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“Não é fácil ficar sem roupa na frente da Maitê”, admite David Junior

O ator faz o escravo sexual Saviano em Liberdade Liberdade e se orgulha de contar na TV a história dos negros no Brasil

Daniel Lopes Publicado em 30/04/2016, às 14h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h44

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David Junior - Lucca Messer
David Junior - Lucca Messer
Quem acompanha Liberdade Liberdade já deve ter reparado na presença marcante de David Junior, 30 anos, que interpreta Saviano, escravo sexual de Dionísia (Maitê Proença, 58), com quem já protagonizou algumas das cenas mais quentes da trama. “Não é fácil ficar sem roupa na frente da Maitê. Ela se dispõe muito a dividir e trocar durante a cena, é muito generosa. Acabo aprendendo muito. Em vez de pensar que estou pelado, penso que estou tendo uma aula”, confessa. 
Os 82 quilos distribuídos em 1,85 metro de altura chamam atenção e o ator não cai no jogo da falsa modéstia. “Eu me considero atraente porque tenho o que oferecer e sei receber dos outros. Ser atraente é muito mais que estereótipos de beleza, que ser bonito de rosto e de corpo. Sou alguém que gosta de conversar, me interesso pela opinião do outro, gosto de ser indagado, gosto de pensar em outros pontos de vista”, afirma. 
Em conversa com a CONTIGO!, David contou sobre a importância da narrativa do abuso sexual sofrido pelos escravos na época retratada na novela. “A gente sempre foi muito superficial com a história da escravidão – e olha que aconteceu tudo ontem! As pessoas da época não definiam escravos como humanos, e sim como bichos. A novela vai mostrar que não eram só as mulheres que sofriam abuso, mas os homens também”, analisa. Para se preparar para o papel, o ator perdeu 8 quilos com exercícios aeróbicos diários, além de duas horas de muay thai. “Além disso, li muito, pesquisei muito, conversei com amigos africanos para pegar a musicalidade da língua, conhecer a vivência deles”, explica. 


A HISTÓRIA DO NEGRO
Antes de ser ator, David chegou a ser vendedor, bancário e corretor, além de modelo. “Eu trabalhei como modelo dos 16 aos 22 anos até receber um convite para uma peça. O que seria uma participação de um dia acabou se estendendo e me apaixonei por atuar. Recebi uma bolsa de estudos para estudar teatro e não parei mais”, relembra. David participou de Malhação, Caras e Bocas, Geração Brasil e I Love Paraisópolis. O personagem atual não o incomoda. “É importante saber que o negro não é somente um escravo, mas também é importante contar a nossa história. O negro foi quem construiu os pilares desta nação. Não podemos ter vergonha de falar da história. Não tenho vergonha de pagar minhas contas com esse trabalho. Eu só não quero ser só isso. Eu posso ser um juiz, um médico, um advogado. Tenho amigos negros nessas posições. Negros não são só bandidos e escravos”, diz. 
David acredita que não só a TV está se transformando, como o público também, e ele quer fazer parte disso. “Nosso país tem 53% de brasileiros que se declaram negros (ou pardos). As pessoas começam a notar a realidade e não querem mais comprar uma mentira. O Nordeste não é cheio de pessoas brancas de olhos claros, nem a Baixada Fluminense ou qualquer subúrbio. Aprendi com meu pai que o mais importante é mirar no céu. Meu maior sonho é não parar e conseguir viver sempre da minha arte”, conclui.