Alice Wegmann, protagonista de Justiça 2, série da Globoplay - Foto: Globo/ Reginaldo Teixeira/Bruno Stuckert/Estevam Avellar/ Vitor Chapetta/ AgNews
ENTREVISTA

Alice Wegmann torce para que Justiça 2 encoraje mulheres: 'Assim não dá mais!'

Em entrevista à Contigo! Digital, Alice Wegmann destaca a importância de abordar o tema na série do Globoplay e torce para que as pessoas sejam tocadas pela trama e encorajadas a denunciar

Fernanda Chaves Publicado em 14/05/2024, às 16h00

A atriz Alice Wegmann protagonista da série Justiça 2, da Globoplay, conversou com a Contigo! Digital sobre a importância do tema central da sua personagem: estrupro. A atriz espera que a trama sirva para que as mulheres tenham coragem de virar o jogo e denunciar abusos que tenham sofrido. Além disso, Alice falou sobre como é ser mulher no Brasil em 2024. Confira:

A importância de falar de temas como estupro e machismo na TV 

"A Carolina conta uma história que, infelizmente, muitas mulheres vão se identificar, é uma história que mexe muito com a gente, com questões íntimas, com questões muito particulares. Infelizmente, muita gente se identifica, mas felizmente muita gente, vendo essa história, vai ter a coragem de virar o jogo, de denunciar, de enfrentar a vida de uma forma diferente. Eu espero realmente que toque muitas pessoas, que emocione muitas pessoas e que vocês gostem da série tanto quanto a gente gostou de fazer."

Para além da denúncia, sua personagem ainda é desacreditada por familiares, o que deixa tudo ainda mais triste

"Eu achei que a Manu [Manuela Dias, autora] foi muito genial ao abordar essa questão, porque é mui- to difícil. Quando uma mulher denuncia, o mundo inteiro quer descredibilizar, quer falar: ‘Ah, mas não é bem assim’, mas, sim, é bem assim. Essas pessoas são criminosas, essas pessoas não são apenas joga- dores, não são apenas tios, não são apenas pais, eles são criminosos, então eles têm que pagar com justiça."

Crimes como esse, cometidos por jogadores, foram vistos por muitas pessoas apenas como um erro

"Não é um erro, é um crime. Quando a gente vê casos como esse, em alguns momentos a gente se sente desacreditada mesmo, a gente sente que vai ser difícil o mundo mudar, mas é por isso que eu acho... [se emociona] tão importante a gente contar uma história dessa, porque sei que muita gente, mulheres, homens também, vão ver essa série e entender que o mundo não pode ser assim, que a gente tem que denunciar, que os meninos precisam parar de ser educados para serem machistas. A gente tem que educar a nossa sociedade de outra forma, porque assim não dá mais!"

Como é ser mulher no Brasil em 2024

"Me fizeram essa pergunta há uns cinco anos e eu gostaria muito que a minha resposta de hoje fosse diferente, mas ainda não é. Por mais que a gente tenha evoluído em algumas questões, que as mulheres estejam cada vez mais donas de si, a gente ainda vê casos muito tristes de machismo. A gente só vai parar com o que eles chamam de mimimi, quando eles pararem de fazer esse tipo de coisa. Que as pessoas não descredibilizem mais essa luta, que se abram cada vez mais para entender e nos pequenos detalhes, do dia a dia mesmo, para a gente entender que o nosso lugar é onde a gente quiser."

O preparo para viver Carolina em Justiça 2

"É difícil falar sobre preparação de uma personagem tão forte quanto a Carolina, porque só na hora da cena que a gente vai entendendo e vai descobrindo tudo. Eu li um livro da jornalista Ana Paula Araújo, chamado Abuso, que me ajudou muito, ele tem vários relatos de brasileiras que foram abusadas e alguns casos parecem com a história que a Carolina passa, de silenciamento, desse não apoio da família. Isso me ajudou bastante, fora o fato de que, infelizmente, muitas das minhas amigas, de pessoas que conheço, foram abusadas, infelizmente já ouvi muitos relatos disso. São histórias que nós, mulheres, sentimos quase todos os dias na pele, então acho que a preparação é a própria vida."

Mudanças da atriz que vinha da série Rensga Hits quando entrou em Justiça 2 

"A gente queria um lugar mais frágil da Carolina, eu estava vindo da série Rensga Hits, que era uma personagem empoderada, brilhante, carismática e a gente queria um lugar um pouco mais frio dessa menina que não sorri com os dentes, ela tem dificuldade de sorrir."

A preparação do corpo da atriz para viver a personagem

"Uma coisa muito importante que eu gostaria de frisar sobre essa questão do corpo é que, geralmente, quando a gente fala sobre, isso é a chamada da matéria. Talvez não seja o seu caso, mas o que acontece aqui é que no Brasil um caso de estupro choca muito menos do que uma pessoa que emagrece, do que uma traição, do que esse tipo de coisas banais que a gente não precisa se preocupar. O corpo do outro é o corpo do outro, o que ele faz da vida dele, ele faz da vida dele. Agora o estupro precisa ser condenado, precisa ser denunciado, então tomara que a gente se preocupe mais com isso."

Alice Wegmann Globoplay Justiça 2

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