Jovem de 13 anos que engravidou em roleta russa pode ter sofrido não só pela gravidez; médica ginecologista Patrícia Magier avalia o caso
A psicanalista Andréa Vermont contou que atendeu uma jovem de 13 anos que havia engravidado em uma "roleta russa". A profissional explicou que se trata de um "jogo" em que vários meninos ficam sentados em cadeiras enquanto outras diversas meninas sentam-se sobre eles. O episódio ocorreu há 7 anos, mas despertou a curiosidade do público hoje em dia.
Em entrevista à CONTIGO!, a médica ginecologista Patrícia Magier explicou como essa triste brincadeira pode ser perigosa. "Além da chance real de gravidez, expõe essas meninas a infecções sexualmente transmissíveis, HPV, herpe genital, clamídia, gonorreia, HIV, hepatite B. O risco é ainda maior, porque a prática geralmente envolve múltiplos parceiros e total ausência de proteção e até às vezes de higiene", disse.
A especialista ainda explicou que o episódio pode causar danos mentais nas pessoas que participam: "Esse tipo de experiência pode causar traumas emocionais profundos que muitas vezes repercutem na vida adulta com transtorno de ansiedade, depressão, dificuldade de novos relacionamentos. Então, não indicamos, repudiamos esse tipo de brincadeira".
Magier disse que gestações no período da adolescência podem ser extremamente danosas: "É um terror para a menina, o corpo de uma adolescente está em formação ainda, a gravidez pode sobrecarregar o organismo, aumenta muito o risco de complicações, se torna uma gestação de alto risco com complicações como parto prematuro, pré-eclâmpsia, anemia".
Além de tudo isso, a jovem costuma perder sua juventude também: "Fora os riscos físicos, tem muito impacto emocional, social, abandonam a escola, tem dificuldades financeiras, muitas vezes o parceiro não acompanha. Então vive essa gravidez solitária, se sente excluída. É uma situação que exige um suporte integral físico, psicológico e social para preservar a saúde e futura dessa mãe e desse bebê. Mas no corpo, principalmente, se torna uma gravidez não desejada, gravidez de alto risco com grandes chances de complicação".
Patrícia pontua que é essencial que os adolescentes sejam educados sobre o assunto: "A conscientização precisa além de uma simples orientação sobre métodos anticoncepcionais, por conta do risco de gravidez, mas conversar sobre autoestima, autoconhecimento, poder do não, limites, responsabilidade emocional, se empoderarem do cuidado com seu próprio corpo".
O ideal é que a família, a escola e os profissionais de saúde tragam informações para os jovens: "As meninas que são muito jovens precisam muito de ter acesso a informação de qualidade, ter acolhimento e principalmente ter alguns modelos que inspiram a elas de empoderamento feminino, de mulheres que sabem se posicionar, que sabem o que elas querem, o que elas permitem, o que elas não querem."