Uma obra que estreou na extinta TV Excelsior há 59 anos teve um diretor premiado recebendo afronte após ganhar troféu; saiba mais
Publicado em 04/07/2025, às 07h30
A extinta TV Excelsior teve uma novela pioneira na sua grade horária há 59 anos: Ninguém Crê Em Mim. A obra foi a primeira escrita por Lauro César Muniz, que revelou que recebeu um afronte após receber uma premiação pelo folhetim.
A novela foi a pioneira em uma mudança estrutrural linguística das telenovelas da época, como relembra Nilson Xavier, do Teledramaturgia. O texto excluiu frases feitas e gradiloquentes - uma forma de linguagem mais elaborada e exagerada - e adicionou formas mais coloquiais, retratando a forma que o Brasil falava na época que foi exibida. Após ela, na também extinta TV Tupi, a obra Beto Rockfeller usou do mesmo método. Porém, a pioneira fracassou e a novela foi encerrada com apenas 70 capítulos, como relatou José Armando Vanucci e Flávio Ricco na obra Biografia da Televisão Brasileira.
O autor foi premiado,em 1966, pelo Troféu Imprensa de melhor novelista. Muniz estava em sua primeira obra. Em entrevista a André Bernardo e Cíntia Lopes, no livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo, Lauro revelou que Walter Avancini o afrontou e disse que Ivani Ribeiro - que concorria por Almas de Pedra e Anjo Marcado com direção dele - deveria ter ganho:
“O Avancini virou para mim e disse ‘Lauro, você não merece esse prêmio! (…) Porque você ainda não assimilou plenamente a técnica da telenovela. Você precisa dominá-la melhor’. E o Avancini estava certo, tinha toda a razão. Eu ainda era muito primário. E, a partir dessa provocação, passei a prestar mais atenção nas outras novelas, principalmente nas da Ivani, que eram muito melhores".
Ao livro Glória in Excelsior, de Álvaro de Moya, ele falou sobre a repercussão da novela:
A novela não obteve os índices de audiência esperados, uma vez que eu não me preocupava com o maniqueísmo habitual para cativar os telespectadores. No entanto, apesar da performance pouco alentadora, os críticos de televisão da época reconheceram que eu trazia uma contribuição à linguagem do gênero (…) Deram-me o Troféu Imprensa de melhor autor de 1966, o prêmio de maior prestígio naquele momento. Ainda assim, jurei a mim mesmo que minha carreira começara e terminara com aquela novela.”
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