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Novelas / Em 1989

Novela da Globo foi apontada como campanha para Fernando Collor há 36 anos

Público enxergou figura do então candidato à presidência, Fernando Collor, no protagonista de trama da Globo

Edson Celulari vivia o protagonista de Que Rei Sou Eu? - Reprodução/Globo
Edson Celulari vivia o protagonista de Que Rei Sou Eu? - Reprodução/Globo

Em 13 de fevereiro de 1989, há 36 anos, a Globo estreava Que Rei Sou Eu? como sua nova novela das sete. A trama de Cassiano Gabus Mendes era uma paródia da realidade vivida pelo Brasil, que passava pela transição do governo militar para as eleições diretas, e chegou a ter uma reforma monetária como enrendo para representar o Plano Cruzado. Com tantas semelhanças e em ano de eleição, a novela foi apontada como campanha para Fernando Collor.

Política na ficção

O Brasil vivia um momento histórico com as eleições diretas para presidente após 29 anos. Entre os principais concorrentes estavam Fernando Collor e Luís Inácio Lula da Silva. O jornalista Nilson Xavier, do Teledramaturgia, destaca que, nesse contexto, Que Rei Sou Eu? serviu como uma sátira política que refletia a instabilidade social e econômica do país.

Apesar da ambientação histórica da trama, que se passava entre 1786 e 1789, a novela fazia referências diretas à realidade brasileira. A instabilidade financeira, a alta carga tributária e os sucessivos planos econômicos de Avilan representavam as crises que o Brasil enfrentava. O próprio Plano Cruzado, relembra o Teledramaturgia, foi satirizado através da mudança de moeda no reino, de caduco para duca.

Segundo Xavier, o protagonista da novela, Jean Pierre (Edson Celulari), foi visto por parte do público como uma representação de Collor, o que levou a especulações sobre a emissora estar favorecendo sua candidatura. No entanto, de acordo Elmo Francfort, autor do livro Gabus Mendes, Grandes Mestres do Rádio e Televisão, essa nunca foi a intenção do novelista, que via Jean Pierre como um símbolo do povo brasileiro em busca de justiça e igualdade.

Curiosamente, no horário nobre, O Salvador da Pátria também gerava interpretações políticas. O protagonista Sassá Mutema (Lima Duarte) foi associado a Lula, criando um contraste entre as duas novelas e seus respectivos personagens centrais.

Repercussão

Apesar das polêmicas, Que Rei Sou Eu? marcou a história da teledramaturgia pela sua originalidade e qualidade técnica. Trazendo o período de transição do absolutismo para a Revolução Francesa, a novela terminou com o povo de Avilan derrubando seus opressores e assumindo o poder. No desfecho, Jean Pierre proclama: “Eu quero que todos vocês agora, camponeses, operários, todos vocês, gritem comigo: viva o Brasil!” — substituindo, pela única vez, o nome do reino fictício pelo nome real do país.

Considerada uma das melhores novelas de Cassiano Gabus Mendes, Que Rei Sou Eu? foi aclamada pela crítica e premiada pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) como a melhor novela de 1989, além de vencer nas categorias de melhor texto, melhor ator coadjuvante e melhor figurino. Também conquistou o Troféu Imprensa como melhor novela e melhor atriz.

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