Juliana Paes dá vida a protagonista Liana, na série Pedaço de Mim, da Netflix - Divulgação/Marcos Serra Lima/ NETFLIX
PROTAGONISTA

Juliana Paes confessa que Pedaço de Mim mexeu com ela: 'Tentei colocar na Liana'

Em entrevista à Contigo! Novelas, a atriz Juliana Paes revela o que a motivou a aceitar fazer a série e conta como a história mexeu com ela como mulher e mãe

Fernanda Chaves Publicado em 15/08/2024, às 10h00

Protagonista do primeiro melodrama nacional da Netflix, Juliana Paes revela o que a motivou a aceitar fazer a série Pedaço de Mim e conta como a história mexeu com ela como mulher e como mãe. A artista ainda defende a importância de falar de temas como violência sexual e aborto. 

O que te fez aceitar esse trabalho? 

Acho que tudo, a história, essa temática, porque, no final das contas, o artista quer é provocar o público,
provocar conversas, reflexões. Um grande tesão do ator é colocar alguma coisa no ar, uma peça, um filme, uma série e que as pessoas sentem numa mesa de bar e falem sobre, reflitam e nesse sentido a série é o sonho de toda atriz. Esse debate sobre violência doméstica, violência sexual, o papel da mulher, o machismo, a questão do aborto, tudo isso está sendo tão falado, então não podia haver uma coincidência mais feliz de a gente colocar um produto em debate num momento como esse. Somar a esses debates, somar à luta das mulheres é tudo que a gente quer.

A Liana vive um caso raro, uma superfecundação heteroparental. Ela engravida de dois homens ao mesmo tempo. Como você criou essa personagem?

Foi tudo muito trabalhoso e delicado. A Angela me deu uma personagem que eu não tinha muito com
o que comparar. Cadê minhas referências? Como é que é estar grávida de gêmeos de pais diferentes?
Que emoção é essa? Não tinha muito material de pesquisa, é tudo muito novo. Se a gente for parar
para pensar, o DNA é uma coisa nova, então você saber de antemão que está grávida de filhos de pais
diferentes é novo também.

Ainda mais sendo um deles consequência de uma violência sexual...

Ainda tem esse componente, então todas as pitadas de dor que uma mulher pode viver, a Liana experimentou. Foi o desejo frustrado de ser mãe do jeito que ela imaginou, tendo um marido ali companheiro, teve uma traição, depois o abuso, que eu acho que é a parte mais complicada da história dela e acho que é a parte que a gente mais teve a felicidade de tratar com delicadeza. A gente debateu muito isso antes de fazer as cenas, a gente queria deixar claro como o processo de entendimento do abuso demora a se concretizar na cabeça da mulher. A intenção era deixar o caminho da dúvida e o caminho da culpa e da dor. Pera aí, o que aconteceu comigo? Mas eu que fui para a boate, eu que me deixei levar. Até que ponto eu entendo que isso foi um abuso? É um processo que demora, não é simples. E quando a gente vê os casos de fora, independentemente se tem superfecundação
ou não, a gente julga, eu já questionei, todo mundo já questionou de alguma maneira. As pessoas demoram para entender e isso foi delicado pra gente de contar, delicado na hora de editar, porque a gente não queria entregar de cara se ela tinha compreendido ou não. Não quero dar spoilers, mas foi muito importante para mim ter contado a história com essa sensibilidade.

Como você saía de cena?

Exausta! Foi um dos trabalhos em que eu mais me vi com dificuldade de me reabilitar para o dia seguinte, porque o volume de trabalho é grande no streaming, é o mesmo volume do cinema, só que o cinema acaba sendo um tiro mais curto, você às vezes passa três meses e a gente tem um produto aqui de 17 episódios, com quase 50 minutos de duração cada, então ficamos seis meses envolvidos, foi muito cansativo. E, às vezes, o tempo que eu tinha de descanso, eu não conseguia me recuperar fisicamente e emocionalmente também. Às vezes, eu chegava no dia seguinte para filmar ainda muito mexida com as cenas anteriores, então a minha grande dificuldade era limpar a cabeça e o corpo do que a gente tinha feito no dia anterior para começar um novo dia de filmagem.

A história mostra situações que infelizmente são muito reais. O que é ser mulher no Brasil hoje?

Ser mulher no Brasil é cansativo que nem foi nas filmagens. É cansativo porque não é só a luta, é ter que ficar explicando ela também, ter que ficar justificando o tempo todo. Às vezes, você se pega numa roda de conversa de amigos. ‘Ah, mas por quê?’ ‘É por causa disso e daquilo.’ É desgastante ter que desenhar o óbvio e o Brasil é um país que a gente tem que ficar explicando o óbvio e isso cansa muito.

Mexeu como mãe com você também?

Por mais que a gente tente se descolar dos personagens, para que eles tenham um corpo, características, pensamentos diferentes dos nossos, é inevitável ao mesmo tempo não trazer as nossas próprias experiências para a vivência dos personagens. Então é claro que eu imaginei: Se um dos meus filhos não fosse fruto do homem que eu amo, de quem eu escolhi, será que eu conseguiria amá-lo igual? Será que eu conseguiria me comportar igual? Será que em algum momento eu esqueceria completamente essa diferença entre eles?”. E foi isso que tentei colocar na Liana. Acho que nada é preto no branco na vida e nem nessa situação. Existem momentos em que ela olhava para aqueles meninos e via os filhos dela, mas existiam momentos em que ela olhou para aqueles dois meninos e pensou que um deles, em algum momento, ela não quis. Porque ele ser fruto de um abuso em algum momento eu acho que ela sublimou, mas o fato de ela, em algum momento, ter rejeitado ficou como uma dor, como uma névoa, pelo menos essa é a minha leitura da personagem e acho que é o mais bonito em Pedaço de Mim e na Liana, é deixar espaço para que o público faça suas próprias reflexões.

Juliana Paes atriz série 'Pedaço de Mim' 'Juliana Paes'

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