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Novelas / Em 1993

Novela da Globo sofreu interferência após bigamia na trama há 31 anos

História era união de duas novelas de emissoras concorrentes e, apesar da pressão da audiência para mudar enredo, novela da Globo foi sucesso

Patrícia França vivia mocinha disputada em Sonho Meu - Reprodução/Globo
Patrícia França vivia mocinha disputada em Sonho Meu - Reprodução/Globo

Em 27 de setembro de 1993, há 31 anos, a Globo estreava Sonho Meu como sua nova novela do horário das seis. A trama de Marcílio Moraes unia partes de duas novelas de emissoras concorrentes: A Pequena Órfã, da TV Excelsior, e Ídolo de Pano, da TV Tupi, em uma história totalmente nova que conquistou o público, mas não escapou de sofrer interferência após abordar bigamia.

Na história, a protagonista Cláudia (Patrícia França) abandona o marido violento, perde a guarda da filha e passa a ser disputada pelos irmãos Jorge e Lucas, interpretados respectivamente por Fábio Assunção e Leonardo Vieira. Ainda casada, a moça não poderia assumir outro relacionamento, mas, por pressão do público, que teve dificuldades em aceitar a personagem escondendo a verdade para o amado, a trama teve que ser modificada.

A protagonista, então, engata um relacionamento real com Lucas e chega a enfrentar um processo judicial pela decisão. Em entrevista ao comunicador Duh Secco, o autor desabafou sobre as mudanças no enredo: “Fui constrangido a acelerar brutalmente e resolver de forma inverossímil uma trama que estava prevista na minha sinopse, onde também estava apontada a solução que daria a ela. (…) Aí vem uma interferência de cima, mal explicada, careta, hipócrita, sobrepondo uma moral abstrata, formal, à ética que a personagem estava construindo para superar o impasse e salvar-se”.

Anos depois, em dezembro de 2021, a novela foi reprisada no canal Viva e Marcílio não hesitou em demonstrar, mais uma vez, sua insatisfação com os rumos da obra. Como resgata o jornalista Nilson Xavier, do site Teledramaturgia, o autor escreveu em seu blog pessoal que a trama havia perdido toda sua vitalidade. 

Aquela força da história, aquela vitalidade dramática da protagonista [Cláudia], enfrentando Deus e o mundo para preservar sua dignidade de mulher e salvar a filha, se perdeu. A trama se tornou quase um vaudeville de intriguinhas típicas de novelinha das seis, tudo o que tentei evitar ao conceber a sinopse e desenvolver os capítulos. Imagino o quanto deve ter sido difícil para a atriz [Patrícia França] continuar desempenhando a personagem, depois de totalmente esvaziada. Para mim, também foi duríssimo”, revelou sobre os rumos da novela.

Mesmo com o descontentamento do autor, Sonho Meu foi um sucesso e conquistou uma ótima audiência, principalmente em sua reta final.