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Novelas / ENTREVISTA

Milhem Cortaz admite que não costuma receber convites para novelas: 'É muito cruel'

Em entrevista à Contigo! Novelas, Milhem Cortaz falou sobre a dificuldade de conseguir oportunidades em tramas, pois raramente é convidado para testes

Contigo! Novelas Publicado em 16/04/2025, às 11h00

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Milhem Cortaz contou mais detalhes de como conseguiu oportunidades em tramas - Reprodução/Globo/Beatriz Damy
Milhem Cortaz contou mais detalhes de como conseguiu oportunidades em tramas - Reprodução/Globo/Beatriz Damy

Sucesso em Volta por Cima como o atrapalhado Osmar, Milhem Cortaz conta em entrevista à Contigo! Novelas como tem sido mergulhar no humor, reflete sobre as dificuldades da carreira e afirma que pretende usar a visibilidade para ajudar as pessoas: "Quero trazer possibilidades e coisas legais para todo mundo".

Você vem de personagens densos e o Osmar é do humor. Como é fazer um trabalho mais leve?

"Osmar é um personagem feito para divertir, para ser engraçado, e eu, que tenho dificuldade com isso, às vezes peso a mão. O que acho bom, porque traz também a humanidade. Osmar é feito para confundir o público e divertir. Pretendo, nesse momento, fazer bastante humor. Quero me deixar aberto para isso. Acho que amadureço como ator fazendo humor, me levo menos a sério. Me sinto com menos responsabilidade por estar fazendo novela e me sinto com mais responsabilidade para me divertir com tudo isso. É difícil esse ambiente, muito tempo junto, muito texto, muito trabalho, muita gente envolvida. Se não for divertido, não é prazeroso. Até hoje, fazer novela nunca foi tão prazeroso. Volta Por Cima é uma volta por cima também do meu entendimento de como fazer novela. Me sinto mais afim de trabalhar e fazer humor".

Você foi atrás desse trabalho. Isso é algo que você costuma fazer?

"99% das vezes eu vou atrás. Raramente sou convidado para um trabalho. Depois dos meus 30 anos de carreira, esse caminho continua árduo. O universo não permite ser tão fácil para eu sempre acreditar e me mover com verdade, para nunca me acomodar. Mas confesso: é cansativo. São 30 anos conquistando e a cada término de trabalho é um início do zero. É muito cruel".

Será que após um personagem popular como o Osmar isso não muda?

"Não, mas ele vai me trazer outras alegrias, me colocar mais próximo do público. E como virei comerciante, meu objetivo é estar próximo do público. Para mim, o grande presente dessa novela não é me ajudar a conseguir outros trabalhos, é estar me aproximar mais do público e do Brasil. Já sinto a diferença, do carinho, da forma como sou observado. Hoje, de longe, pelo vidro escuro do carro, sabem quem sou. É uma mudança significativa".

Mesmo com tantos trabalhos relevantes antes isso não acontecia?

"Infelizmente o público brasileiro não vai ao cinema. Mesmo a série Os Outros, apesar de estar na TV aberta e ser popular, ainda é elitizada. Os Outros abriu as classes A, B e C para mim. E a novela me bota nas classes C, D e E, que é o público que me interessa realmente por doar pão, pelos trabalhos sociais, é o público que me interessa para trazer para minha padaria, para me assistir no teatro. E um teatro não tão popular. Quero fazer essas pessoas que vão no teatro entender que é prazeroso também assistir coisas que te faça refletir. Esse é meu objetivo. O meu sonho com essa novela é me tornar popular. Sem vaidade, não é isso que eu quero. Eu quero poder trazer possibilidades e coisas legais para vida de todo mundo. O meu grande trabalho, depois de 30 anos como ator é fazer o bem às pessoas. De alguma forma, essa minha fama tem que se transformar em ações e estou pronto pra isso. Eu mudei uma chave depois dessa novela e de 2025 adiante eu quero me tornar o mais popular possível para eu chegar mais perto do coração de todo mundo".

Você tem a padaria Cortaz O Pão em São Paulo...

"Comecei fazendo pão e doando. Como não eram tão bons ainda e não tinha para quem vender, colocava no carrinho de feira e doava na rua. Hoje trabalho para restaurantes, mas ainda ganho 70 kg a mais de farinha para continuar doando. Quem chega na minha padaria sem dinheiro, leva pão. Os motoboys já sabem, então, no final de semana, eles passam para levar um pão legal. Disso vem o projeto Pão Bom Para Todo Mundo: o mesmo pão que faço pra vender, dou de graça. A padaria é um início para transformar isso em algo popular, ir para um galpão grande, empregar pessoas excluídas. Eu queria trazer pra trabalhar comigo o pessoal do semiaberto, mais velhos, que não tem oportunidades, que estão saindo da cadeia, para dar uma profissão para eles, ganhar dinheiro e quem sabe voltar para o bairro como padeiro. É muito utópico tudo isso, mas aos 52 anos tenho que continuar sonhando e tendo objetivos. E o meu objetivo hoje é que quero ver o bem de todo mundo. Sou de uma classe privilegiada, de uma classe média, e ganhei minha vida falando dos excluídos e sou muito respeitado por eles. Eu só falo dos problemáticos, das pessoas que não são enxergadas com tanto carinho pelo mundo. Eu construí minha vida e venci assim, então quero devolver tudo que ganhei contando isso, com eles".

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