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Famosos / NORMA

Rainer Cadete debate preconceito em peça: 'Não há maneira certa de amar'

Em entrevista à Contigo!, Rainer Cadete conta como foi o processo de preparação para a peça Norma, meses após o encerramento de Terra e Paixão

O ator Rainer Cadete - Foto: Reprodução/Globo
O ator Rainer Cadete - Foto: Reprodução/Globo

Após deixar Luigi, seu personagem de Terra e Paixão, Rainer Cadete (36) teve apenas um mês longe do trabalho até mergulhar na trama de Renato, seu personagem na peça Norma. Repetindo a parceria com Nívea Maria (77), o ator celebra a oportunidade de estar nos teatros e poder debater o preconceito que ainda existe com relacionamentos homoafetivos.

"A principal mensagem da peça para mim é como as pessoas expressam o amor que sentem, ou mesmo quando não o expressam", começa Rainer Cadete, em entrevista à Contigo!. "Eu acredito que não há uma maneira certa de amar, existe apenas a sua maneira de amar, e ninguém tem o direito de opinar sobre isso ou tentar controlá-lo. Eu sinto que essa é a essência da peça."

Na trama, o ator encarna Renato, um jovem livre que conhece Norma, uma enlutada e rígida senhora, ao visitar o apartamento em que morava para deixar um recado. A partir do encontro, os dois se permitem explorar novas possibilidades e paixões, e revelações surpreendentes mudam os destinos dos personagens.

Leia também: Rainer Cadete se despede de novela e agradece equipe de 'Terra e Paixão'

Cadete, que trabalhou com Nívea Maria pela última vez na novela A Dona do Pedaço (Globo, 2019), define a atriz como uma "unanimidade". Ele celebra a oportunidade de coroar o encontro com a veterana nos palcos do teatro, o que é uma experiência única, de acordo com o artista.

"Ela é uma grande atriz e uma colega de camarim excepcional. Nosso camarim é sagrado e trocar com alguém que tem uma fonte tão rica de experiências é gratificante. Poderia passar horas falando dela, mas a verdade é que é muito emocionante estar no palco e conviver com essa atriz que admiro muito."

Para além do reencontro com a atriz, o artista também diz ter encontrado semelhanças em seu personagem. Ele afirma que, assim como Renato, procura estar bem resolvido com suas questões. "Essa curiosidade em relação ao mundo e essa sede de conhecimento são características que temos em comum, assim como a vontade de compartilhar tudo isso com alguém", completa.

O espetáculo passou por uma temporada em São Paulo e agora pode ser visto até o dia 30 de junho no Teatro das Artes, no Rio de Janeiro. A peça terá exibições às sextas e sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h.

Abaixo, Rainer Cadete fala sobre a decisão de aceitar participar da remontagem de Norma, como foi encarar o personagem antes vivido por Eduardo Moscovis (55) e ainda recorda um encontro especial com o filho, Pietro (17), durante a transição entre a peça e a novela Terra e Paixão. Confira trechos editados da conversa.


Como chegou essa oportunidade maravilhosa de Norma até você e como foi a decisão para agarrá-la?
Há mais de 22 anos, tive a oportunidade de assistir à peça Norma e ela ressoou profundamente em mim, o texto é deslumbrante e o impacto da obra permaneceu gravado em mim, na minha mente e no meu coração. Quando recebi o convite do Edgard para fazer parte desta produção, foi como se uma porta se abrisse para o texto que considero tão significativo. Norma aborda temas que me são essenciais, que me instigam a explorá-los através da minha arte, por isso, não hesitei em agarrá-la. Esta é uma chance única de criar minha identidade artística e de falar sobre um assunto que eu quero abordar e em um lugar que, para mim, é sagrado: o palco.

Como você fez para virar a chave entre o Luigi, de Terra e Paixão, e o Renato?
Após terminar as gravações de Terra e Paixão em um sábado, na segunda-feira seguinte já estava imerso na leitura da peça e participando de sessões de fotos. Mudar de um personagem para outro é como deixar para trás um grande amor para se entregar a outro, não é mesmo? Encontrei meu novo amor na figura de Renato, um desafio completamente diferente. Decidi tirar um mês para me desconectar um pouco, sem estar imerso na caracterização do personagem. Queria me permitir respirar, olhar ao meu redor, me sentir eu mesmo novamente. Durante esse período, viajei para Recife, e depois fui encontrar meu filho em Paris. Aproveitei para desfrutar da França durante esse período, assisti muitos espetáculos, fui a exposições, museus e me diverti muito apresentando Paris para o meu filho. Quando retornei, estava pronto para mergulhar de cabeça no papel de Renato. Fiz algumas mudanças no visual, pintei o cabelo da cor que o personagem pedia e investi em estudos.

Você chegou a assistir Eduardo Moscovis em cena, falar com ele ou procurou criar um novo Renato? Como foi o processo de construção da personagem?
Já tinha assistido a peça e admiro profundamente o trabalho do Du Moscovis e da Ana Lucia Torres. A construção de Renato foi um processo complexo, enraizado no texto e nas minhas próprias memórias sobre o tema. A condução elegante e sensível do Guilherme Piva, que dirige o espetáculo, foi fundamental, assim como a troca de experiências com Nívea Maria, uma grande dama das artes cênicas e por quem eu sempre fui muito fã. A montagem em si, para mim é como uma catarse, explorando as complexidades do amor e como duas solidões se entrelaçam. O embate entre gerações e ideologias acrescenta uma camada fascinante à história. Essa capacidade de ver o mundo através de outros olhos é o que mais me fascina na profissão de ator, pois amplia minha compreensão como ser humano e como artista.