Protagonista de Tempo de Amar e pai de dois filhos, luta para conciliar as duas atividades. Para aceitar o desafio, ele deixou Portugal e parte de seu coração (e a família!) do outro lado do Atlântico
Conviver com a distância é complicado, ainda mais quando ela separa um pai de seus filhos. Esse é o dilema vivido pelo ator Bruno Cabrerizo, 38, no ar como Inácio, protagonista da novela das 6, Tempo de Amar. Para que pudesse seguir seu sonho, seus dois herdeiros, Gaia, 7, e Elia, 4, ficaram sob os cuidados da mãe, sua ex-mulher, Maria Caprara, na Itália. As crianças também representam o motivo do ator suportar tamanha saudade no Brasil. “Estou aqui por eles e para eles”, conta Bruno, que pensou muito antes de aceitar o papel principal na trama. “Foi um processo bem complicado, tive que considerar muitas coisas porque sou extremamente ligado aos meus filhos”, avalia ele, que já tinha feito participações menores em novelas portuguesas e chegou a ser indicado para o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante da V Prêmios aTV, em Portugal.
Agora em contato com o jeitinho brasileiro de fazer televisão, Bruno, que nasceu no Rio de Janeiro, percebe diferenças. “A Globo é uma emissora muito grande, envolve bastante gente. Tudo que faz é muito. Obviamente tem esse contraste, já que as produções globais se movem em peso. Diferentemente de Portugal, um país pequeno. De resto, é tudo igual. Os profissionais trabalham muito bem em todos os países em que exerci a profissão”, pondera o ator, que também já trabalhou na Itália como apresentador e modelo.
RAÍZES DO FUTEBOL
Antes de enveredar pelas novelas, Bruno bateu muita bola nos gramados. Jogador de futebol ainda criança, chegou a atuar na zaga do Botafogo, no Rio, Alessandria da Itália, e Sagan Tosu, no Japão. Em 2005, se mudou para Milão em busca de novos horizontes. “Quando cheguei na Europa, joguei durante um ano e depois decidi seguir o sonho de ser ator. Já flertava com isso antes, mas nunca consegui seguir adiante por conta do esporte. Assim que parei de jogar, passei por um ano de adaptação, durante o qual fiz vários trabalhos, até de fato abandonar os campos” reflete ele, que também já serviu mesas como garçom e prestou alguns trabalhos de contabilidade antes de modelar e, por fim, atuar. Sua carreira atrás das câmeras brasileiras teve um começo tardio, mas ele não demonstra sinais de arrependimento. Pelo contrário. Otimista, Bruno é grato pela maturidade que suas experiências passadas lhe trouxeram. “Sem dúvida, isso tudo contribuiu para
me fazer crescer como pessoa e depois ter um certo discernimento para lidar com coisas que são consequência do nosso trabalho”, observa o artista.
ENTRE ESTRELAS
Contracenando com um elenco forte, o ator não esconde o orgulho de seus colegas, personalidades como Tony Ramos, 69, Nívea Maria, 70, Letícia Sabatella, 46 e Andreia Horta, 34. “Às vezes, olho para eles e fico muito feliz. Aprendo muito. Não por acaso são grandes nomes da televisão brasileira, são muito bons no que fazem” conta o intérprete de Inácio. “Como digo brincando, roubo deles para melhorar cada vez mais no dia a dia”, diverte-se. Par romântico de Vitória Strada, 21, que também vive sua primeira protagonista, ele não poupa elogios à atriz. “Vitória é incrível! Apesar de jovem, tem uma maturidade enorme para a idade dela, é muito focada e trabalhadora. Chega com o texto na ponta da língua, está sempre prestando atenção em tudo, disponível. Tenho certeza que ela está dando conta do recado, não preciso nem me
estender nesse assunto. Ela tem uma carreira promissora pela frente”, revela.
GALÃ BRASILEIRO
Na mira dos holofotes, Bruno garante que o rótulo de galã não abala a sua vaidade. “Esse termo quem dá é o público de casa que assiste à novela, é muito subjetivo. Daqui a pouco vou fazer 39 anos, não posso ficar me achando o mais gostoso ou o mais bonito só porque me chamam assim. Mas aceito com prazer (risos)” confessa ele, que se diverte com o adjetivo. “Não sei o que é ser galã, não consigo entender. É ser bonito, ser charmoso? Acho engraçado”, comenta, descontraidamente.
Os fãs, com certeza, não deixam sua presença nas ruas passar em branco. Desde que voltou para as terras tropicais, o ator notou o crescimento do assédio. “Já passei por essa coisa engraçada do reconhecimento. Às vezes as pessoas me param para conversar, comentam que estão gostando da novela, alertam sobre a Lucinda (personagem de Andreia Horta) porque ela só faz maldade...” disse ele, que constatou um fato curioso. Alguns de seus seguidores têm dificuldade em pronunciar seu nome. “As pessoas olham para mim e não conseguem dizer meu sobrenome. Elas procuram no Google antes de falar comigo para não cometer uma gafe e me chamar de outro nome que não seja o meu. É quase um trava-língua (risos)”, brinca.
PAI CORUJA
Apesar do sucesso no trabalho, a saudade é permanente. Bruno não esconde o carinho pelos filhos, manifestado pelo contato diário. Nesse caso, a tecnologia é uma grande aliada da família. “Graças à internet, posso ligar pelos aplicativos e fazer videochamadas diariamente. Não tem nem mais assunto, mas eu ligo só para dizer ‘oi’” Nem meus filhos me aguentam mais! Eles pegam o telefone, falam ‘oi’ e depois
desligam porque têm que ir brincar (risos)” relembra ele, que por causa da diferença de fuso horário, às vezes acorda de madrugada só para entrar em contato com a família.
Apaixonado pelas crianças, ele destaca as delícias da paternidade. “Ser pai mudou minha vida. É maravilhoso. Me pergunto como eu fazia antes, sem tê-los na minha vida. Sou tão coruja que chega a ser chato”, entrega o ator, que não sabe se voltará à Europa, pois prefere viver o agora. “Me poupo do futuro, pois traz muita ansiedade”, confessa.