Chamada de Dinheiro Vivo destacava a participação dos personagens em game show - Divulgação
Em 1979

Há 45 anos, Tupi estreou novela polêmica recusada pela Globo

Em plena Ditadura Militar, Globo negou novela que abordava os problemas sociais causados pelo regime no país e a obra foi desenvolvida pela TV Tupi

Bárbara Aguiar, sob a supervisão de Arthur Pazin Publicado em 06/08/2024, às 07h30

Em 6 de agosto de 1979, a emissora pioneira do Brasil, TV Tupi, estreava Dinheiro Vivo, obra de Mário Prata recusada pela Globo por abordar tema polêmico para a época. Na obra, o autor usou a história de Flávia (Márcia Maria) e Zé Márcio/Guto (Ênio Gonçalves) para explorar a violência e perseguição contra vários grupos sociais durante a Ditadura Militar.

O palco central da novela era o game show fictício Três Milhões de Cruzeiros, apresentado na obra por Douglas Fabiani (Luiz Armando Queiroz). Entre os participantes do programa, estava Zé Márcio Garcia de Oliveira, um ex-seminarista que concorria pelo prêmio respondendo a perguntas sobre o Papa João XXIII. O programa, sucesso da TV, era visto por Flávia, que reconhece no candidato ao prêmio máximo seu ex-namorado Guto, dado como morto após uma caçada realizada na Via Dutra contra estudantes que participavam de movimentos estudantis.

Prestes a se casar com Eduardo (Flávio Galvão), Flávia fica atordoada e começa a pensar na possibilidade de o falecido namorado ter sobrevivido e ser o ex-seminarista Zé Márcio.

A metalinguagem da TV

A trama de Mário Prada tinha semelhanças criativas com Espelho Mágico, novela de Lauro César Muniz exibida pela Globo em 1977. Em Espelho Mágico, o autor apresentava a produção e o cotidiano de atores em uma novela, além da exibição de capítulos para a obra fictícia, como enredo principal. Em Dinheiro Vivo, Prada também exibia todo o processo de construção do game show, da produção até a exibição.

Assim como sua sucessora na exploração da metalinguagem, que não foi bem recebida e compreendida pelo público, Dinheiro Vivo enfrentou problemas para conquistar a audiência: o primeiro deles era que a novela concorria diretamente com o grande sucesso Marron Glacé, obra da Globo lançada no mesmo dia e horário que a trama da Tupi. O segundo grande desafio foi que a emissora estava em processo de falência, o que prejudicou consideravelmente várias obras da grade. 

Apesar de não vingar com o público, a trama de Mário Prada lançou ao estrelato grandes nomes da teledramaturgia brasileira, como Maitê Proença, Cristina Pereira e Imara Reis. Na história, Maitê dava vida à ingênua Joaninha, que respondia perguntas sobre o cantor Roberto Carlos na busca pelo prêmio máximo do game show e terminou com tanto sucesso que passou a apresentá-lo com Douglas Fabiani.

Além de Joaninha e Zé Márcio Garcia de Oliveira, os outros concorrentes pelo prêmio eram o Dr. Leonardo Pacheco (Sérgio Mamberti), com perguntas sobre Marilyn Monroe; Garapa (Cristina Pereira), com perguntas sobre o Corinthians; Luiz Roberto Galvão (Henrique Lisboa), com perguntas sobre o Conde Drácula; e Amanda Xavier (Annamaria Dias), com perguntas sobre a Estação Primeira de Mangueira.

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