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Novelas / Em 1995

Novela da Globo teve final gravado no dia da exibição para enganar imprensa há 30 anos

Autor de trama da Globo barrou divulgação semanal de resumos da novela para preservar mistério do folhetim e criou climão com a imprensa

Cena de A Próxima Vítima - Reprodução/Globo
Cena de A Próxima Vítima - Reprodução/Globo

Em 13 de março de 1995, há 30 anos, a Globo estreava A Próxima Vítima como sua nova novela das oito. Escrita por Sílvio de Abreu, a trama recheada de suspense e mistérios travou uma guerra com a imprensa, acostumada a revelar os próximos momentos marcantes dos folhetins televisivos. Para evitar os vazamentos e enganar os jornais, o final da novela foi gravado no dia da exibição do último capítulo.

Guardado a sete chaves

Como relembra o jornalista Nilson Xavier, do Teledramaturgia, a novela A Próxima Vítima paralisou o Brasil com seu suspense envolvente e reviravoltas inesperadas. O texto de Silvio de Abreu inovou ao transformar cada personagem em um suspeito e manter o público intrigado até o último minuto. Para evitar que o grande mistério vazasse antes da hora, o desfecho foi gravado no mesmo dia de sua exibição, impedindo qualquer chance de spoilers.

Xavier destaca que Silvio de Abreu foi além de uma trama policial tradicional e construiu uma história onde cada morte desencadeava novas dúvidas. A identidade do assassino era apenas um dos mistérios da história, o que realmente cativou o público foi descobrir quem seria a próxima vítima — um segredo guardado a sete chaves.

Para isso, a produção gravou várias cenas falsas e distribuiu roteiros codificados, em que apenas o diretor conseguia decifrar a ordem real dos acontecimentos. O elenco, igualmente mantido no escuro, filmava sequências sem saber a conexão exata entre os eventos, aumentando a tensão dos próprios atores. O resultado foi uma novela que manteve o público engajado e desafiou o costume da imprensa de antecipar os próximos desdobramentos dos folhetins.

Grand finale

O Teledramaturgia resgata a trajetória da Globo para o grande final da novela, que aconteceu na noite de 3 de novembro de 1995. Com uma estratégia digna de filme de espionagem, as últimas cenas foram gravadas apenas uma hora e meia antes da exibição, impossibilitando qualquer vazamento. O Brasil inteiro parou para descobrir a verdade: Adalberto (Cecil Thiré) era o assassino, e suas vítimas estavam conectadas por um evento do passado.

A estratégia deu certo. Com audiências que chegaram a 64 pontos no Ibope da Grande São Paulo, o último capítulo foi um dos mais assistidos da história das novelas.

A Próxima Vítima não apenas inovou na forma de contar histórias na TV, mas também redefiniu a relação entre novela e imprensa. A produção chegou a vender a trama para mais de 20 países, incluindo Cuba, Estados Unidos e Rússia, onde também se tornou um fenômeno. Para garantir uma distribuição internacional sem spoilers, a Globo gravou um final alternativo no qual outro personagem, Ulisses (Otávio Augusto), assumia o papel de serial killer.

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