''O laser da resistência negra há de curar a vista dos atingidos pela mazela da ignorância'', disse ela
Redação Contigo! Publicado em 08/04/2019, às 14h05 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h46
A cantora Anelis Assumpção, que está em alta após o lançamento do elogiado álbum Taurina, fez uma reflexão após o fim do festival Lollapalooza, que reuniu centenas de milhares de pessoas em três dias de apresentações.
Após o show apoteotico do rapper Kendrick Lamar, ela desabafou.
"Kendrick Lamar chega com uma banda mínimal estrategicamente localizada nos cantos e um imenso telão com imagens em altíssima definição que desenhavam um palco onde ele solava calmo. A negritude inteligente vai ocupando altos lugares de reconhecimento. O ingresso caríssimo garantia ali uma vastidão branca e totalmente dominada por um único homem que fala sobre ser negro em 99% de suas letras. E ser negro nos Estados Unidos pode até ser diferente do que no Brasil, mas a identificação imediata com o discurso de opressão e racismo se garantem naqueles que carregam, em qualquer lugar do mundo, este DNA", afirmou.
Ela seguiu refletindo sobre as atitudes do cantor. "De uma audácia interessante, Kendrik não permitiu fotógrafos e nem que fosse transmitido ao vivo.
Pausado. Calmo. Sem grandes picos de euforia. Quente e importante. Se o patrocinador do festival é uma marca de esportes, ele chega com as roupas do concorrente. Acho graça. A negritude quer dizer como é que vai funcionar o seu festival, porque a garantia do entretenimento não pode mais mais ser determinada pelas diretrizes brancas", acrescentou.
Anelis, que é filha de Itamar Assumpção, um dos grandes nomes da história da música brasileira, seguiu fazendo críticas.
"Porém, nota-se que as coisas mudam lentamente. Ingresso caríssimo. Remuneração com base em trabalho escravo contratando equipes de pessoas em situação de risco a cinquenta reais por doze horas de trabalho. Seguranças chamando negros de macacos. Family and Friends (de quem?) aproveitando do seu apanágio num lounge com fogueirinhas, famosinhos e bebidinhas. Para que o sistema mude, não basta que a branquitude entoe em voz alta as letras de um anti herói americano.O movimento é prolixo e constante e requer a consciência dos privilegiados. Enquanto nos emocionávamos nesse grande espiral de hits, mais de oitenta disparos contra um carro que levava uma familia a um cha de bebê no rio de janeiro, garantiu a morte de Evaldo. Músico e segurança. Negro", disse.
Ao fim, ela pediu consciência do público que estava ali presente. "A imunidade caucasiana secular cega a sociedade. Uma catarata avançada atinge os olhos de quem não quer ver que se vive uma guerra cruel e silenciosa no Brasil guiada pelo racismo. O laser da resistência negra há de curar a vista dos atingidos pela mazela da ignorância. A negritude em voga é o antídoto. Brancos, se toquem", pediu ela.
A publicação fez sucesso e nomes como Maria Gadu e Preta Gil elogiaram a atitude da cantora.
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