Reginaldo Faria e Jece Valadão disputavam coração de Adriana Prieto - Divulgação
Fim da pioneira

Há 52 anos, novela da Tupi estreava em meio a crise nos bastidores e salário atrasado

Pioneira no mercado televisivo brasileiro, TV Tupi passou por crise administrativa que afetou atores, produtores e inúmeras novelas da grade

Bárbara Aguiar, sob a supervisão de Arthur Pazin Publicado em 07/08/2024, às 07h30

Em 7 de agosto de 1972, a TV Tupi estreava Tempo de Viver, novela de Péricles Leal que ficou marcada por problemas da emissora, como salários atrasados, demissões de funcionários e divergências entre as transmissoras do Rio de Janeiro e São Paulo. 

A novela acompanhava o desenrolar da história de Juca (Reginaldo Faria), um nordestino comprometido com uma moça do subúrbio do Rio que acaba se apaixonando por uma ricaça de Ipanema chamada Lúcia (Adriana Prieto), e, paralelamente, a trama de Jacinto (Zanoni Ferrite), um palhaço de circo que trabalha ao lado de um mágico e da trapezista Maria Helena (Myrian Pérsia).

Tempo de Viver foi uma produção da TV Tupi carioca, e, por essa razão, também estreou primeiro no Rio de Janeiro. Em São Paulo, a obra foi exibida pela primeira vez pela TV Gazeta em novembro de 1972. Com exceção das emissoras de São Paulo, outros canais que faziam parte das Emissoras Associadas transmitiram a novela.

Crise na TV Tupi

O motivo para a não exibição de Tempo de Viver pelas Associadas em São Paulo foi a divergência administrativa entre as duas grandes fontes de conteúdo da rede Tupi. Oito anos antes da emissora paulista se negar a transmitir a produção carioca, a Tupi do Rio de Janeiro se negou a reproduzir a novela O Direito de Nascer, obra totalmente feita pela rede paulista. Na época, a novela de São Paulo precisou ser exibida pela TV Rio.

Além das questões administrativas, a trama de Péricles Leal foi prejudicada pelo péssimo momento financeiro da pioneira brasileira. Logo na estreia da novela, a produção enfrentou uma severa crise nos bastidores por falta de condições técnicas: a emissora não tinha equipamentos e estúdios suficientes para a gravação. 

Pelas péssimas condições, 70% dos primeiros vinte e cinco capítulos de Tempo de Viver precisaram ser regravados. Além da lentidão para a obra engatar, o diretor Marlos Andreucci foi demitido e temporariamente substituído pelo autor da trama, Péricles Leal. A substituição, que prejudicou o ritmo da novela, foi feita mais uma vez, com o ator Jece Valadão — que interpretava o misterioso Anjo da trama — assumindo o papel de diretor, o que atrasou ainda mais o ritmo de trabalho.

Em paralelo aos problemas com a produção, os salários do elenco principal, na época 30.000 cruzeiros para Jece e 15.000 para Adriana Prieto, e os gastos com aluguel de figurões da emissora, geraram revolta e reclamações dos funcionários da Tupi, que sofriam frequentemente com atraso de salário. Os trabalhadores chegaram a entrar na Justiça para conquistar o pagamento que, na época, estava parado há quatro meses.

A emissora encerrou suas atividades e deixou algumas novelas inacabadas ou no papel em julho de 1980, 8 anos depois da estreia de Tempo de Viver.

TV Tupi Tupi Tempo de Viver

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