Vera Fischer e Felipe Camargo em Mandala - Reprodução/Globo
Em 1987

Globo foi acusada de incesto ao levar tragédia grega para novela há 37 anos

Novela da Globo sofreu com censura e trama envolvendo clássico grego teve dificuldades para cativar o público

Bárbara Aguiar, sob a supervisão de Arthur Pazin Publicado em 12/10/2024, às 07h30

Em 12 de outubro de 1987, há 37 anos, a novela Mandala estreava no horário nobre da Globo. Baseada na tragédia grega Édipo Rei, escrita no século 5 a.C., a história mesclava dramas reais com um enredo envolvendo poderes paranormais, o que desagradou ao público. Assim como no clássico grego, mãe e filho se apaixonam sem saberem do parentesco, e Mandala acabou acusada de incesto, sofrendo com censura por tocar no tema.

Na época, como resgata o jornalista Nilson Xavier, do site Teledramaturgia, a trama de Dias Gomes passou por uma severa análise da Censura da Nova República, que inicialmente vetou a sinopse por considerar o enredo grego inapropriado para o horário nobre da televisão. Mandala falava sobre incesto, aborto, uso de drogas e bissexualidade, e a novela só foi liberada depois que a Globo se comprometeu a realizar mudanças.

Mesmo com a sinopse inicial aprovada, a trama não escapou de ser censurada novamente: a história trazia um relacionamento romântico entre Jocasta, interpretada por Vera Fisher, e Édipo, vivido por Felipe Camargo. Os personagens eram mãe e filho, mas não tinham conhecimento desse fato.

Quando chegou o momento do primeiro beijo de Jocasta e Édipo, o governo proibiu a exibição da cena, alegando que poderia gerar aborrecimento aos telespectadores por ser agressiva. Posteriormente, como o parentesco era desconhecido pelos personagens, a cena foi liberada.

Ao todo, a novela passou pelas mãos de três autores: Dias Gomes, que iniciou a trama e precisou ser afastado por condições de saúde, Marcílio Moraes, que ficou responsável por seguir com o trabalho de Gomes, e Lauro César Muniz, que trabalhou nos capítulos finais de Mandala.

No livro Biografia da Televisão Brasileira, Marcílio falou sobre o trabalho na novela: "Fomos censurados e os autores acompanharam de perto todas as dificuldades para adaptar o texto cortado", reclamou.

Apesar dos desafios, a novela fez sucesso pelos personagens Argemiro (Carlos Augusto Strazzer) e o bicheiro Tony Carrado (Nuno Leal Maia), que cativam o público pelas interpretações memoráveis, no caso de Nuno, muito cômica.

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