Em entrevista à Contigo! Novelas, a atriz Carolina Chalita fala sobre novo espetáculo e celebra 20 anos de carreira
Daniel Palomares Publicado em 30/10/2024, às 22h30
Com monólogo Eu matei Sherazade, confissões de uma árabe em fúria, Carolina Chalita quer propor debate sobre emancipação feminina. Em entrevista à Contigo! Novelas, a artista dá mais detalhes do novo projeto e analisa transformações ao longo dos 20 anos de carreira.
Qual a importância de trazer esse projeto aos palcos em comemoração aos seus 20 anos de carreira?
Estar em um trabalho solo é como mergulhar no inconsciente, um território desconhecido em que o jogocênico se desenrola no risco. Eu adoro desafios, me lançar em novas experiências e redescobrir a mim mesma como pessoa e artista. Quando me deparei com o texto da Joumana Haddad, cuja escrita exalta a liberdade feminina como seu ponto de partida, a conexão foi imediata para toda a equipe. É um tema urgente – um grito que rompe fronteiras, ecoando do Oriente para o Ocidente, nos unindo e espelhando como mulheres.
Como o contato com esse texto influenciou sua visão sobre a experiência de ser mulher?
A Joumana nos apresenta um olhar revolucionário sobre o feminino, um espaço em que a mulher pode existir sem concessões. Ela defende o direito de sermos quem quisermos, sem precisar negociar nada em troca, em qualquer contexto. Seu texto expõe e denuncia a hipocrisia do controle masculino arraigado nas culturas patriarcais. É um verdadeiro “exorcismo”, uma libertação que convida as mulheres a criarem suas próprias histórias, rompendo com as amarras opressoras – como, por exemplo, a ridícula imposição do etarismo feminino.
Muito se fala sobre os avanços do feminismo, mas as mulheres ainda enfrentam desafios complexos. Como é ser mulher em 2024?
É uma luta constante para conquistarmos respeito sobre nossa própria vida. É preciso coragem para romper barreiras e construir algo novo. No entanto, o que vejo de mais inspirador é a formação de redes de apoio entre mulheres que querem – e já estão quebrando estigmas opressores. Questões como casamento, filhos e orientação sexual estão sendo reavaliadas – são caixas nas quais não cabemos mais, e estamos descobrindo novas formas de existir
A peça aborda paralelos entre as mulheres árabes e ocidentais. Como você vê essas semelhanças?
Vivemos todas inseridas em culturas patriarcais milenares, onde a violência, objetificação e controle sobre nosso corpo são armas usadas para suprimir nossa liberdade. Em qualquer parte do mundo, a covardia masculina diante da força da liberdade feminina é evidente. Mas cabe a nós quebrar essas correntes e mostrar que nossa grandeza independe deles.
Com 20 anos de carreira, você já passou por muitas experiências. O que ainda sonha em realizar?
Meu sonho é levar essa peça para os palcos ao redor do mundo.
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