Protagonista no cinema, Nanda Marques relembra quando ficou 'presa' fora do Brasil

Protagonista do longa Ninguém Sai Vivo Daqui, Nanda Marques destaca amizades e conquistas que acumula na trajetória. Em entrevista à Contigo! Novelas, a atriz relembra as primeiras vezes de sua vida pessoal e carreira. Confira a seguir.

A primeira vez que gravei um comercial...
Eu tinha 11 anos e era para uma marca de iogurtes. Nunca tinha feito nada do tipo, entrei na agência por meio de uma prima que estava estudando atuação e precisava fazer um material fotográfico. Ela soube que tinha desconto se levasse mais duas pessoas, então insistiu para que minha mãe topasse levar eu e minha irmã. Fizemos o material, nos agenciamos e então começaram os testes. Quando passei, nem acreditei que ia passar na TV! Não tinha ideia do que era um set de filmagem e me diverti muito. Foi lá que eu tive vontade de estudar atuação e procurar uma escola de teatro.

A primeira vez que morei sozinha...
Eu ganhei um curso, da Globo, de teatro, dentro do Projac, para jovens atores. Era 2016 e lá estava eu tendo minha primeira experiência morando sozinha. Aluguei um apartamento por três meses ali perto do Projac e me senti vinda de um vilarejo, porque meus amigos de turma eram todos muito descolados. As pessoas brincavam com o meu sotaque e manias, e como eu teria que atuar com eles, fui tentando neutralizar meus 'r' e 's', ensaiamos muito e, aos poucos, viramos grandes amigos, até hoje. Júlia Dalavia, Juliane Araújo e Jeniffer Dias são minhas melhores amigas. Temos um grupo enorme com todo o elenco, como a Bárbara Reis, Daniel Rangel, Hana, João Vitor Oliveira, Bruno Montaleone... São os amores da minha vida, um presente que a Globo proporcionou. Depois desse curso, minha vida mudou e eu mudei de vez para o Rio. Júlia Dalavia e Dani Rangel me emprestaram quartos, Juliane também, até eu encontrar um cantinho, em diversos bairros.

"Quando passei, nem acreditei que eu estaria na TV! Não tinha ideia do que era um set de filmagem. Foi lá que eu tive vontade de estudar atuação."

A primeira vez que viajei para fora do país...
Eu tinha 18 anos e havia juntado dinheiro dos meus trabalhinhos de atriz para comprar um carro. Desisti no segundo em que um amigo comentou sobre uma viagem para sete países que pretendia fazer. Ele estava tentando convencer um grupo de amigos e eu aceitei de cara. Na semana seguinte, compramos passagem, fechamos os hotéis e fomos pagando em suadas 12 parcelas. Na sexta parcela era a data de viajar e fomos nos aventurar nesses sete países/cidades em um mês (Roma, Paris, Londres, Amsterdã, Praga, Madri e Berlim). Foi incrível, apesar do pouco dinheiro, economizamos pegando transportes públicos, comendo em franquias baratas de hambúrguer e mesmo assim foi até hoje a melhor viagem da minha vida.

"Apesar do pouco dinheiro, economizamos com transporte e alimentação, e mesmo assim foi até hoje a melhor viagem da minha vida."

A primeira vez que fiz uma novela...
Acho que esse é o sonho de todo ator brasileiro, fazer sua primeira novela. Crescemos com essa cultura da televisão e esse formato de dramaturgia, então nada mais natural do que querer fazer algo que sua família e todo seu País amam. Eu bati na trave algumas vezes e quando finalmente fui aprovada para Um Lugar ao Sol veio a pandemia, e o medo que o sonho terminasse antes mesmo de começar. Estavam todos com muito empenho e fé de que tudo passaria logo, mas não passou, o audiovisual teve que se adaptar aos protocolos e lá fomos nós corajosos enfrentar e fazer nosso ofício. Não foi o contexto dos sonhos, mas a equipe fez de tudo para que ficássemos em segurança e nos sentíssemos bem, então eu pude realizar esse grande sonho, que abriu janelas para mais novos sonhos em relação à TV. Hoje em dia, não vejo a hora de fazer uma novela de novo, só que nos moldes normais, gravando e assistindo, tendo a chance de mudar segundo o retorno do público.

