Contigo!
Busca
Facebook Contigo!Twitter Contigo!Instagram Contigo!Youtube Contigo!Tiktok Contigo!Spotify Contigo!
Tá bombando! / Teatro

Nathalia Serra desabafa sobre glamourização do teatro: 'Vemos profissionais medíocres'

Em entrevista à Contigo!, Nathalia Serra comenta sobre interpretar Ann Margret no musical O Rei do Rock e reflete sobre cenário do teatro brasileiro

Bárbara Aguiar, sob a supervisão de Arthur Pazin
por Bárbara Aguiar, sob a supervisão de Arthur Pazin
[email protected]

Publicado em 07/12/2024, às 11h30 - Atualizado às 18h51

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Nathalia Serra em O Rei do Rock - Divulgação
Nathalia Serra em O Rei do Rock - Divulgação

Em cartaz no Rio de Janeiro como Ann Margret no musical O Rei do Rock, a atriz Nathalia Serra mergulha na personalidade da artista de sucesso para entregar um espetáculo único que se encerá no próximo domingo, dia 8 de dezembro. Em entrevista à Contigo!, além de contar detalhes sobre os bastidores do papel, Nathalia reflete sobre o cenário atual do teatro e desabafa sobre a glamourização do meio: "Vemos profissionais medíocres", reflete.

Atores: profissionais multitarefas

Formada em artes cênicas nos Estados Unidos, Nathalia tem uma trajetória marcada por trabalhar em diversos setores relacionados ao teatro. Justamente por isso, ela destaca a importância de que atores não se limitem a uma única função dentro de produções teatrais ou audiovisuais.

"Deveria ser algo básico, para um ator, entender a engrenagem do backstage tanto de um teatro quanto de um set. Desde saber se posicionar na luz, saber sobre movimento de câmera, planos, linguagem do diretor, ou minimamente saber fazer sua própria maquiagem, cabelo, saber se a bateria do microfone está no fim, tudo isso deveria ser obrigatório", declara.

Para a intérprete multitarefa, a glamourização do ofício de ator é a grande responsável pela má formação de profissionais do teatro: "Muito se perdeu com a glamourização do ofício e, infelizmente, vemos profissionais medíocres em cena. Eu realmente não sei como atores que não se interessam pelo todo, conseguem se defender nesse meio".

Dedicação à personagem

Como uma profissional de anos de carreira, Nathalia não mede esforços para dar vida a seus personagens. No processo de interpretar Ann Margret, ela se dedicou intensamente à pesquisa sobre a vida e a carreira da artista. “Foi uma loucura! Entrei num hiperfoco e só consumia Ann Margret por um bom tempo. Além de documentários sobre a vida dela com Elvis, assisti à maioria dos seus filmes e ouvi toda a discografia disponível. Mas minha maior preocupação foi capturar sua personalidade ousada, à frente do seu tempo”, revela.

A atriz também encontrou semelhanças marcantes com Ann, especialmente na versatilidade artística. “Ann Margret é uma atriz que também canta e dança, como eu. Fico muito honrada em poder estar representando essa artista tão completa e acho que, assim como ela, nunca aceitei estar à sombra de um homem — no caso dela, um grande ídolo como Elvis”.

Como um musical de grande repercussão, O Rei do Rock imerge Nathalia em contato direto com o público e com os fãs de Elvis Presley, Ann e outras figuras marcantes da música. A atriz comemora o carinho dos espectadores: “Fiquei surpresa ao me deparar com fãs clubes fervorosíssimos do Elvis, e por consequência também da Ann, tanto em São Paulo quanto aqui no Rio. Eu mesma não sabia muito sobre a Ann, e eles conhecem tudo sobre a história, todas as músicas, e acabei recebendo feedbacks incríveis sobre a minha construção de Ann Margret”, conta.

Apesar das alegrias, estar em um musical tem seus desafios, como a preparação vocal cuidadosa e o condicionamento físico para permanecer por horas no palco. “Estar em cima de um palco por 3 horas seguidas, sem cortes, fazendo de 3 a 7 sessões semanais, vários dias de sessões duplas, é bastante desafiador fisicamente”, compartilha.

Planos e reflexões sobre a carreira

Com uma carreira que transita entre teatro, TV e cinema, a intérprete sonha com estabilidade no mercado artístico. “Adoraria experimentar a estabilidade como atriz e poder viver seguidos trabalhos relevantes. Apesar de atuar em várias frentes, ainda sinto que meu nome não está dentre os primeiros a serem cotados, apesar de ter uma carreira já bem sólida. Isso faz com que seja necessário estar sempre com planos B, C e D na manga, para poder me manter exclusivamente de arte”, desabafa.

Após o sucesso de O Rei do Rock, ela espera explorar novos horizontes em 2025, mas ainda não tem trabalhos à sua espera: "Apesar da repercussão mega positiva do musical, ainda não estou com nada fechado depois daqui. Como disse, a correria de ser artista no Brasil é grande, mas conto que algo muito bacana surja em breve, e como gosto de variar, quero poder iniciar 2025 retornando ao audiovisual", conclui com otimismo.

Leia também: Diretoras de longa protagonizado por Nívea Maria e Zezeh Barbosa criticam etarismo: 'Sociedade supervaloriza a juventude'