Nascido e criado na comunidade do Vidigal, Rio de Janeiro, Douglas Tavares, o Abner de A Regra do Jogo, relembra a infância difícil e confessa que só vai pra cima da paquera se tem chance de ser correspondido
Douglas Tavares chegou à comunidade do Vidigal, na zona sul do Rio de Janeiro, ainda na barriga da mãe, a aposentada Maria Hilda, 46 anos. Hoje, aos 27 anos, não consegue se imaginar morando em outro lugar. “Não me vejo em um apartamento sem ter um vizinho batendo na minha porta toda hora. Tenho muito carinho por esta comunidade. Eu sinto orgulho de ter nascido e morar na favela. De andar descalço, soltar pipa e subir em árvores”, diz o ator enquanto observa a paisagem do Bar da Laje, ponto turístico localizado no topo do morro, um local cobiçado e muito bem frequentado. Morar no Vidigal hoje em dia é cult, mas nem sempre foi assim. “Nunca escondi de onde vim, teve época que precisei omitir. Toda vez que eu dizia onde morava, as pessoas se esquivavam. Aí decidi não falar mais”, lembra.
Criado pela tia, a empregada doméstica Maria das Graças, 60, e a avó materna, Maria, 81, decisão tomada quando era ainda bebê, por problemas de saúde da mãe, Douglas nunca teve vida fácil. “Tudo que venho conquistando na vida foi com muita batalha. Nunca tive nada de mão beijada”, orgulha-se.
Ser ator sempre foi um sonho. Ao 12 anos, entrou para a companhia de teatro Nós do Morro (lugar que revelou atores como Thiago Martins, 27), mas, com a grana curta em casa, precisou abandonar para trabalhar. “Durante três anos fui boleiro em clubes. Catava bolinhas de tênis nas quadras. Gostava muito do que eu fazia. Dava para dar uma ajuda bacana a minha família”, conta. No entanto, a vontade de atuar falou mais alto. Aos 18 anos, voltou a estudar teatro e, incentivado por alguns amigos, ingressou na carreira de modelo, o que lhe abriu alguns caminhos. “Conheci muita gente que me ajudou muito. Ia de porta em porta e pedia para fazer testes. Bati muitas vezes na trave, mas tive também alguns acertos, como estar no elenco de
A Regra do Jogo”, comemora.
"Digamos que eu seja um bom paquerador", brinca Douglas (Foto: Marcos Pinto)
LIVRE, LEVE E SOLTO
Desde que estreou como namorado de Susana Vieira, 73, na novela das 9, cantadas de todos os tipos são frequentes no seu dia a dia. “Algumas brincam dizendo que querem ser a Adisabeba e outras são mais ousadas. Sou meio tímido, por isso ainda estou aprendendo a lidar com isso”, conta ele, admitindo já ter se relacionado com mulheres mais velhas. E, por falar em Susana, o ator é só elogios. “Não tenho o que falar. Ela é uma estrela e tem todo o meu respeito”, diz.
Solteiro há um ano e meio, o intérprete de Abner confessa que estar no ar facilita na hora da azaração. “Se eu disser que não, estou mentindo. O problema é que isso sempre dá uma pulga atrás da orelha, pois nunca vou saber quais são as verdadeiras intenções da pessoa”, reflete. “Mas não faço uso disso”, garante.
TÁTICA INFALÍVEL
Cheio de táticas na hora da conquista, o ator conta não ter vocação para rejeição. Antes de partir para o ataque, precisa ter a certeza de que será correspondido. “Nunca dou tiro no escuro. Dou uma sondada com amigos... Preciso ser correspondido pelo menos no olhar”, diz. E revela sua tática infalível: “Se durante a conversa olho no olho ela deixar segurar a mão, já era!”, brinca. No entanto, apesar de toda a malícia, jura que não faz o tipo garanhão. “Digamos que eu seja um bom paquerador”, disfarça.