A primeira vez que fui a um festival internacional...
Gravei um filme chamado Ninguém Sai Vivo Daqui, que foi selecionado para o festival internacional de Tallinn, capital da Estônia, o Black Nights Film Festival, um dos festivais mais importantes do mundo. O festival se encarregou de pagar passagens e hotel, proporcionando o maior conforto possível. Nós tivemos a chance de concorrer ao prêmio de Melhor Filme e o privilégio de conhecer outra cultura, tão diferente da nossa. Uma coisa que me encantou foi o ritual ancestral que eles têm com saunas e mar. Fizemos um mergulho no mar no inverno, que estava extremamente gelado, e depois corremos para a sauna. Fizemos essa dinâmica três vezes e eu mal acredito que tive coragem. Esse longa ganhou prêmio na Itália e também abriu o Festival de Brasília, muitas experiências incríveis que esse trabalho me proporcionou.

"Não vejo a hora de fazer uma novela de novo, só que nos moldes normais, gravando e assistindo, tendo a chance de mudar segundo o retorno do público."

A primeira vez que fui protagonista...
Foi num filme independente chamado Nas Mãos de Quem Me Leva. O longa ganhou diversos prêmios, como em festivais pelo mundo, foi um grande presente que o diretor e ator João Côrtes e eu pudemos viver. As gravações fluíram com muito amor e respeito e, apesar da pouca verba, a equipe fez parecer uma produção como qualquer outra. Ele conduziu de forma generosa e com muito cuidado, pois sabia que era delicado para mim, ainda na época sem tantas vivências, experienciar esse lugar de protagonista. Eram muitas as responsabilidades, mas lidamos muito bem, e hoje ele é um dos meus grandes amigos da vida e do trabalho. Depois desse filme muitas portas se abriram.

A primeira vez que estreei no cinema...
Foi com o filme Ninguém Sai Vivo Daqui. A primeira pré-estreia foi em São Paulo e a segunda no Rio de Janeiro. O filme se encontra em cartaz no momento e foi muito especial porque toda a minha família e amigos estavam presentes, fiquei muito emocionada de poder dividir meu trabalho pela primeira vez numa telona com as pessoas que eu mais amo nessa vida. Foram duas noites muito especiais que vou guardar pra sempre no meu coração.

"Fiquei muito emocionada de poder dividir meu trabalho pela primeira vez numa telona com as pessoas que eu mais amo nessa vida!"

A primeira vez que fiquei 'presa' num país...
O festival de Tallinn já tinha acabado e eu aproveitei que já tínhamos a passagem de volta para o Brasil e pedi que deixassem uma semana a mais para que eu pudesse viajar para mais algum outro país. Comprei passagem para Portugal e visitei alguns amigos, a maior parte do tempo estava sozinha explorando a cidade, comendo e bebendo tudo que podia. Conheci muitos gringos e convivi com outros turistas. Foi incrível, fiz amizades e vivi um romance. Voltando de Portugal, eu precisava ir para Tallinn novamente para poder voltar ao Brasil, essa era a condição do festival para passagem, então o fiz. Para chegar a Tallinn tive que fazer escala na Finlândia (um país que nunca imaginei pisar!) e começou uma nevasca. Tivemos que ir para um hotel que a companhia ia pagar, mas eu perderia minha passagem de Tallinn para o Brasil pois não chegaria a tempo. Depois de chorar muito e pesquisar passagens, abri o Google Maps e vi que a Finlândia era muito próxima a Tallin, separadas por um pedacinho de mar, então tive a ideia de pesquisar barcos e encontrei uma balsa. Peguei um Uber e fui lá comprar meu bilhete, deu tudo certo e consegui chegar a Tallinn bem a tempo. Ufa!

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