Trama da Record ficou marcada por baixa audiência e decisão criativa que causou estranheza no público, acostumado com a abertura no início dos capítulos
Publicado em 17/04/2025, às 07h30
Em 17 de abril de 2001, há 24 anos, a Record estreava Roda da Vidacomo uma de suas noveas produções inéditas. Substituta de Vidas Cruzadas, a trama assinada por Solange Castro Neves se destacou negativamente pelo texto de baixa qualidade e chegou a passar por mudança de horário em sua fase final. Além das críticas, o folhetim também marcou por decisão criativa inesperada da Record: a emissora quebrou regra e exibiu abertura da novela no final dos capítulos, e não no início, como o padrão.
Escrita por Solange Castro Neves, a novela carregava a missão de manter acesa a produção de folhetins inéditos na emissora, mas acabou se tornando símbolo de um período conturbado. Com um enredo recheado de vinganças familiares, segredos do passado e romances proibidos, a trama não conseguiu driblar a precariedade estrutural da Record naquele momento — e se destacou, negativamente, mais pelo improviso do que pelo conteúdo.
Como relembra o jornalista Nilson Xavier, do Teledramaturgia, uma das decisões mais curiosas, no entanto, foi uma quebra de protocolo que gerou estranhamento no público: a abertura da novela, tradicionalmente exibida no início dos capítulos, passou a ser veiculada no final dos episódios.
Uma inversão rara usada talvez como tentativa de compensar a baixa adesão do público ou gerar algum tipo de assinatura estilística. Ainda que tenha causado comentários, a mudança não conseguiu elevar os índices de audiência, que giravam entre 4 e 7 pontos no Ibope — números modestos, mas dentro do que a emissora considerava aceitável.
A produção de Roda da Vida enfrentou sérios desafios técnicos e orçamentários. O núcleo de teledramaturgia da Record estava em crise — a emissora contava com poucos equipamentos modernos, uma equipe reduzida e uma infraestrutura frágil. A novela chegou a ser gravada com os recursos que sobraram de Vidas Cruzadas, e parte da equipe técnica mais experiente já estava envolvida em outros projetos.
Com isso, a produção sofreu desde os primeiros capítulos com atrasos, problemas de continuidade e limitações visuais que impactavam diretamente na qualidade final exibida ao público. Na reta final, Xavier relembra que a novela ainda passou por mais uma mudança: teve seu horário alterado para dar espaço à estreia de Acampamento Legal, produção infantojuvenil gravada fora dos estúdios da Record.
Sem fôlego, Roda da Vida se tornou a última novela da emissora até que, em 2004, uma reestruturação completa — comandada por Herval Rossano — trouxe fôlego novo à dramaturgia da casa. Só então, com a estreia de A Escrava Isaura, a Record voltaria a competir de fato no mercado de telenovelas.
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