Jéssica Marques comemora representatividade em Justica 2: 'Me vi pensando em desistir'

Jéssica Marques, que interpreta a personagem Larissa na série Justiça 2, da Globoplay, está vivendo um momento promissor em sua carreira, mas nem sempre foi assim. Em entrevista à Contigo! a atriz baiana, que hoje vive em São Paulo, fala sobre carreira, dificuldades e a importância da representatividade negra no mundo artístico.

Aos 24 anos, a atriz que iniciou a carreira pela graduacão, conta que já quis ser nutricionista pensando em estabilidade financeira e que já trabalhou em outras áreas antes de conseguir se enxergar como atriz: “A gente sempre fala desse lugar, de como é difícil fazer arte, como é difícil se manter na arte. Você tem que fazer mil outras coisas para se manter nesse sonho, né? Eu me vi muitas vezes tentando e pensando em desistir, mas é aquilo que todo artista fala, quando você tem a veia pra arte ou quanto a arte te chama, você não consegue fazer outra coisa. Eu já tentei vários trabalhos que eu ficava sentada no computador, abrindo planilha e eu só pensava ‘eu quero fazer meu teatro, quero fazer minha cena’, então era viver nessa angústia de ‘eu quero, eu preciso viver de arte'." conta.

Para conquistar a sua personagem na série, Jéssica conta que fez todos os processos sozinha, antes de contar para a família, pois tinha medo de decepcionar: “Eu fiz tudo escondida, porque antes de receber esse trabalho em Justiça 2, eu já tinha sido aprovada em outro trabalho [que acabou não dando certo]. Então eu estava desestabilizada e pensando ‘poxa, se não der certo vai ser outra notícia ruim pra dar pra minha família’. E eu não estava em um momento muito bom, então eu fui pro Rio de Janeiro sem falar pra ninguém pra fazer o teste e depois que eu passei e o contrato já estava na minha mesa, aí eu falei pra minha família e pra todo mundo.” relembra.

Em Justiça 2, sua personagem, Larissa, é namorada do protagonista Balthazar, interpretado pelo ator Juan Paiva. Sobre a composição da personagem, Jéssica destaca a garra e a necessidade de fugir de estereótipos: “A comunidade negra sempre veio de um papel que era a escrava, a prostituta, sabe? Pessoas sempre em condições marginalizadas. E apesar de a Larissa ser uma pessoa pobre e periférica, ela tem uma visão de futuro, ela tem uma visão de prosperidade. Ela tem a empresa dela e é uma pessoa que se estabelece. Não é uma pessoa que está passando necessidade, ela tem esse poder de ir além.”

Apaixonada pelo audiovisual e deixando claro que busca acompanhar produtos que tenham o protagonismo negro, Jéssica se inspira em artistas como Viola Davis, Lupita Nyong’o, Zezé Motta e Lázaro Ramos, e sonha um dia poder atuar ao lado da sua grande inspiração brasileira, a atriz Taís Araujo: “Ela é a maior referência pra gente que é atriz, negra. Assim, de pensar em algum dia ter esse espaço de protagonismo. Então, pra mim, ela é exemplo.” ressalta.

Vivendo o início dos seus sonhos como atriz, a artista que vem servindo de inspiração pra que outras jovens negras encontrem portas abertas para o mundo artístico, deixa também um recado inspirador: “Eu não desisti. Não está sendo fácil, eu to morando em São Paulo, larguei minha família, então é uma tarefa muito árdua, muito cansativa, mas não desista dos seus sonhos, porque ele pode se tornar real. E pra gente que é pretinho, a luta é sempre muito constante, diária, mas pode ser possível, pode se tornar realidade, então não desista de você.”