Contigo!
Busca
Facebook Contigo!Twitter Contigo!Instagram Contigo!Youtube Contigo!Tiktok Contigo!Spotify Contigo!

"Sou uma sobrevivente", afirma Gretchen

Há quatro anos morando na Europa, a cantora Gretchen diz que considera-se aposentada, garante que não tem medo da velhice e comemora o seu sucesso na internet

Daniel Lopes Publicado em 27/01/2017, às 11h27 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Gretchen - Gosia Smykowska
Gretchen - Gosia Smykowska
Gretchen, 57 anos, é uma figura ímpar no imaginário brasileiro. Depois de estourar nos anos 1970 com hits que até hoje não saem da cabeça, ela participou de inúmeros programas de TV, reality shows e hoje comanda um canal no YouTube, o Gretchen & Você, que acumula pouco mais de 7 milhões de visualizações. “Sou uma sobrevivente”, conta em entrevista à CONTIGO!. Apesar de ter fama de casamenteira, Gretchen frisa que está sossegada ao lado do marido, o empresário português Carlos Marques, 55, com quem casou na França em 2013. Essa é a relação mais longa da cantora até agora. Vivendo em Mônaco há pouco mais de um ano com Carlos e as filhas Giulia, 13, e Valentina, 6, ela revela que não tem medo da idade e já se considera aposentada, mas que não descarta um retorno ao Brasil.


Por que decidiu ir para a Europa? 
Mudei por causa da falta de consideração das pessoas comigo no Brasil. Elas me criticavam demais, não me conheciam direito. Cansei dos comentários maldosos. Resolvi ir embora, tentar uma nova vida. Fui primeiro para Portugal e agora estou na França. Gosto muito de viver aqui, mas a vida não é todo esse glamour que pensam. Os imigrantes brasileiros têm que trabalhar muito e ainda são discriminados.

Se considera aposentada? 
Eu sempre acho que estou aposentada. Toda vez que volto ao Brasil eu sinto isso, mas, cada vez mais, as coisas acontecem. Eu mesma não sei explicar o fenômeno Gretchen. Tudo que eu faço é alvo de comentários, um simples vídeo que eu coloco gera repercussão. Eu não sei explicar isso. Toda vez que eu acho que minha carreira está acabando, é o contrário. Cada vez que eu digo que estou indo para o Brasil, minha agenda lota. Eu ainda recebo muito carinho dos fãs, principalmente depois do canal.

Como surgiu a ideia do canal no YouTube, onde você mostra um pouco do seu estilo de vida? 
Foi insistência do meu filho Gabriel, 19, que mora nos Estados Unidos. As pessoas cansaram de pedir pra mim, então começaram a pedir pra ele. Gabriel está sempre na internet e insistiu para que eu fizesse. Eu tenho muitos fãs novinhos. É meu maior público. Na TV, a gente só pode responder aquilo que está previsto, tudo é editado. No canal, eu posso falar o que eu quero. Não existe censura, as pessoas me conheceram como eu sou. Também amo as gifs, dou muita risada com elas!


E como é a rotina a dois? 
O europeu não é nem um pouco romântico. Não importa a nacionalidade. É o choque de cultura mais difícil que existe. Eles não são românticos, não são carinhosos. Mas são fiéis! Nós temos uma vida muito caseira, eu odeio sair. Já não estou mais na idade de ficar indo para as noitadas. Fazemos muitos programas familiares, barzinho à beira-mar, jantares, mas nada romântico.

Ainda se incomoda com críticas? 
Antigamente, eu me incomodava muito. Eu não tinha um meio para me defender, para falar, as notícias rolavam e eu não podia fazer nada, as mentiras se espalhavam. Agora com o canal, alguma coisa negativa sai e eu já esclareço. E isso chega em muita gente, chega na mídia e tudo fica esclarecido. As pessoas são maldosas na internet e acham que nunca serão descobertas, mas isso está mudando.

E quando criticam sua aparência? 
Eu gosto de mim do jeitinho que sou. As pessoas, às vezes, querem comentar minha aparência, os procedimentos que fiz... Hoje não admito que falem mais nada. Meto a boca no trombone mesmo! Reclamaram da minha sobrancelha outro dia e não admito. A sobrancelha é minha e eu faço o que eu quiser com ela. A única pessoa que eu preciso agradar é meu marido. Se os outros não gostam, eu só lamento!


Tem medo de envelhecer? 
Antigamente, eu tinha medo da idade. Agora não tenho medo de nada. Além da tecnologia ter avançado, eu tenho um nutrólogo que me ajuda com todos os suplementos, vitaminas e reposições hormonais. Antes, a mulher tinha medo. Hoje, temos vários recursos para a mulher envelhecer com saúde e beleza. Lógico que eu não tenho o corpo de uma menina de 20 anos, mas estou muito satisfeita com ele. Ainda posso por um bom biquíni, me olhar no espelho e me achar gata! Não me assusta em nada.

Se arrepende de não ter investido mais na música? 
No meu tempo, não existia essa história de investir em música. Da minha época, ninguém durou. Não tinham essas empresas que agenciavam os artistas como hoje fazem com a Anitta, 23, por exemplo. Alguém que investe, gasta milhões, faz grandes produções. Na minha época, era só um palquinho, a fita-cassete, sem cenário, sem produção. Sou uma sobrevivente de uma época que quem virou artista foi na marra. Hoje é mais fácil. Quem não é artista com grandes produções?


Como foi a experiência de ter um filho transexual? 
Foi difícil no começo, mas minha relação com o Thammy, 34, hoje é ótima. Dou apoio e ele continua passando dificuldades porque as pessoas no Brasil são muito preconceituosas. Mas sabe por que eu não tenho medo de pessoas como Jair Bolsonaro, 61, no Brasil? Porque eles não vão ganhar. Os homossexuais são muitos no Brasil e cada vez mais cresce o número de pessoas que aceitam seus filhos e que ficarão contra pessoas assim. Então, se depender de mim, eles não vão ganhar nunca.

Como é seu contato com fãs LGBT? 
Eu não sou só exemplo para mães de homossexuais como também ajudo os próprios homossexuais que vêm falar comigo. Eu quero falar com as pessoas, estar próxima deles. Ajudei muitos homossexuais, muitos pais, mães, pessoas que estavam à beira do suicídio que vieram falar comigo e desistiram da ideia. Pais e mães que passaram a entender que não interessa como um filho se veste, com quem está dormindo... O que importa é o caráter, que ser humano ele é, como ele age.

Ainda tem algum sonho a realizar? 
A única coisa que eu tenho vontade mesmo de realizar é a de ter um programa de TV. Fazer a mesma coisa do meu canal, porém abrangendo mais gente. Eu queria fortalecer pessoas que precisam de uma palavra de carinho. Se você soubesse quanta gente está emagrecendo seguindo meu canal! Sem precisar de remédio, só com o meu incentivo. Este é meu sonho: fazer um programa para que as pessoas ouvissem o bem. Não sei se voltaria para o Brasil, depende do convite. Meu marido retornaria, ele adora o país. Mas tudo com uma única condição: as crianças continuariam aqui até os 18 anos.