Cristina Mullins vivia Maria Rita, a Santinha, e Kadu Moliterno dava vida ao filho do diabo, Zeca - Reprodução/Globo
Deu certo?

Globo criou novela com 'o filho do diabo' para combater sucesso popular do SBT há 42 anos

Enredo misturava realidade da vida rural com elementos supersticiosos e, devido à boa audiência, foi reaproveitado em outra novela da Globo

Bárbara Aguiar, sob a supervisão de Arthur Pazin Publicado em 23/08/2024, às 07h30

Em 23 de agosto de 1982, Paraíso estreava na Globo como a nova novela do renomado autor Benedito Ruy Barbosa e se apoiava no enredo romântico entre o "filho do diabo" e a "santinha" para bater de frente com programas de sucesso do SBT. 

A trama de Paraíso focava na vida rural e apresentava, também, certo contexto político ao colocar agricultores mais humildes e grandes proprietários de terras como personagens. Uma pesquisa do jornalista Nilson Xavier, do site Teledramaturgia, mostra que a novela chegou a criticar uma campanha do então presidente João Figueiredo, que na época buscava incentivar a agricultura com o slogan “Plante que o João garante”. 

O apelo ao sobrenatural com o enredo do diabo na garrafa, que, segundo o povo da cidade de Paraíso, conferia poderes únicos ao coronel Eleutério (Cláudio Corrêa e Castro), se deu pela necessidade da Globo em combater a popularidade dos programas do SBT.

Em entrevista ao Folha de S.Paulo, o autor explicou como surgiu a ideia da novela: “O SBT tinha um programa [O Povo na TV] em que valia tudo. Padre benzia e as pessoas colocavam em cima dos aparelhos de TV um copo d’água e bebiam depois, para curar até câncer".

Benedito afirmou que esse tipo de conteúdo começou a dar muita audiência para a concorrente e o superintendente da Globo, Boni, o chamou para ajudar a resolver a questão. "Eu falei: ‘Me deixa pensar um pouco'. Depois, fui falar com ele e disse: ‘O SBT está botando água em cima da televisão e falando que a água é benta por Nossa Senhora […]. Acho que, para combater aquela ave-maria, só mesmo um casamento do filho do diabo com a santinha’. E o Boni: ‘Está aprovada!'

O sucesso de Paraíso foi tanto que o autor voltou a usar o gancho do diabinho em Renascer, novela de 1993, onde o coronel do cacau José Inocêncio (Antônio Fagundes) possuía a mesma garrafa com o diabo. Além de inspirar outra obra de sucesso, Paraíso também ganhou um remake em 2009, com o texto atualizado por Edmara e Edilene Barbosa, filhas de Benedito.

Novela Globo Paraíso

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