicar uma situação dessa. O Antonio Fagundes tinha 43 anos quando fez a novela, eu tinha 30. O Juan tem 25 e eu estou com 60. O Juan é um grande parceiro, já tinha feito um trabalho com ele no cinema, a gente tem uma troca.
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Mas essa novela é baseada numa obra-prima do Benedito, então ela é um pouco mais aberta, a gente vai realmente em camadas mais profundas, não ficou tão amarrado à história original, como foi contado, a repetição de personagens. Em Pantanal a gente teve um pouco mais essa brincadeira de referência, essa não, essa é uma nova leitura mesmo, são novas camadas, um outro DNA. Até porque o Gustavo Fernandez, diretor-geral, tem um olhar muito próprio para a história que ele está contando, é impressionante como ele chega ao set, a capacidade que tem de nos modificar com uma palavra, então isso fica muito legal também, essa troca com os diretores. É uma novela artesanal, não é uma novela de grandes viagens, de grandes eventos, é uma novela que vai fundo na questão do amor, da relação de pai com filho, da dificuldade humana que todo mundo tem.
Voltar nessa história está te fazendo relembrar o passado? Relembra das gravações em 1993?
- Muitas histórias! Sempre lembro da nossa vida em Ilhéus, nossa relação com a cidade. Na época, a gente ficou muito em Ilhéus, acho que 80% era gravada lá. Desta vez não, a gente tem uma cidade cinematográfica maravilhosa. Então, tem um jogo também dessa brincadeira da arte que você pode criar uma roça de cacau onde não é a roça de cacau, isso eu acho legal também, brincar um pouco com essa linguagem. Mas tenho histórias incríveis, às vezes estou fazendo uma cena e penso: ‘Caramba, já fiz essa cena do lado de lá!’. Olho para o Juan e penso: ‘Caramba, estava no lugar dele!’ Isso é interessante de viver, estou muito feliz.
A espiritualidade é muito forte no José Inocêncio. Você acredita em pactos, em corpo fechado?
- Respeito todas as religiões, mas não tenho uma. Acredito muito em energia, nessa troca de energia que a gente faz. Acho que a nossa maneira de se conectar com a natureza, de alguma maneira, é um estado profundo de religiosidade. Acho que é muito pessoal, muito de cada um. Eu sou muito da minha relação com as pessoas, a minha troca de energia se renova quando troco com outras. Adoro, acho o espiritismo incrível, o candomblé muito rico, todas essas imagens, os imaginários da natureza, acho muito rico, os orixás. Não tenho uma religião que eu siga, mas admiro todas elas.
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