Em entrevista à Contigo!, Christiana Guinle revela como surgiu a peça e abre o coração sobre desejo de retornar à TV
Paulo Henrique Lima Publicado em 05/03/2024, às 08h30
Christiana Guinle (57) se prepara para estrelar mais uma temporada do espetáculo Gênero: Livre, com direção de Ernesto Piccolo e texto de Pedro Henrique Lopes. Longe das novelas desde uma participação em Boogie Oogie, em 2014, a atriz estará em cartaz de 16 a 31 de março na Sala Eletroacústica aos sábados e domingos, às 20h e 19h.
"É um espetáculo que além de proporcionar diversão, também te leva a refletir bastante. Ele te provoca um pensamento mais profundo sobre as questões de gênero, sobre orientação sexual, sobre o empoderamento feminino. Como as mulheres vivem hoje em comparação a como viviam, por exemplo, em 1950. Provoca também uma reflexão sobre todos os preconceitos arraigados na sociedade", revela em entrevista à Contigo.
A atriz destaca que o espetáculo é uma obra que representa a comunidade LGBTQIAP+, mas que também é recomendada para todas as pessoas que não fazem parte da comunidade.
"É um espetáculo variado, cheio de premissas que vão desde o começo da minha história até a história de todos, todas e todes. Durante minha juventude, eu não tinha muitas referências de pessoas que se identificassem como fluidas. No máximo, tinham as pessoas andróginas. Eu sempre tentava entender minha própria identidade e isso me torturava. Então, quando me descobri fluida, foi libertadoramente perturbador", relata.
Guinle destaca ter contado toda a sua história para que Pedro criasse o monólogo. O objetivo é alcançar o máximo de público e provocar reflexão na sociedade sobre o tema gênero fluído.
"A nossa ideia é de fato provocar uma reflexão sobre como estamos vivendo hoje e sobre a forma que estamos nos relacionando uns com os outros. É um espetáculo que provoca um questionamento sobre o porquê das pessoas não respeitarem as diferenças. Quando foi que nos tornamos tão preocupados com a vida do outro? Onde foi que paramos no caminho da evolução e nos tornamos tão moralistas e, às vezes até insanos? E esse espetáculo trata muito sobre isso", diz.
Longe das novelas desde 2014 após uma participação na novela Boogie Oogie, Christiana Guinle aguarda convites dos autores.
"Claro! Tenho sim e muita [vontade]. E acho que tenho muito material para oferecer à dramaturgia. Por ser uma pessoa fluida, me encaixo facilmente no papel de homem, de mulher, trans, travesti, ou o que for. Porque na realidade, o corpo do ator, é fluído", avisa.
A atriz revela guardar boas amizades da época da novela e relembra seu trabalho. "Trabalhar em Boogie Oogie foi o máximo. Rui Vilhena, que foi o autor, escreveu para mim um papel especialíssimo, que ninguém acreditava que eu pudesse fazer. Porque as pessoas sempre me viam como aquela pessoa riquinha, ‘patricinha’... e eu consegui fazer uma enfermeira bêbada, pobre, que ainda por cima raptava bebês, trocava bebês, fazia chantagens... Então para mim grande presente. Um ganho enorme! Sou apaixonada por essa novela até hoje. Trago amizades com muitos, como a Deborah Secco, que é muito minha amiga! Entre outros... Fazer Boogie Oogie foi um marco na minha vida. E amei!", conclui.
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