Léo Lins mostra 'kit cadeia' após ser condenado: 'Vou processar'

O humorista Léo Lins usou as redes sociais para ironizar sua recente condenação à prisão. Ele compartilhou uma foto de um embrulho que recebeu de amigos, chamado de "kit cadeia", contendo itens como cigarro, celular e até algemas. Ao divulgar a imagem em seus stories do Instagram, escreveu: “Isso é rir da minha desgraça. Vou processar! (Aviso: ironia)”. O gesto debochado veio dias após sua sentença ser anunciada pela Justiça Federal, reacendendo debates sobre os limites do humor e da liberdade de expressão.

Léo Lins foi condenado a oito anos e três meses de reclusão por disseminar discursos considerados discriminatórios em seu espetáculo de stand-up Perturbador, apresentado em 2022. O conteúdo do show, que chegou a ser visto por mais de três milhões de pessoas no YouTube antes de ser removido por decisão judicial, foi o ponto central da denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal. A juíza Bárbara de Lima Iseppi, da 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo, afirmou que as declarações ultrapassaram o direito à liberdade de expressão e configuraram discurso de ódio.

A sentença considera que Lins agiu com dolo, ou seja, com a intenção consciente de ofender. Segundo a magistrada, o próprio reconhecimento do teor preconceituoso das piadas por parte do comediante reforça essa conclusão. Em sua decisão, a juíza enfatizou que “o humor não pode servir como passe-livre para a prática de crimes”, destacando que as falas atingiram grupos vulneráveis de maneira reiterada e cruel. Além da pena de prisão, Léo foi condenado ao pagamento de uma multa de R$ 1,4 milhão e à indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 303,6 mil.

As piadas, que motivaram a ação judicial, abordam temas como pedofilia, racismo e preconceito contra povos indígenas, judeus e bolivianos. Entre os exemplos mais controversos está a frase: “O uísque para mim tem que ser igual à mulher. Puro e com 12 anos”, uma alusão explícita e ofensiva à pedofilia. Outra, de teor racista, diz: “Se o dia da consciência negra é feriado pelos negros, quarta-feira de cinzas devia ser judeu”. As declarações geraram intensa reação nas redes sociais e dividiram a opinião pública.

A decisão judicial provocou reações opostas entre artistas. Enquanto nomes como Leandro Hassum, Fábio Porchat e Hélio de la Peña saíram em defesa do humorista, outros, como Luana Piovani e Pedro Cardoso, expressaram apoio à condenação. A defesa de Léo Lins ainda pode recorrer.

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