Depoimento de aluno que matou jovem em escola de Minas Gerais vem à tona; autoridades dão mais detalhes sobre o crime
O depoimento do adolescente de 14 anos que matou a estudante Melissa Campos dentro de uma escola particular em Uberaba (MG) veio à tona. Ele confessou o crime à Polícia Militar logo após ser apreendido, e revelou um segundo envolvido na ação. Segundo o Ministério Público de Minas Gerais, ele também relatou o que o motivou a cometer o assassinato: “inveja”.
A informação foi dada pelo promotor Diego Aguillar em entrevista coletiva nesta terça-feira (20). Ele explicou que o adolescente revelou espontaneamente a razão do ataque ao ser capturado. "O policial militar que o capturou ouviu dele, isso está no depoimento do policial militar: 'eu fiz porque tinha inveja, pelo fato de ela simbolizar uma alegria que eu não tinha'", disse Aguillar.
Melissa, também de 14 anos, foi morta dentro da sala de aula no dia 8 de maio. Antes de ser atacada, recebeu um bilhete de “sentença de morte”. Segundo a polícia, tudo foi registrado pelas câmeras da escola, desde o momento em que ela pega o papel até o instante em que é golpeada com uma faca.
"As câmeras mostram que ele entrega um papel para a vítima e, segundos depois, começa a desferir os golpes. Essa folha de papel contém algo como se fosse uma sentença de morte, era o título. A impressão que dá é de que ela não entende. Então, foi pega de surpresa", contou o delegado Cyro Moreira, responsável pelo caso.
Logo após o ataque, o adolescente deixou o colégio andando e foi encontrado horas depois, já às margens da AMG-2595. Durante a abordagem, ele indicou onde havia descartado a faca, cravada em uma árvore. Foi nesse mesmo momento que, além de confessar o crime, mencionou a participação de um colega de classe, também da mesma idade.
Os investigadores descobriram que os dois sentavam próximos à vítima e haviam combinado os detalhes do ataque. A faca foi levada escondida na mochila, e até mesmo a fuga foi planejada com antecedência. Anotações sobre o crime foram encontradas em um caderno apreendido pela polícia. O nome de Melissa teria sido incluído no material no próprio dia da execução do plano.
De acordo com o delegado Moreira, "havia um plano que partia principalmente da mente do primeiro envolvido. Eles sentavam perto da vítima, trocaram papéis entre si, e, após o crime, o autor saiu devagar da sala, porque ninguém havia notado a gravidade da situação naquele momento".
As autoridades descartam qualquer ligação do crime com bullying ou retaliações. Pelo contrário, a jovem era considerada querida na escola, tinha bom desempenho acadêmico e mantinha boas relações com os colegas. "A vítima não praticava bullying contra ninguém. Muito pelo contrário: era uma menina alegre, feliz, que acolhia os novos alunos, tinha um grupo de amigas e um ótimo desempenho escolar", declarou o promotor André Tuma Delbim Ferreira.
A relação entre a vítima e o autor era de conhecimento mútuo, mas distante. Eles se conheciam há anos, mas nunca tiveram qualquer tipo de envolvimento pessoal. "Eles se conheciam há muitos anos, mas não havia nenhum relacionamento. O motivo não foi bullying. O autor afirmou que sentia inveja", reforçou Moreira.
Ambos os adolescentes foram indiciados por ato infracional equivalente a homicídio triplamente qualificado. Permanecem internados provisoriamente sob custódia do Ministério Público e devem ser ouvidos nas próximas etapas do processo.
"O próximo ato judicial será a oitiva das testemunhas e análise das provas. Depois disso, será proferida a sentença. A medida de internação, que é a mais extrema prevista pelo ECA, pode chegar a até três anos. É o que a lei permite", finalizou o promotor Ferreira.
Melissa foi golpeada três vezes com a faca e não resistiu. A jovem morreu antes da chegada da ambulância. O segundo envolvido no caso foi apreendido dois dias após o crime, durante cumprimento de mandado.
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