Personagem de Débora Duarte se envolvia com Tarcísio Meira em Coração Alado - Reprodução/Globo
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Há 44 anos, Globo estreou novela com primeira masturbação da TV

Trama da Globo enfrentou desafios para conquistar público e chocou com cenas pesadas e polêmica masturbação feminina

Bárbara Aguiar, sob a supervisão de Arthur Pazin Publicado em 13/08/2024, às 15h36

Coração Alado ficou marcada na história da Globo como uma das novelas mais polêmicas da renomada autora Janete Clair. A obra estreou na telinha em 11 de agosto de 1980, no horário das oito, e não foi bem recebida pelo público, principalmente pelo enredo infeliz que cercava os personagens principais. Mesmo com as críticas, a autora arriscou e fez da novela um marco ao apresentar a primeira masturbação da televisão brasileira.

Por si só um evento já polêmico, a cena era de uma masturbação feminina, o que potencializou ainda mais a repercussão. Na época, como tantas outras coisas relacionadas à liberdade feminina, o tema era um tabu que vinha sendo debatido com o feminismo, movimento em alta na sociedade dos anos 1980.

A cena tinha como protagonista a personagem Catucha, de Débora Duarte, que recorria à estimulação sexual para matar as saudades do ex-marido. Janete Clair fez questão de que o momento fosse forte e sexual, portanto, pediu ao diretor Roberto Talma que as expressões da atriz fossem capturadas em ângulos distintos. O prazer de Catucha estirada em uma cadeira, com o detalhe dos pés fazendo pequenos movimentos circulares, invadiu milhões de lares brasileiros.

O site Memória Globo afirma, ainda, que a cena foi para o ar com um áudio vazado do diretor, que orientava a atriz sobre os movimentos e expressões, o que causou um furor ainda maior no público mais conservador.

Apesar das reprimendas, Coração Alado foi uma das obras mais feministas de Janete Clair. A autora aproveitou o espaço da novela para debater temas como estrupo, feminicídio, prazer feminino, liberdade e direitos das mulheres, indo em contraponto ao machismo e misoginia vigente.

O primeiro caso de feminicídio retratado na novela foi o da personagem Silvana (Bárbara Fazio), assassinada pelo marido, Alberto Karany (Walmor Chagas). O personagem de Walmor foi absolvido no final da novela, pela justificativa de legítima defesa da honra, trama que Janete trouxe à tona para referenciar um caso real de 1979, quando o empresário Doca Street, acusado do assassinato de sua namorada Ângela Diniz, conquistou a liberdade.

No desfecho da novela, a autora critica o resultado do julgamento de Doca Street através da voz de uma repórter na cena em que Karany sai impune: "Trata-se de mais uma absolvição vergonhosa! Vocês matam e invocam a lei, a justiça e a moral, enquanto nós, as mulheres, ficamos sem a proteção da lei e da justiça".

O outro caso de feminicídio também aconteceu no desfecho da novela, o que reforçou a narrativa crítica de trama densa e infeliz. Enquanto Karany era posto em liberdade, Catucha é confundida com Aldeneide (Simone Carvalho), ex-mulher de Gamela (Armando Bógus), e morta pelo personagem.

A repercussão do caso Doca Street na vida real foi grande, com milhares de pessoas indo às ruas protestar contra a decisão e exigindo um novo veredito para o acusado, que acabou julgado novamente, em 1981, e condenado a 15 anos de prisão.

Globo Janete Clair Coração Alado

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