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Antonio Calloni: "A meditação me fez ver a vida com mais clareza"

Com 30 anos de carreira, ele analisa a trajetória e fala da parceria e dos ensinamentos que tenta passar ao filho de 22 anos

Por Ligia Andrade Publicado em 18/01/2017, às 12h56 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

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Antonio Calloni - Fabrizia Granatieri
Antonio Calloni - Fabrizia Granatieri
Com as mãos ainda vermelhas do sol, Antonio Calloni, 55 anos, conta animado à equipe de CONTIGO! sobre a produtiva pescaria que fez no dia anterior. “Costumo dizer que sou pescador e, nas horas livres, escrevo e atuo”, diverte-se ele, que aprendeu a atividade ainda criança com o pai. Longe de ser historinha, garante já ter fisgado um marlim-azul com mais de 200 quilos! “Tenho documentado. Foi emocionante, me senti no livro do Ernest Hemingway, O Velho e o Mar.” E foi entre uma jogada de anzol e outra que Calloni gravou a minissérie Dois Irmãos (Globo). Na obra inspirada no clássico de Milton Hatoum, 64, ele é Halim, papel que divide com Antonio Fagundes e Bruno Anacleto, 23. “A minha fase é desespero, fúria, saudade e melancolia. Ele nasceu para amar Zana (Juliana Paes, 37), por isso não quis ter filhos. Mas, por incrível que pareça, os ama. É um bon vivant até perceber que as coisas estão fugindo do controle”, frisa Calloni, pai do músico Pedro, 22. “Ele estuda em Berkeley, em Boston, e está passando férias aqui. Temos uma relação de companheirismo, confiança e de amor. Como pai, acho que ensinei pouca coisa. Na verdade, a dar um nó na gravata – e mal. A nossa função é acolher, sempre que ele quiser. Pedro aprende mais com o mundo e com a vida do que comigo, e é assim que gosto. Assim que deve ser.” 


Ele encontrou 
na meditação transcendental 
um meio de autoconhecimento

ESTÍMULOS NO SET
A imersão no papel do mascate foi tão intensa, que Calloni relembra um momento especial durante as gravações. “Tem uma cena que dou uma surra no meu filho com uma corrente. Na hora, comecei a chorar, simplesmente aconteceu. Luiz tem um processo tão particular, criativo, que uma vez entramos no set e falou: ‘Ação!’ Ele tinha essas coisas surpreendentes que estimulam o ator a se virar.” Depois de interpretar o corrupto Antenor em Justiça (Globo, 2016), o ator fará outro personagem bem longe de ser bonzinho na TV, dessa vez na próxima novela das 11, Os Dias Eram Assim. “Os vilões agora estão me chamando. Vou fazer o Arnaldo Sampaio, grande industrial na área da construção que apoia a ditadura. Nasci em 1961, era criança, não percebi tanto essa fase pesada, não tinha redes sociais. É fundamental falar desse período, é a nossa história. Inclusive para não repetir os mesmos erros.”
Satisfeito com sua trajetória nesses 30 anos de carreira, Calloni aprendeu a ver o lado bom até nos dias mais difíceis. “Claro que passei por momentos em que vi que não era aquilo que queria fazer, mas consegui me relacionar bem com o trabalho, com as pessoas e isso é o fundamental”, opina. Uma coisa que tem ajudado o ator nos últimos tempos é a meditação transcendental. “Me fez ver a vida com mais clareza. Sempre gostei de filosofia oriental e religiões de modo geral, apesar de não seguir nenhuma em particular. Gosto desses assuntos, porque me deixa em movimento. Consigo sentir prazer, tristeza, raiva e felicidade melhor. Apesar de não ser um poço de equilíbrio, é sempre o melhor caminho.” E também é com esse estilo de vida que Calloni mantém a sua boa forma. Hoje em dia, sente menos o “efeito sanfona” em seu corpo. “Dois a quatro quilos ficam mais fácil de perder, antigamente eram 15 quilos. Comecei o processo de emagrecimento em 2008. Foi bacana, natural uma reeducação alimentar. Como tudo: sorvete, farofa...só que menos, sem me privar de nada. O meu vinhozinho, por exemplo, não dá para deixar”, ressalta ele, sommelier de formação. “Nesse tempo, por exemplo, tomar um beaujolais geladinho, é uma delícia.”


Antonio Calloni estará no longa inspirado na operação da Lava Jato

AUTOR DE NOVE LIVROS
Para queimar as calorias do vinhozinho que tanto gosta, Calloni pega leve na musculação e anda a pé ou de bicicleta na praia. “Só para manter o cardiorrespiratório em dia e tonificar, me movimento mais do que exercito”, assume ele, casado há quase 24 anos com a jornalista Ilse Rodrigues, 55. “Querer estar junto implica em uma série de coisas bacanas e outras nem tanto. A balança tem de pender para o lado do prazer, senão não dá certo. Não tem segredo. A imagem do sempre casal feliz é um horror, um desastre... Pelo amor de Deus!” Autor de nove livros, entre eles, um com a mulher e o filho, Calloni já tem um romance “mais ou menos pronto que não sei quando vou editar”. Na verdade, não tem essa urgência. “A literatura aberta, a que te provoca, é a que me interessa. É que nem falar que chegou lá. Tem de ir chegando, o gerúndio é mais gostoso, estimulante. E assim o processo de criação em modo geral”, pondera.


O ator também 
é apaixonado por pescaria, poesia e vinhos. Na perna, tem até uma tatuagem de Baco, Deus do Vinho

O ator está animado para o recomeço das filmagens do longa Polícia Federal – A Lei é Para Todos, inspirado na operação Lava Jato, no qual interpreta o delegado Ivan. “Não sei o que aconteceu, se foi um embargo, algum problema teve... Espero que dê tudo certo, estou entusiasmado, continuo estudando.” Durante a preparação do elenco em Curitiba, conversou com os delegados e não sentiu nenhuma tendência partidária. “Temos de continuar a fazer essa operação e passar o país a limpo. Fiquei fascinado com a seriedade, disponibilidade, respeito que tiveram com a gente. E com respeito de como falam sobre os investigados e condenados... é um trabalho técnico”, conclui.