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Igor Angelkorte deixa o Rio para morar em barraca na Chapada Diamantina: ''Aqui não sinto medo''

Ao lado da nova namorada, ex de Camila Pitanga surpreendeu os fãs com relato da nova vida

Redação Contigo! Publicado em 10/09/2018, às 15h02 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h46

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Igor Angelkorte - Reprodução
Igor Angelkorte - Reprodução

O ator Igor Angelkorte surpreendeu os fãs ao contar nas redes sociais que deixou o Rio de Janeiro, onde morava, para embarcar em uma nova vida.

Ele está morando em Igatu, na Bahia, aos pés da Chapada Diamantina. Há três meses ele vive uma vida simples ao lado de Sofia Maria, sua namorada.

Em uma publicação nas redes sociais, o ator conta em detalhes a experiência que está vivendo. "Isso escrevo de uma barraca montada numa vaga de rua. São 1h50 da madrugada. Sofia respira forte e dorme. Aqui não sinto medo", disse ele.

Ele deu mais detalhes sobre a vida que tem vivido, mais próxima da natureza.  "É difícil. Mas, quase não como mais vaca. Meu xampú orgânico parece um sabonete. Escovo os dentes com escova de bambú biodegradável e boto nela uma pasta de cor preta carvão sem flúor. Tô tentando. Achei tudo no caminho e custava o mesmo preço ou até mais barato. Caso simples de escolher. De todo jeito, isso também não vai mudar o mundo. Muito embora, tem mudado bastante o meu", contou.

Leia o relato completo:

Faz dois meses que saí de casa e tô morando na estrada. O que tenho pra oferecer são uns pedaços de pensamento rodopiando na mente. A tendência é: nas grandes cidades viver em bolha. Nos interiores em comunidade. Isso é conversa batida, nem sou eu que tô dizendo. Tô no terceiro chinelo, o primeiro estourou de caminhada, o segundo um cachorro comeu. É verdade esse bilhete. É melhor botar etanol que polui menos. Diziam que o Rio de Janeiro era perigoso e isso eu já sacava. Ainda não sabia que o medo era tóxico e que intoxicado pelo medo naturalizava a rotina absurda. Isso escrevo de uma barraca montada numa vaga de rua. São 1h50 da madrugada. Sofia respira forte e dorme. Aqui não sinto medo. Conheci algumas pessoas dessa rua de pedra, sei o nome delas. Cachorros também. Inclusive um que gosta de roçar o pêlo contra o muro verde. Nos deu um baita susto à noite. Nessa cidade nunca teve roubo pra contar história. Poderia falar da Noruega, mas eu tô na Bahia da Chapada. Seu Xiquinho com x, nos disse claramente que é melhor ter amigo na praça do que dinheiro no caixa. Concordo. Fizemos uma sessão de cinema na pequena praça de Igatu. Trouxemos projetor lá de São Paulo pra projetar umas ideias e umas histórias bonitas em lençol branco. Eu não tenho nada a dizer que seja melhor do que botar um filme sincero pra galera ver. Acredito cada vez mais em miudezas. Outro dia conversava com um senhor de ideias pra lá de muito longe das minhas. Coisa de visão de mundo mesmo. Procurei ouví-lo, fiz algumas perguntas e falei o mínimo. Ele coçou a cabeça e se pesou talvez cartesiano além da conta. Não procurei saber em quem ele pretende votar, demos um abraço no fim. Ele tem 76 e disse que não costuma se abrir. Me desejou boa viagem e também me fez elogios do jeito que pôde. Eu sei que não vou mudar ninguém. Sobretudo se eu quiser mesmo mudar alguém. Então, prefiro ficar com isto de abraços. Talvez abram fendas. Por onde mais a luz pode atravessar? O que me traz o caso das amizades que estão de mudança do nosso Rio de Janeiro. Quando fui pra estrada fiz gosto em imaginar na volta as pessoas do mesmo jeito me esperando. Do tipo, por favor ninguém morre e ninguém sai, tá. Afinal, aprendi que é importante partir, mas ter sempre pra onde voltar. Ou não. Melhor é perceber que nada mais vai estar no lugar. Que eu não vou reencontrar aquela vida minha. O caminho é só de ida. Essa é a importância de saber onde se pisa. Outra coisa, desejava que o mundo amadurecesse de repente. Que fosse diferente, tipo outro. Aí é aquilo. Não posso querer desesperadamente outro mundo e continuar desesperadamente igualzinho. É difícil. Mas, quase não como mais vaca. Meu xampú orgânico parece um sabonete. Escovo os dentes com escova de bambú biodegradável e boto nela uma pasta de cor preta carvão sem flúor. Tô tentando. Achei tudo no caminho e custava o mesmo preço ou até mais barato. Caso simples de escolher. De todo jeito, isso também não vai mudar o mundo. Muito embora, tem mudado bastante o meu. Acredito em gente que pensa em meio ambiente e educação pública. Não acredito na guerra às drogas e vi um pé de maconha lindo outro dia. Foi a natureza que inventou. É uma planta como a cevada e o tabaco. Rivotril não dá no mato. Falando nisso, não quero ser rico. Nem quero ser subjugado pelo trabalho. Um dia chego lá, consigo ser desprodutivo. Só preciso encontrar um jeito simples de ganhar dinheiro na estrada. Vai rolar. Renato, meu amigo cacatua, me contou que o ser humano não é árvore pra criar raíz, deu o papo que a gente é âncora. Nada mal ser âncora. Dá pra levar o barco pra onde a gente quer. Tô ligado na tradição do circo, da ciganagem e do nomadismo. E uma conjunção de experiências me fizeram entender que a vida é sopro, urgente, agora. Que se eu tenho dias muito iguais minha memória compacta tudo numa memória só. Se tenho dias diferentes minha memória se expande e nisso vivo mais. Quem me falou foi Carlos, que lê muito. Eu cada dia mais Manuel de Barros. Tenho preferência menos por coerência de argumento do que pra toque de mão. E a única parada que eu posso fazer de concreto, de bem palpável, é dar às coisas e às pessoas meu amor. Aí converge tudo numa espiral colorida com calor de pedra. Que beleza! Pra onde nós vamos hoje?